Uma das imagens projetadas pelos Estados Unidos mundo afora é a de país da livre concorrência. Quando o assunto é golfe, porém, a Associação Profissional de Golfistas dos EUA (PGA, na sigla em inglês) desafia essa percepção.
Organizadora do PGA Tour, o principal circuito de golfe dos Estados Unidos, a associação resolveu banir os golfistas que aceitaram disputar paralelamente a recém-criada LIV Golf, uma liga concorrente.
Agora, jogadores históricos como Phil Mickelson e Bryson DeChambeau e mais nove participantes suspensos do PGA Tour por participarem de eventos da LIV Golf declararam guerra à associação. Eles estão movendo um processo antitruste contra a PGA, informa a ESPN.
Golfistas buscam efeito suspensivo
E enquanto a justiça norte-americana analisa a denúncia de formação de cartel contra associação, três dos 11 golfistas envolvidos no processo entraram com outra ação coletiva contra a PGA.
Talor Gooch, Hudson Swafford e Matt Jones buscam um efeito suspensivo para garantirem o direito de competir nos playoffs da FedEx Cup, que faz parte do circuito da PGA.
"A punição a esses jogadores por não poderem jogar as finais da FedEx Cup resulta em perdas substanciais e irreparáveis", argumentam os advogados do trio ranqueado para os playoffs.
Além dos cinco golfistas já citados até aqui, Carlos Ortiz, Ian Poulter, Peter Uihlein, Jason Kokrak, Pat Perez e Abraham Ancer completam o rol de autores do processo antitruste, segundo a reportagem da ESPN.
Entretanto, mais de duas dúzias de jogadores, incluindo campeões como Dustin Johnson, Brooks Koepka, Patrick Reed e Sergio Garcia, foram suspensos do PGA Tour por competirem em eventos LIV. Johnson e Garcia inclusive renunciaram à PGA.
Apenas a título de comparação, já que o golfe não é nada popular por aqui, é como se a Football Association (a CBF da Inglaterra) punisse os clubes por jogarem a Premier League. Ou se a Confederação Brasileira de Futsal banisse de suas competições os times da LNF, a liga nacional da modalidade.
O jogo pesado da PGA, a principal liga de golfe dos EUA
A denúncia dos golfistas expõe um jogo pesadíssimo da PGA para impedir o florescimento da LIV Golf, fundada no ano passado com a pretensão de se estabelecer como uma espécie de superliga da modalidade nos Estados Unidos.
“Como parte de seu plano cuidadosamente orquestrado para derrotar a concorrência, o PGA Tour ameaçou com suspensão vitalícia os golfistas que participassem de qualquer evento da LIV Golf”, dizem os autores do processo.
Mas a denúncia vai além. Segundo a ação, a PGA “ameaçou patrocinadores, fornecedores e agentes na tentativa de coagir os jogadores a abrirem mão das oportunidades de participação em eventos do LIV Golf”.
Quem tem razão?
A PGA não se manifestou publicamente sobre o assunto. Num memorando interno, porém, a associação equipara os golfistas suspensos a aproveitadores baratos.
"É uma tentativa de usar a plataforma TOUR para autopromoção e tirar proveito de seus benefícios e esforços. Permitir a reentrada em nossos eventos compromete o Tour e a competição, em detrimento de nossa organização, nossos jogadores, nossos parceiros e nossos fãs”, prossegue o memorando, também obtido pela ESPN.
Especialistas na modalidade qualificam a LIV Golf como a primeira iniciativa em décadas a realmente desafiar a hegemonia do PGA Tour.
Quem está com a razão? Os tribunais vão decidir.