Com as recentes mudanças no comando da Petrobras e os atritos com o governo federal, as ações da petroleira sofreram um bocado, com diversos bancos e casas de análise "desembarcando" de suas visões positivas para o papel.
A turbulência gerada em Brasília levou os papéis da companhia a recuarem 22% no último mês e acumularem uma queda de 27% em 2020. O Bank of America (BofA), no entanto, decidiu elevar a sua recomendação para a companhia de underperform (venda) para neutro.
O banco também elevou o preço-alvo para as ações da companhia e para os ADRs, recibos de ações negociados em Nova York. No caso das ações, a estimativa passou de R$ 29 para R$ 30 - um potencial de alta de 29,47%. Já os ADRs passaram de US$ 11 para US$ 11,30.
Relembrando: há algumas semanas, o governo federal interferiu diretamente no comando da Petrobras ao indicar um o general Silva e Luna para o lugar do atual CEO, Roberto Castello Branco, o que não foi bem recebido pelo mercado.
Em relatório divulgado hoje, o Bank of America ressaltou que as preocupações com a independência da companhia e as mudanças que podem vir a acontecer sob a nova gestão mantêm o risco para os papéis elevado e limitam seu potencial de alta. No entanto, uma previsão mais forte para o preço do barril de petróleo ajuda a melhorar as projeções para a companhia.
O BofA tem uma visão positiva para o segmento em toda a América Latina, com aumento nas projeções de médio e longo prazo para os preços de gás e petróleo, o que, consequentemente, levaria a um "aumento robusto do fluxo de caixa para produtores de petróleo na América Latina, o que deve impulsionar o valor de mercado".
Segundo a instituição, com o crescimento gradual da demanda e uma projeção de equilíbrio entre oferta e demanda - que só é possível graças à manutenção do corte de produção anunciado pela Opep+ recentemente -, no longo prazo, o barril do petróleo Brent (o mesmo utilizado como referência pela Petrobras) deve chegar a US$ 60 contra os US$ 55 projetados anteriormente.