Brasília se encaminha para a reta final dos preparativos para a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva — não só acertando os últimos detalhes para o rito de passagem de bastão e festa que acontecerá na Esplanada dos Ministérios como também colocando no lugar as últimas peças da engrenagem que farão o novo governo funcionar já na primeira semana de janeiro.
Depois das semanas de tensão e preocupação com o caminho da política fiscal a ser adotada na gestão de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda, o mercado financeiro parece estar digerindo melhor as sinalizações do novo governo — e também da futura oposição.
Da parte de Haddad, o dia foi marcado pelo compromisso em rever diversas desonerações e despesas contratadas pelo governo de Bolsonaro na véspera das eleições. A mais importante delas talvez seja a feita para segurar o preço dos combustíveis.
A transição pediu para que a gestão atual não prolongasse a medida, o que deve ter um impacto na inflação no curto prazo, mas pode reforçar em até R$ 50 bilhões os cofres públicos.
Já a base de Bolsonaro, futura oposição ao governo petista, tenta consolidar um texto que redesenhe o teto de gastos. Com a benção de Paulo Guedes, a ideia é se antecipar ao novo governo e pautar a discussão da âncora fiscal.
O compromisso com a redução de despesas e busca pelo aumento da arrecadação animou os investidores locais, ainda que o dia tenha sido negativo no exterior e marcado mais uma vez pela baixa liquidez do fim de ano.
O Ibovespa encerrou o dia em alta de 1,53%, aos 110.236 pontos, enquanto o dólar à vista acompanhou a forte queda dos juros futuros e caiu 0,60%, a R$ 5,2551.
Conexão Wall Street
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o dia foi de perdas. Isso porque o setor de tecnologia acabou mais uma vez contaminando o humor dos demais índices.
A preocupação dos investidores seguem as mesmas das últimas semanas: uma eventual recessão e os sinais mistos sobre o controle da pandemia do coronavírus na China, o que pode levar a um desequilíbrio entre a oferta e demanda de petróleo e outras commodities.
O dia chegou a abrir com ganhos em Nova York, mas a baixa liquidez antes da virada do ano levou os principais índices a ampliarem o movimento visto ao longo de todo 2022.
Novos nomes
O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou dois novos nomes para a sua equipe nesta quarta-feira.
O primeiro foi o de Tatiana Rosito, como secretária de assuntos internacionais. Já Fernanda Santiago, procuradora da FGNF, foi nomeada assessora especial jurídica.
Mudanças confirmadas
Na terceira e última prévia da próxima carteira teórica do Ibovespa, a B3 confirmou a saída definitiva das ações da Positivo (POSI3) e do IRB (IRBR3) a partir de janeiro de 2023.
A retirada da resseguradora havia sido confirmada na segunda prévia do índice, divulgado no último dia 16. Já a Positivo consta como baixa desde a primeira lista preliminar.
Apesar da saída dos ativos, nenhuma empresa será promovida ao Ibovespa no primeiro trimestre do ano. De janeiro a abril, o índice contará com 89 papéis em negociação, abrangendo 86 empresas.
Sobe e desce do Ibovespa
O alívio visto nos juros futuros patrocinou mais uma alta expressiva do setor de varejo e consumo. Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
BRFS3 | BRF ON | R$ 7,76 | 7,93% |
NTCO3 | Natura ON | R$ 11,46 | 7,30% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 2,70 | 7,14% |
IRBR3 | IRB ON | R$ 0,94 | 6,82% |
AMER3 | Americanas S.A | R$ 9,74 | 6,33% |
Após um dia de alta expressiva, o setor de commodities operou instável, devolvendo parte dos ganhos. Para a Petrobras, incertezas sobre o futuro comando da estatal e a nova queda do petróleo pressionaram os papéis. Confira também as maiores quedas da sessão:
CÓDIGO | NOME | ULT | VAR |
PETR4 | Petrobras PN | R$ 24,77 | -1,35% |
GOAU4 | Metalúrgica Gerdau PN | R$ 13,04 | -0,91% |
CRFB3 | Carrefour Brasil ON | R$ 15,08 | -0,79% |
PETR3 | Petrobras ON | R$ 28,49 | -0,59% |
GGBR4 | Gerdau PN | R$ 29,50 | -0,27% |