Se o Nubank e outras fintechs tiraram a paz dos grandes bancos quando lançaram contas gratuitas no passado, hoje várias delas passaram a compartilhar dos mesmos problemas que um gigante como o Itaú (ITUB4).
A avaliação vem dos banqueiros Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal, que dividem a presidência do conselho de administração do maior banco privado brasileiro.
"É muito fácil crescer oferecendo preços baixos e subsidiados para atrair clientes. À medida que você precisa de resultado, a competição fica mais equânime", disse Setubal durante o Itaú Day 2022.
Sem citar nomes, Setubal ressaltou que a "nova concorrência" veio num momento em que o mundo passava por uma transformação. Hoje, com a alta das taxas de juros no mundo todo e a dificuldade de levantar recursos no mercado de capitais, "eles passaram a ter também os nossos problemas".
"E a gente está vendo que o crescimento é muito importante, o mercado de capitais financia esse crescimento. Mas ele também está olhando para resultados, lucro. E não pode ser lucro muito lá embaixo", afirmou Moreira Salles.
Apesar de os executivos não terem mencionado diretamente o Nubank ou outros neobancos, é possível deduzir que era no roxinho que eles estavam pensando.
Isto porque, ao lançar produtos financeiros isentos de cobranças, inclusive de tarifas de transferências, o Nubank conseguiu crescer vertiginosamente - e isso muito antes do Banco Central criar o Pix.
Mas hoje, mesmo com uma base de clientes do mesmo tamanho do Itaú (65 milhões), o Nubank ainda não dá lucro. Além disso, desde que abriu seu capital na bolsa de Nova York (Nyse) no ano passado, o Nubank viu sua ação derreter mais de 50%.
"Esses novos concorrentes têm ou tinham uma história interessante, mas agora têm de se adequar a um mundo mais parecido com o que a gente vive", disse Setubal.