🔴 HERANÇA EM VIDA? NOVO EPISÓDIO DE A DINHEIRISTA! VEJA AQUI

Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
Diretor de redação do Seu Dinheiro. Formado em jornalismo, com MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela FIA, trabalhou nas principais publicações de economia do país, como Valor Econômico, Agência Estado e Gazeta Mercantil. É autor dos romances O Roteirista, Abandonado e Os Jogadores
Entrevista exclusiva

PicPay chega aos 50 milhões de usuários e fundador fala dos planos para chegar aos celulares de todos os brasileiros

Com IPO no radar, aplicativo segue a trilha aberta pelo chinês WeChat e acelera crescimento com novos serviços e a contratação de pesos-pesados do mercado

Vinícius Pinheiro
Vinícius Pinheiro
13 de abril de 2021
6:02 - atualizado às 13:03
Anderson Chamon, fundador e vice-presidente de produtos e tecnologia do PicPay
Anderson Chamon, fundador e vice-presidente de produtos e tecnologia do PicPay - Imagem: Divulgação

Houve um tempo em que Anderson Chamon conhecia pelo nome todos os usuários do PicPay. Mas isso não se deve a um dom especial de memorização, e sim ao fato de o aplicativo criado por ele e dois amigos em Vitória (ES) ter demorado a engrenar.

Lançada no fim de 2012, a carteira digital que surgiu como uma forma de facilitar os pagamentos entre amigos só começou a ganhar tração três anos depois. “A gente pensou que o negócio iria explodir, mas o foguete caiu para o lado”, disse Chamon, que recordou os primeiros e difíceis tempos do aplicativo durante uma entrevista por videoconferência ao Seu Dinheiro.

O foguete pode ter levado algum tempo para decolar, mas acabou ganhando a órbita. O PicPay não só entrou na rota do crescimento exponencial como acaba de alcançar a impressionante marca de 50 milhões de usuários — sendo 39 milhões deles ativos.

O avanço também é notável se considerarmos que a empresa encerrou o ano passado com 38,8 milhões de usuários cadastrados. Ou seja, mantido o ritmo dos três primeiros meses, o app pode se aproximar do patamar de 80 milhões de pessoas no fim de 2021.

Chamon compara o crescimento a uma longa estrada, na qual cada marca, incluindo a dos 50 milhões de usuários, funciona como uma placa de quilometragem. E qual seria o destino dessa rodovia?

“Nosso objetivo é impactar a vida de todos os brasileiros, ou pelo menos todos que sejam capazes de baixar o aplicativo.”

O fundador do PicPay não fala de projeções nem de prazos, mas falou de um número que classificou como um "sonho": chegar ao patamar dos 120 milhões de usuários.

Pandemia e PIX

O forte crescimento recente do aplicativo foi impulsionado pela pandemia — que estimulou as transações online, incluindo os pagamentos — e por uma campanha agressiva de marketing que incluiu até o disputado espaço do Big Brother Brasil.

Antes disso, o PicPay já vinha ganhando espaço nos celulares dos brasileiros por meio de parcerias com estabelecimentos comerciais, programas de "cashback" e recompensas aos usuários — cada indicação rende um crédito na conta do "promotor".

O dinheiro para financiar a expansão vem dos controladores. O PicPay recebeu um investimento em 2015 do Banco Original e hoje é controlado pela J&F Participações, a holding que reúne os investimentos da família Batista, da JBS.

O aplicativo ainda ganhou um empurrão recente — e até certo ponto inesperado — com a entrada em operação do PIX, a plataforma de pagamentos instantâneos do Banco Central. Em vez de ser uma ameaça, como se podia imaginar à primeira vista, o sistema acabou facilitando o trabalho dos usuários de transferir dinheiro para a carteira digital.

Se antes Chamon conhecia de perto os usuários, hoje já não faz mais sentido falar em um perfil de quem acessa o aplicativo. “Conforme a gente cresce, mais a base fica parecida com a da própria população brasileira.”

Além do "super app"

O número atual de usuários já coloca o PicPay bem à frente de fintechs badaladas como o Nubank e mesmo grandes bancos, como o Santander Brasil. A ambição da empresa, contudo, não é apenas concorrer na mesma arena das instituições financeiras.

