Algo recitado por 10 entre 10 economistas é que os EUA devem passar por uma recessão nos próximos meses. Inclusive, uma semana atrás, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do país já anunciaram uma recessão técnica — ou seja, dois trimestres consecutivos de queda da economia.
E, nesta quinta-feira (4), o ex-secretário do Tesouro americano Lawrence Summers reforçou esse prognóstico à plateia da Expert XP 2022. “Eu posso estar errado, mas estou consideravelmente confiante de que teremos uma recessão dentro dos próximos 18 meses”, disse o economista.
A dúvida que resta é o que o Federal Reserve (Fed) vai precisar fazer para gerar essa recessão. Quão alto os juros têm de subir — e por quanto tempo?
Summers criticou os posicionamentos recentes do chefe do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, classificando-os como “analiticamente indefensáveis”. Vale lembrar que, na semana passada, Powell disse que o aperto mais recente da política monetária havia levado os juros para o patamar neutro.
“Fiquei muito surpreso quando ouvi o Powell dizer isso”, afirmou Summers.
Summers e os EUA: ceticismo com o Fed
O ex-secretário do Tesouro dos EUA também ironizou a confiança do Fed de que será possível eliminar a inflação sem aumentar os juros acima de 3 ou 4% ao ano.
“Vi que teremos o privilégio de estar com a Serena Williams mais tarde. Eu tenho confiança de que vou jogar uma partida de tênis com ela e que vou vencer em três games. Posso acreditar nisso, mas não é uma crença baseada na realidade”, disse Summers, arrancando risos da plateia.
O economista ainda fez críticas sobre a agenda progressista do Fed ao longo de 2020 e 2021, quando o banco central se posicionava mais sobre meio ambiente e distribuição de riqueza.
“Falavam sobre tudo, exceto sobre a estabilidade de preços. A partir de novembro do ano passado, o tom mudou para ‘por favor, Deus, não deixe que sejamos lembrados como o pessoal dos anos 1970’”, disse Summers, fazendo referência ao último período que os EUA viveram de descontrole da inflação.
Segundo o economista, há algumas décadas havia a esperança de que a América Latina fosse se tornar mais parecida com a América do Norte. Mas, de acordo com o economista aconteceu justamente o contrário: a América do Norte ficou mais parecida com a América Latina.