Apesar de um resultado trimestral muito elogiado por analistas, o Itaú Unibanco (ITUB4) vê suas ações caírem na bolsa nesta sexta-feira (11), em meio a um mercado ainda contaminado pelo mau humor provocado pelas falas de ontem do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As ações do Itaú abriram em queda, chegaram a virar para o positivo na primeira hora de negociação, mas depois voltaram para o vermelho. Os papéis ITUB4 encerraram o dia com baixa de 3,22%, a R$ 26,73.
Na quinta-feira, as nomeações de Guido Mantega e Paulo Bernardo para a equipe de transição econômica de Lula desagradaram os investidores e provocaram uma queda intensa na bolsa. O movimento ainda foi coroado com uma crítica do presidente, que acusou o mercado de ficar nervoso à toa.
Durante a teleconferência de resultados, o CEO do Itaú, Milton Maluhy, foi questionado sobre os riscos fiscais do novo governo. Sem citar Lula diretamente, Maluhy disse que “não dá para ter responsabilidade fiscal sem crescimento relevante”.
"Quando há expansão fiscal forte, gera inflação, coloca pressão na taxa de juros e gera desancoragem, com efeitos no câmbio, e aí mais inflação e mais taxa de juros", explicou.
Num ambiente de maior incerteza, marcado localmente pela mudança de governo e no exterior por juros e inflação altos, Maluhy revelou certa dificuldade em traçar o cenário para o ano que vem. O Itaú, de acordo com ele, ainda não finalizou o orçamento para 2023.
Itaú (ITUB4) elogiado
Ainda assim, o Itaú mostrou ontem um balanço em linha com o esperado e recebeu elogios dos analistas pela gestão. Vale frisar que seus concorrentes privados, Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4), apresentaram resultados lidos como catastróficos pelo mercado.
“O mercado estava segurando a respiração devido à decepção com o Bradesco. Felizmente, os resultados do Itaú — em termos absolutos e relativos — parecem muito sólidos”, afirmou o Morgan Stanley em relatório.
O Itaú obteve lucro líquido gerencial de R$ 8,079 bilhões no terceiro trimestre, o que representa um aumento de 19,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), uma medida importante da saúde dos bancos, cresceu para 21%, vindo de 20,8% no segundo trimestre e de 19,7% no mesmo período do ano passado.
E todo esse crescimento foi possível com deterioração mínima da inadimplência, que cresceu apenas 0,1 ponto percentual em relação ao trimestre passado, para 2,8%.
O que explica o descolamento do Itaú de seus pares?
Comparado com seus principais competidores, o Itaú tem uma exposição menor ao público de baixa renda, historicamente mais suscetível a atrasar suas obrigações. Mas o BTG Pactual acredita que essa não é a única explicação para o melhor desempenho do Itaú.
“O Itaú parece estar superando seus pares privados em praticamente tudo que se olha. Ele vem gerenciando melhor sua carteira de crédito, elevando receitas com tarifas e seguros em ritmo mais acelerado e mostrando que o capitão, CEO Milton Maluhy, tem total controle do navio”, escreveram os analistas do BTG Pactual.
O aumento consistente do lucro do Itaú foi motivado pelo aumento da margem financeira com clientes, que cresceu 6,4% no trimestre e 33% na comparação com o mesmo período de 2021.
“Com uma execução confiável e previsível, Itaú nos parece, cada dia mais, o nome certo para enfrentar os próximos trimestres no Brasil, que prometem ser desafiadores para quem concede crédito”, afirmou a analista da Empiricus Investimentos Larissa Quaresma.
Confira abaixo as recomendações atualizadas dos principais bancos de investimento aos quais o Seu Dinheiro teve acesso:
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