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Petrobras (PETR4) pede que governo explique estudo para venda de ações; papéis dispararam mais de 6% com rumores sobre privatização

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Petrobras

A Petrobras (PETR4) pediu que o Ministério da Economia explique a existência ou não de estudos feitos pelo governo para a venda de ações e fim de seu controle acionário na estatal.

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O pedido, divulgado em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta segunda-feira (25), é uma reação à notícia dada pelo canal CNN de que o presidente Jair Bolsonaro tem discutido a privatização da petroleira por meio da venda de papéis.

Mais cedo, em entrevista à Rádio Caçula FM, Bolsonaro reafirmou que a privatização “entrou no radar” do governo, mas destacou que o processo é uma “complicação enorme” e não deve sair tão cedo.

Com os novos rumores, as ações PETR3 avançaram 6,13%, a R$ 29,61 no pregão de hoje, enquanto os papéis PETR4 subiram 6,84%, a R$ 29,04.

A forte alta das ações, aliás, foi utilizada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, para defender a privatização. “Bastou o presidente dizer ‘olha, vamos estudar isso aí, isso é um problema’ que o negócio sobe 6%. De repente são mais duas, três semanas, se isso acontecesse, são 100-150 bilhões (de reais) criados, isso não existia”, afirmou durante participação no lançamento do Plano Nacional de Crescimento Verde.

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“Não dá para dar 30 bilhões para os mais frágeis num momento terrível como esse se basta uma frase do presidente para aparecer 100 bilhões, brotar do chão de repente? Por que que nós não podemos pensar ousadamente a respeito disso?”, questionou Guedes.

Combustíveis sobem

Além da possível venda de ações do governo, os ativos também foram impulsionados por mais um reajuste nos preços dos combustíveis anunciado mais cedo. No segundo aumento promovido pela estatal em outubro, a gasolina ficará R$ 0,21 mais cara por litro, enquanto o diesel passará a custar R$ 0,28 a mais nas refinarias da companhia.

O preço médio de venda da gasolina A da Petrobras passará de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro — a alta é de 7,04%. Já para o diesel A o reajuste é maior, de 9,15%, e o preço médio de venda vai a R$ 3,34 por litro, contra R$ 3,06 antes do reajuste.

Vale destacar que a gasolina já acumula alta de 73,4% em 2021, enquanto o diesel subiu 65,3% nas refinarias.

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O aumento dos combustíveis segue a alta internacional do petróleo. O preço do barril de petróleo Brent, que é a referência internacional para a Petrobras, encerrou a semana passada acima dos US$ 85,53 e sobe 0,66% hoje, a US$ 85,20. A alta é de 31,08% em relação aos preços médios de US$ 65 registrados no início deste ano.

Como o petróleo é cotado em dólar, a desvalorização do câmbio aqui no Brasil representa um fator adicional de pressão sobre os preços.

Impulsionado pelo furo no teto de gastos, o dólar acumulou alta de 3% apenas na semana passada. Nesta segunda-feira, porém, a moeda devolveu parte dos ganhos e recuou 1,90%, cotada em R$ 5,56.

Privatização no horizonte

O novo aumento ocorre em meio a ameaças de falta de combustíveis em novembro. Segundo informa a petroleira, em nota, o reajuste é importante justamente para "garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento”.

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A alta também não é surpresa e já havia sido antecipada até mesmo por Jair Bolsonaro, um dos críticos mais ferozes da política de preços da Petrobras. Ontem, durante participação em um evento, o presidente declarou: "infelizmente, pelos números do preço do petróleo lá fora e do dólar aqui dentro nos próximos dias, a partir de amanhã, teremos reajuste do combustível".

Vem mais por aí

Com o petróleo e o dólar em alta, o reajuste de hoje ainda não é suficiente para garantir o alinhamento da Petrobras com o mercado internacional. É o que indica o presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo.

De acordo com Araújo, mesmo com o aumento, ainda existe uma defasagem grande em relação aos preços do mercado internacional.

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, estima que esse espaço representa um potencial de até 17% para novas altas no curto prazo. “Contudo, vale comentar que na semana passada, no auge da crise política que deteriorou ainda mais o câmbio, a defasagem chegou a se aproximar dos 30%."

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