Enquanto os usuários discutem se a compra do Twitter por Elon Musk será boa, ruim ou não vai mudar nada na vida de ninguém, o bilionário vai se familiarizando cada vez mais com a encrenca que foi se arrumar.
E faz questão de tornar público quase em tempo real cada novo capítulo dessa novela à medida em que busca meios e tempo para barganhar os valores de sua oferta original.
Depois de não conseguir indicadores mais claros sobre o número de contas falsas e spams na rede social, o homem mais rico do mundo suspendeu o andamento da transação até que o Twitter abra os dados.
Entenda a divergência entre Elon Musk e o Twitter
No início de maio, o Twitter divulgou ao mercado dados segundo os quais menos de 5% de seus usuários ativos diários monetizáveis - os chamados mDAUs - eram contas falsas ou spams ao fim do primeiro trimestre de 2022.
Na semana passada, Musk afirmou que a negociação estava temporariamente suspensa, mas não havia desistido do negócio.
O bilionário cismou que cerca de 20% das contas no Twitter são de usuários falsos ou spam. Ainda segundo ele, o número poderia ser maior.
"Minha oferta foi baseada na precisão dos registros da SEC do Twitter", escreveu Musk em sua conta na rede social na manhã de hoje.
“Ontem, o CEO do Twitter se recusou publicamente a mostrar prova de <5%. Este acordo não pode avançar até que isso aconteça.”
As ações do Twitter caíam mais de 2% no pré-mercado hoje. Desde a proposta de Musk, no fim de abril, a rede social já perdeu quase 30% de seu valor de mercado.
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O que diz o Twitter
Horas antes da nova investida de Musk, o CEO do Twitter, Parag Agrawal, publicou um longo fio sobre sobre spams na rede social.
Agrawal explicou que as estimativas apresentadas pelo Twitter baseiam-se em análises humanas de milhares de contas monitoradas aleatoriamente ao longo do tempo.
Ele disse que não é possível para grupos externos calcularem o número exato de contas de spam na plataforma. Isto porque o cálculo requer informações públicas e privadas que o Twitter não pode compartilhar.
“Externamente, nem é possível saber quais contas são contadas como mDAUs em um determinado dia”, disse ele.
Análise de Musk é deficiente, dizem especialistas
Musk afirma que sua equipe está realizando uma análise paralela do número de contas falsas na plataforma.
Entretanto, especialistas em mídia social, desinformação e análise estatística dizem que a abordagem sugerida pelo bilionário é deficiente.
“Para descobrir, minha equipe fará uma amostra aleatória de 100 seguidores do @twitter”, tuitou Musk na sexta-feira. “Convido outras pessoas a repetirem o mesmo processo e ver o que descobrem.”
E acrescentou: “Escolha qualquer conta com muitos seguidores” e “Ignore os primeiros 1.000 seguidores, depois escolha a cada 10. Estou aberto a ideias melhores.”
Musk também disse, sem fornecer evidências, que escolheu 100 como o número do tamanho da amostra para seu estudo porque esse é o número que o Twitter usa para calcular os números em seus balanços.
Carl T. Bergstrom, professor da Universidade de Washington e especialista em análise de dados online, disse à CNBC que a amostragem proposta por Elon Musk não deve servir como “due diligence” para uma aquisição de US$ 44 bilhões.
Já o cofundador do Facebook, Dustin Moskovitz, avaliou que a abordagem de Musk não é realmente aleatória, pois usa uma amostra muito pequena e deixa espaço para erros em cascata.
Por que Elon Musk está agindo assim?
Analistas de mercado consideram que o bilionário está em busca de meios para baixar o valora ser pago pela rede social.
Ele ofereceu US$ 44 bilhões pelo Twitter, mas as ações da empresa despencaram desde que sua proposta foi anunciada.
“Os comentários recentes de Elon Musk sugerem que ele está tentando negociar um preço de oferta mais baixo”, escreveram os analistas Brent Thill e James Heaney, da Jefferies.
“Acreditamos que Musk esteja usando sua investigação sobre o porcentual de contas falsas do TWTR como desculpa para pagar menos que os US$ 54,20 por ação oferecidos”, prosseguiram eles.
TWTR encerrou a sessão de ontem em Nova York a US$ 37,39.
*Com informações da CNBC.