Uma onda vermelha atingiu as bolsas de Nova York nesta quarta-feira (09), mas não a que os investidores esperavam e sim uma muito mais amarga.
Ao invés de uma vitória esmagadora dos republicanos nas eleições legislativas, o que daria ampla vantagem à oposição no Congresso e dificultaria a vida de Joe Biden pelos próximos dois anos, o que se viu foi um desempenho bem mais tímido, colocando em xeque o cenário que o mercado financeiro vinha precificando nos últimos dias.
Nova York chegou a amanhecer no azul, mas foi tinta vermelha que lavou Wall Street, com o Nasdaq, S&P 500 e o Dow Jones exibindo perdas na casa de 2%.
Vermelhou também na B3 — não só pelo contágio do mau humor americano, mas pela decepção do mercado com o balanço do Bradesco (BBDC4). A forte queda no lucro líquido e o crescimento da inadimplência levaram a uma queda de mais de 17% dos papéis, o que levou o setor bancário a puxar as perdas do dia.
Em Brasília, a quarta-feira foi de poucas novidades. O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu agenda de encontro com os chefes dos Poderes, e congressistas se mostraram dispostos a apoiar a PEC de transição, mas pouco se sabe sobre valores ou se esse realmente será o caminho escolhido pelo novo governo para bancar despesas extras no orçamento.
O combo decepção eleitoral nos Estados Unidos e balanços corporativos abaixo do esperado resultou em um recuo de 2,22% do Ibovespa, a 113.580 pontos. O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,74%, a R$ 5,1821.
A outra onda vermelha
Assim como aconteceu no Brasil, as eleições legislativas americanas mostram um cenário muito mais apertado do que o inicialmente projetado pelas principais pesquisas.
O esperado era que a ala radical do partido Republicano voltasse a ganhar força, retomando o controle do Senado e do Congresso. Os conservadores realmente parecem estar levando a melhor na apuração, mas em uma vantagem bem mais modesta.
Apesar da retomada da maioria na Câmara, vários nomes não integram as alas mais radicais do partido. No Senado, os democratas não apenas mantiveram as cadeiras em disputa como conseguiram virar vagas importantes e levar algumas das disputas para o segundo turno.
As bolsas americanas, que apostavam em uma esmagadora vitória republicana, apagaram os ganhos do dia e fecharam a sessão em forte queda, contaminando o resto dos ativos globais:
- Nasdaq: -2,48%
- S&P 500: -2,08%
- Dow Jones: -1,95%
Sobe e desce do Ibovespa
A temporada de balanços foi o grande destaque do dia — nos dois lados da tabela.
Dentre os melhores desempenhos do dia, a Petz (PETZ3) apresentou resultados piores do que o esperado, mas a perspectiva de forte crescimento nos próximos anos seguiu embalando os papéis.
A Gerdau (GGBR4) também repercutiu os números do terceiro trimestre, após a empresa ter registrado um lucro líquido ajustado de R$ 3,036 bilhões no período. Além disso, a companhia também aprovou o pagamento de R$ 2,8 bilhões em dividendos.
Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
PETZ3 | Petz ON | R$ 8,88 | 8,82% |
GGBR4 | Gerdau PN | R$ 28,51 | 4,66% |
TOTS3 | Totvs ON | R$ 33,39 | 4,02% |
TIMS3 | Tim ON | R$ 13,70 | 3,47% |
BBSE3 | BB Seguridade ON | R$ 31,25 | 2,93% |
O setor de bancos foi um dos principais algozes do Ibovespa nesta quarta-feira, puxado pela decepção do mercado com os números do Bradesco.
O banco registrou lucro líquido recorrente de R$ 5,2 bilhões no terceiro trimestre, número 22,8% menor que o registrado no mesmo período do ano passado. As dívidas vencidas há mais de 90 dias continuam em trajetória de alta e chegaram a 3,9% ao final de setembro.
A Qualicorp (QUAL3) também decepcionou e teve perdas superiores a 14%. O balanço da operadora de saúde mostrou um número de cancelamentos maior do que o esperado. Confira as maiores quedas da sessão:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
BBDC4 | Bradesco PN | R$ 15,30 | -17,65% |
BBDC3 | Bradesco ON | R$ 13,27 | -16,01% |
QUAL3 | Qualicorp ON | R$ 6,87 | -15,60% |
AMER3 | Americanas S.A | R$ 13,89 | -8,44% |
POSI3 | Positivo Tecnologia ON | R$ 10,87 | -7,17% |