Caro leitor, foi bonita a festa, pá. Como costuma ocorrer a cada quatro anos, aliás. Eu ainda era um foca — jornalista iniciante, no nosso jargão — quando fui cobrir a festa da vitória da primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002.
Quem poderia imaginar naquele momento que, vinte anos mais tarde, o petista voltaria à Avenida Paulista para celebrar uma nova conquista presidencial?
Em uma eleição marcada pela polarização, Lula conquistou 50,9% dos votos válidos, contra 49,1% de Jair Bolsonaro. A diferença foi a mais apertada da história e reflete o clima de polarização que tomou conta do país.
Ou seja, neste momento quem está lendo este texto pertence basicamente a dois grupos: os que comemoraram e aqueles que se decepcionaram com o resultado das urnas neste domingo.
Nos últimos meses, o desafio da redação do Seu Dinheiro foi justamente trazer as notícias relacionadas às eleições com um lado claro, que não é o de Lula nem o de Bolsonaro, mas o do investidor. Agradeço a você pelo reconhecimento: nossa audiência foi recorde tanto no primeiro como no segundo turno.
Tarefa ainda mais difícil terá o presidente eleito. Lula agora precisará justificar na prática os apoios que recebeu para além da esquerda. Ele próprio já afirmou que fará um governo “além do PT”.
Ainda mais importante é não deixar de lado os 58.206.354 milhões de brasileiros que não votaram nele. Se quiser de fato unir o país, Lula também terá de estender a mão aos anseios dos eleitores de Bolsonaro em alguma medida.
Há léguas a separar os vitoriosos dos derrotados das urnas — tanto mar, tanto mar. Mas como disse o próprio presidente eleito em um dos momentos mais emblemáticos do discurso da vitória, “não existem dois Brasis”.
A partir de agora, Lula começa as articulações em torno do novo governo. Ele sabe que deve muitas respostas. Entre elas, o nome do próximo ministro da Economia — que provavelmente voltará a ser “apenas” o Ministério da Fazenda.
No mercado financeiro, havia uma torcida pela pauta liberal de Bolsonaro, comandada pelo ministro Paulo Guedes. Mas a vitória de Lula agrada ao investidor estrangeiro, que ficou praticamente fora da bolsa brasileira nos últimos anos.
Nesta newsletter especial, você confere a seguir toda a cobertura do Seu Dinheiro sobre a eleição de Lula e como os analistas e investidores reagiram a mais uma festa da democracia no Brasil. Basta clicar nos links abaixo.
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O que você precisa saber hoje
O EFEITO LULA
Mercado não acredita em um Lula radical — mas bolsa, dólar e juros devem sofrer enquanto não houver equipe econômica definida. Com o petista eleito presidente, analistas agora esperam a definição da equipe econômica. No curto prazo, a reação dos ativos tende a ser negativa. Entenda.
SEGREDOS DA BOLSA
Ibovespa acompanha fim da eleição, mas bolsas no exterior aumentam cautela e caem antes da decisão de juros do Fed. Por aqui, a temporada de resultados das empresas começa a ganhar tração, com nomes como Petrobras publicando seus dados nos próximos dias.
TERCEIRO GOVERNO
“Não existem dois Brasis, somos apenas um povo”, diz Lula, em seu primeiro discurso como presidente eleito. Depois de uma disputa acirrada contra Jair Bolsonaro (PL), o discurso do petista foi marcado pelo tom conciliador.
QUATRO ANOS DEPOIS
Da prisão ao Palácio do Planalto, confira a trajetória de Lula de volta à Presidência e descubra o que esperar do 3° governo do petista. Sentença de 12 anos de cadeia, 580 dias detido, condenação anulada, candidatura em 2022, aliança com Geraldo Alckmin: veja o caminho do político até a conquista do terceiro mandato como presidente.
FIM DO BOLSONARISMO?
Em feito inédito, Bolsonaro não se reelege após perder para Lula no segundo turno. O candidato do PL até tentou minimizar o tom de seus discursos para avançar para o segundo turno e alimentar o sentimento antipetista que o levou ao Planalto em 2018, mas fracassou. Confira o que está no caminho dele agora.
RECONHECIMENTO RELÂMPAGO
Biden e outros líderes mundiais se apressam para parabenizar Lula pela vitória. Um dos primeiros a reconhecer a conquista do petista ao Palácio do Planalto foi o presidente francês, Emmanuel Macron, que sinalizou a renovação dos laços entre os dois países.
ELEIÇÕES 2022
São Paulo fica com Tarcísio de Freitas; candidato de Bolsonaro vence Fernando Haddad com 52,27% dos votos. São Paulo não decidia uma eleição em segundo turno desde 2002, quando Geraldo Alckmin (PSDB) venceu José Genoino (PT).
Aquele abraço e uma ótima semana para você!