O Carnaval comemorado no início da semana livrou os investidores brasileiros de viverem na pele o começo da invasão da Ucrânia, o que garantiu ao Ibovespa algum tempo para escapar do pânico que tomou conta dos mercados internacionais com a certeza de que Vladimir Putin está longe de um blefe.
A primeira semana de março foi também a primeira semana de um conflito armado envolvendo uma potência nuclear em território europeu em muito tempo.
Enquanto Wall Street e os principais índices europeus tiveram que repercutir quase em tempo real as investidas russas, a B3 reabriu na Quarta-Feira de Cinzas com um consenso quase formado no mercado – é hora de investir em commodities e a estrela dos mercados emergentes tem tudo para ser o Brasil.
Com a bolsa de Moscou fechada e os principais índices acionários do mundo retirando as empresas russas de seus portfólios, o Ibovespa, fortemente composto por companhias ligadas ao petróleo e ao minério de ferro, conseguiu sair da primeira semana de conflito em alta – puxado especialmente pelas empresas de mineração e siderurgia, fechou o período com um avanço de 1,18%. O dólar à vista recuou 1,50%.
Mas há muito em jogo. Primeiro, a soberania nacional da Ucrânia e a segurança de seus cidadãos – mais de um milhão de ucranianos deixaram o país. Além disso, quem comanda a invasão é uma das principais potências nucleares e energéticas do mundo, além da 12ª maior economia do planeta.
As sanções, largamente anunciadas pela União Europeia pelos Estados Unidos, já começam a sufocar o sistema financeiro russo e seus principais oligarcas e nem mesmo a alta do petróleo impediu o Ibovespa de seguir seus pares internacionais e fechar o dia no vermelho – com queda de 0,60%, aos 113.389 pontos. A moeda americana subiu 1%, a R$ 5,0783.
Dá para entender a aversão ao risco que tomou conta até mesmo de um mercado fortemente influenciado pelas idas e vindas das commodities como o Brasil. Ontem, os militares russos bombardearam a maior usina nuclear da Europa, Zaporizhzhia, em mais uma demonstração de força de Vladimir Putin.
O governo ucraniano anunciou o perigo de uma explosão com impacto dez vezes maior do que o acidente nuclear de Chernobyl e a Organização das Nações Unidas (ONU) voltou a se reunir para condenar a investida russa.
Para alguns analistas, as commodities podem ter salvado a bolsa brasileira nos momentos iniciais, mas pode ser difícil manter o ritmo caso o conflito se prolongue.
Por parte dos Estados Unidos, novas sanções econômicas foram adotadas, agora voltadas ao mercado de petróleo russo. Com tanta pressão originada no leste europeu, indicadores como o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e o relatório de emprego americano (payroll) ficaram em segundo plano, mas pressionaram o mercado de juros.
Veja tudo o que movimentou os mercados nesta sexta-feira, incluindo os principais destaques do noticiário corporativo e as ações com o melhor e o pior desempenho do Ibovespa.
MELHOR QUE O ESPERADO
PIB do Brasil cresce 4,6% em 2021 e fica acima do projetado; economia surpreende no quarto trimestre. As expectativas de economistas e analistas financeiros apontavam para um crescimento de 4,5% em 2021.
SEMANA EM CRIPTO
Bitcoin (BTC) sendo usado como ‘arma de guerra’ entre Rússia e Ucrânia em meio ao carnaval das criptomoedas: saiba tudo que movimentou a semana. O que podemos esperar para os próximos dias desse mercado: Lei Biden na geladeira, pressão nos ativos de risco e mais.
CALVÁRIO
IRB Brasil Re (IRBR3) tem preço-alvo cortado pelo Credit Suisse e ação cai forte na bolsa. Valor passou de R$ 5 para R$ 3,25. Banco suíço diz que o resultado da resseguradora em 2021 foi pior do que o esperado.
SINAL AMARELO
Cade julga na próxima semana recurso que pode barrar venda da divisão móvel da Oi (OIBR3) para rivais. A ação em questão foi apresentada ontem pela Telcomp e questiona o acordo final entre o órgão e as empresas envolvidas.
SALDO INDISPONÍVEL
Nubank (NUBR33) caiu? Usuários reclamam de instabilidade no app. Clientes do roxinho relatam problemas em algumas funcionalidades do aplicativo do banco digital; empresa admite oscilações.
HORA DE RECEBER?
Tem ‘dinheiro esquecido’? Saques começam na próxima segunda-feira; saiba quando você pode resgatar os valores. Segundo o Banco Central, existem R$ 4 bilhões deixados em bancos que devem ser devolvidos a mais de 28 milhões de brasileiros; calendário foi dividido em três fases.