A velha máxima de que “quem é vivo sempre aparece” nunca foi tão apreciada pelos investidores quanto nesta quarta-feira (20), depois que Jack Ma reapareceu em público após meses de especulações a respeito de seu paradeiro.
O fundador do Alibaba e da fintech Ant Group participou hoje de uma transmissão ao vivo, falando brevemente em evento anual que organiza para reconhecer professores rurais, de acordo com a agência de notícias “Bloomberg”. Em vídeo para o evento, ele apareceu visitando uma escola primária em sua cidade natal, Hangzhou, e disse que dedicará mais tempo à filantropia.
A aparição trouxe alívio aos investidores do Alibaba. As ações do site de comércio eletrônico fecharam o dia com alta de 8,52% em Hong Kong e os recibos de ações negociados nos Estados Unidos (ADRs) subiam mais de 6% no pré-mercado.
Por onde andará Jack Ma?
O paradeiro de Jack Ma resultou em diversas teorias da conspiração em todo o mundo após o governo da China apertar o cerco contra o bilionário e seu império. De exemplo de sucesso no país, os negócios do empresário chinês mais conhecido do mundo estão passando por um intenso escrutínio, coincidentemente após ele ter feito críticas à campanha do presidente Xi Jinping para controlar riscos financeiros.
O mais recente golpe foi dado no final de 2020, quando o PBoC, o banco central da China, ordenou que a Ant Group, revisasse suas atividades e retomasse o foco no segmento de pagamentos digitais. Atualmente, ela oferece também empréstimos e seguros aos consumidores. A situação prejudicou ainda mais a intenção de Ma de abrir o capital da fintech.
Antes disso, as autoridades chinesas anunciaram o início de investigações antitruste contra a Alibaba, citando relatos de que a plataforma de comércio eletrônico tem práticas anticoncorrenciais.
Especulações
É difícil saber exatamente os motivos que levaram as autoridades chinesas a se voltarem contra um de seus filhos mais queridos, dada a pouca transparência do regime chinês.
Mas analistas apontam para as críticas que Ma fez em 24 de outubro. Em conferência financeira ocorrida em Xangai, ele disse que os regulamentos financeiros da China são um obstáculo à inovação tecnológica, dizendo que “não devemos usar a maneira de administrar uma estação de trem para regular um aeroporto”. Ele afirmou ainda que os bancos locais operam com uma mentalidade de “casa de penhores”, de acordo com relato do jornal japonês Nikkei Asia.
Os comentários foram feitos na frente do vice-presidente Wang Qishan, responsável pela administração de questões financeiras na China, e também foram dirigidos ao vice-premiê Liu He, assessor de Xi que supervisiona a política macroeconômica da China, segundo a publicação.