Chamon não gosta de usar o termo “super app”, que para ele ficou banalizado. Mas diz que a pretensão do PicPay é se tornar uma versão ocidental do WeChat, o aplicativo pelo qual os chineses fazem praticamente tudo, da troca de mensagens a compras e transações bancárias.

Uma das novas funcionalidades do PicPay, inclusive, é a troca de mensagens instantâneas, ao estilo WhatsApp. “A gente sempre acreditou na combinação de social e dinheiro, as relações sociais são muito envolvidas com dinheiro”, disse Chamon, que hoje é o vice-presidente responsável por produtos e tecnologia da plataforma.

Quanto vale o show?

Em meio ao crescimento de usuários e dos serviços disponíveis, a empresa se prepara para um passo ainda maior com uma oferta pública inicial de ações (IPO).

Eu questionei o fundador do PicPay sobre o assunto, mas ele disse que não poderia comentar nada sobre o IPO. No mercado, porém, a ampla expectativa é que a abertura de capital aconteça ainda no primeiro semestre, na bolsa norte-americana Nasdaq.

E quanto pode valer o PicPay? Em um relatório recente, a Empiricus avaliou o aplicativo em impressionantes US$ 35 bilhões (quase R$ 200 bilhões, no câmbio atual), tendo como base de comparação um valor de mercado por cliente equivalente ao do Nubank e do Banco Inter.

O desafio agora é fazer com que o crescimento da base seja acompanhado do aumento do volume de transações realizadas pelo aplicativo. Em 2020, o chamado TPV atingiu R$ 36,6 bilhões.

Chamon não revelou projeções para este ano, mas uma estimativa com base no resultado anualizado de dezembro aponta para R$ 50 bilhões em transações. Mas esse é apenas um “chute” educado e conservador, já que o lançamento das novas funcionalidades deve turbinar o dinheiro que passa pela plataforma.

O aplicativo já oferece crédito pessoal, com uma base pré-aprovada de 14 milhões de pessoas. Mas quem estiver em busca de dinheiro emprestado tem como opção recorrer a outro usuário, com o sistema de P2P lending lançado recentemente.

O PicPay também deu um passo importante para ampliar as transações fora do aplicativo com o lançamento de um cartão de crédito que chegou a 5 milhões de unidades emitidas. 

Outra grande aposta da fintech é no comércio eletrônico. O app conta com uma loja virtual aberta para qualquer parceiro se conectar. É como uma plataforma aberta, aliás, que o PicPay espera ser visto.

Ainda que concorra com os bancos nos serviços financeiros, a empresa quer ser vista também como um “marketplace” financeiro, no qual as instituições possam se plugar para ofertar seus produtos.

Para acelerar todas essas iniciativas, a empresa reforçou o time de executivos com pesos-pesados do mercado. Para tocar a vice-presidência de serviços financeiros, a companhia contratou recentemente Eduardo Chedid, que comandava a bandeira de cartões Elo. Tanto Chamon como Chedid hoje estão subordinados a José Antonio Batista, CEO do PicPay.

Entre as contratações recentes também estão Guilherme Telles, responsável por trazer a Uber para o Brasil em 2014, e Adriano Navarini, que comandava o SafraPay, empresa de meios de pagamento do Safra. Dentro da preparação para o IPO, a empresa trouxe André Cazotto, que estava na PagSeguro, para o cargo de diretor de relações com investidores.

A expansão da fintech também tem uma característica particular: ocorreu sem nenhuma aquisição. O fundador do PicPay disse que não foi algo premeditado. “Acompanhamos de perto muitas coisas, mas até agora não fomos muito agressivos em aquisições.”

Ele não descartou, porém, uma mudança nessa postura, desde que aquisições encurtem o caminho dentro da estratégia da empresa.

Ao mencionar as pretensões de tornar o PicPay o "WeChat ocidental", Chamon destaca outro desejo: ampliar as operações para fora do país. Mas essa por enquanto é apenas uma aspiração da companhia. “Não gastamos um segundo do nosso tempo hoje pensando em expandir para o exterior, o mercado e os desafios por aqui ainda são muito grandes.”

E o lucro, quando vem?

