A inflação está correndo à solta pelo mundo e nem o Japão conseguiu escapar. Não que ele estivesse tentando.
Em abril, o custo de vida em Tóquio cresceu em ritmo acelerado e, pela primeira vez em sete anos, o índice de preços ao consumidor aproximou-se de 2%, que é a meta do Banco Central do país, o BoJ.
O Japão finalmente está enfrentando inflação, o que foi buscado por décadas pela autoridade monetária do país. Entretanto, a alta dos preços decorre do aumento dos custos de importação - e não do aumento da demanda interna, que o BoJ há décadas tenta reanimar.
Na expectativa do BoJ, a meta de inflação em 2% causaria um “ciclo virtuoso” entre o aumento conjunto da demanda interna e os salários, o que não vem acontecendo. Ou seja, ainda não é hora de comemorar.
De onde vem a inflação do Japão?
O índice de preços ao consumidor avançou 1,9% em abril, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados divulgados na última sexta-feira (20). O crescimento da taxa foi impulsionado pela alta dos preços dos alimentos e do setor energético.
Sem eles, ou seja, excluindo os preços dos alimentos e da energia, o índice de preços ao consumidor em Tóquio subiu apenas 0,9% em comparação com maio de 2021.
Para especialistas ouvidos pela CNBC, o país está vivenciando uma inflação ruim, já que os preços estão subindo, mas os salários não acompanham o movimento.
Como o BoJ deve resolver?
O Japão não é o único país que está vivenciando um aumento no custo de vida. As principais economias do planeta, como EUA e Reino Unido, também enfrentam a alta dos preços resultantes da crise gerada pela pandemia de covid-19 e agravada pela guerra na Ucrânia.
Mas, na contramão do aperto monetário promovido por outros Bancos Centrais, o BoJ continua adotando uma política monetária ultra frouxa, mantendo os juros em território.
E isso tem uma explicação. Sem inflação, é difícil que uma economia cresça, já que o país vivencia décadas de deflação e baixo consumo.
No primeiro trimestre deste ano, o PIB do Japão caiu 0,2%, o que gerou preocupações sobre uma retração prolongada e o medo da estagflação ‒ baixo crescimento e alta da inflação.
Num prazo relativamente curto, a soma de todos os fatores econômicos à manutenção do alívio monetária pode contribuir para um acentuado enfraquecimento do iene em relação ao dólar ainda neste ano.
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*Com informações da CNBC e da Reuters