Assim como outras empresas de tecnologia em forte ritmo de crescimento, o PicPay opera no vermelho. O prejuízo no ano passado — o primeiro desde que a empresa recebeu a licença para atuar como instituição de pagamento — foi de R$ 275 milhões.

Chamon disse que o resultado é fruto da expansão e que a companhia já opera com margens positivas, tirando os investimentos no crescimento da plataforma. “O PicPay está pronto para dar lucro”, afirmou.

Leia também:

Compartilhe

DINHEIRO NO BOLSO

CCR (CCRO3) e Vibra (VBBR3) anunciam mais de R$ 1,2 bilhão em dividendos; confira o cronograma de pagamento de cada uma das companhias

18 de abril de 2024 - 18:32

O maior valor será distribuído pela Vibra, que pagará R$ 676 milhões em duas parcelas; já a CCR depositará R$ 536 milhões na conta dos acionistas

O 'X' DA QUESTÃO

Dividendos da Petrobras (PETR4): governo pode surpreender e levar proposta de pagamento direto à assembleia, admite presidente da estatal

18 de abril de 2024 - 18:03

Jean Paul Prates admitiu a possibilidade de que o governo leve uma proposta de pagamento diretamente à assembleia de acionistas

ROYALTIES MUSICAIS

Fundo que detém direitos de músicas de Beyoncé e Shakira anuncia venda de US$ 1,4 bilhão a investidor

18 de abril de 2024 - 17:04

A negociação será feita com apoio da Apollo Capital Management, parceira da Concord, gigante de private equity dos EUA

COMPRAR OU VENDER

A bolsa está valendo menos? Por que esse bancão cortou o preço-alvo das ações da B3 (B3SA3) — e você deveria estar de olho nisso

18 de abril de 2024 - 16:47

O BTG Pactual ajustou o modelo para a operadora da bolsa brasileira e reduziu o preço-alvo dos papéis de R$ 16 para R$ 13,50; entenda as razões para a nova avaliação e saiba se é hora de ter os ativos em carteira

NOVO & CLÁSSICO

Fusca elétrico e chinês: GWM tem vitória sobre da Volkswagen, que acusa modelo de ser “cópia” do clássico alemão

18 de abril de 2024 - 15:21

Em novembro de 2021 a montadora registrou o desenho industrial de dois modelos junto ao INPI: o Ora Punk Cat e o Ora Ballet Cat; nove meses depois, o sonho virou pesadelo

ATRAVESSOU O ENREDO

Goldman eleva recomendação para 3R Petroleum (RRRP3) e fusão com Enauta (ENAT3) é só um dos motivos

18 de abril de 2024 - 12:02

O que mais chamou a atenção dos analistas é a melhora da relação entre o risco e o retorno da empresa, em um cenário de alta do petróleo e depreciação do real frente ao dólar

NOVOS INVESTIMENTOS

Petrobras (PETR4) anuncia parceria com empresa chinesa para projetos de energias renováveis e transição energética

18 de abril de 2024 - 11:17

Apesar do destaque para energias renováveis, parceria da Petrobras com a China National Chemical Energy Company também inclui acordos comerciais para exploração de petróleo

FABRICANTE DE CHIPS

Mesmo com lucro quase 10% maior, por que investidores penalizam as ações da “rival” da Nvidia, a TSMC?

18 de abril de 2024 - 10:29

Os lucros da TSMC são vistos como um indicador para a demanda global por chips, devido ao seu papel fundamental na indústria de fabricação e à importância de seus clientes

OFERTA DE AÇÕES

Sabesp (SBSP3): governo Tarcísio define modelo de privatização e autoriza aumento de capital de até R$ 22 bilhões; saiba como vai funcionar

18 de abril de 2024 - 10:21

Venda do controle da Sabesp ocorrerá via oferta de ações, com seleção de acionista de referência pelo mercado a partir das duas melhores propostas

O TAL DO MULTIFAMILY

Dona de 5 mil apartamentos, Brookfield aposta no mercado residencial para a renda e diz o que falta para o segmento decolar no Brasil

18 de abril de 2024 - 6:05

Demanda não falta, mas o vice-presidente sênior da gestora lista duas grandes dificuldades que o multifamily enfrenta no país

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Continuar e fechar