Quando chegou à B3, a Mosaico (MOSI3) provocou um estrondo. Sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em fevereiro movimentou R$ 1,2 bilhão. E logo no primeiro dia viu seus papéis saltarem impressionantes 96,97%, marcando uma das melhores estreias da história do mercado acionário brasileiro.
Passada a euforia, os investidores agora querem resultados, querem ver se a empresa será capaz de atender às suas expectativas. Bom, o desempenho no acumulado de 2020 foi positivo e os analistas têm boas perspectivas para o futuro da companhia. Mas os investidores ficaram decepcionados com o desempenho no quarto trimestre.
Os papéis da Mosaico despencaram 11,67% nesta sexta-feira, fechando a R$ 21,20.
A companhia, dona dos serviços de comparação de preços Zoom, Buscapé e Bondfaro, divulgou na quinta-feira (25) à noite seu primeiro balanço pós-IPO. No ano passado, a empresa viu crescimento de três dígitos nas visitas às plataformas, na receita bruta e no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês).
As plataformas receberam, no ano passado, 960 milhões de visitas, um crescimento de 125% ante 2019. Isso originou R$ 4,2 bilhões em vendas para seus parceiros, medidas pelo GMV (sigla em inglês para volume bruto de mercadorias, métrica do desempenho das vendas das plataformas digitais), alta de 122%, e uma receita bruta de R$ 263 milhões, avanço de 103%.
No quarto trimestre, período mais intenso para o varejo, com Black Friday e Natal, a receita bruta subiu 29,6%, para R$ 80,3 milhões, com as vendas originadas a terceiros subindo 37,3%, o que foi considerado pouco.
Para a XP, a antecipação de consumo da categoria de eletrônicos e linha branca ao longo de 2020 fez com que as vendas no fim do ano se concentrassem mais em categorias com preços menores, como vestuário e produtos de beleza.
"Isso se traduz em uma base forte de comparação de resultados, com o quarto trimestre de 2019 tendo representado cerca de 50% da receita de 2019, versus o quarto trimestre de 2020, em 30%", diz trecho do relatório assinado pelos analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt.
Ebitda em alta, margens pressionadas
A Mosaico também teve que lidar com despesas relativas à aquisição do Buscapé, ocorrida em 2019, de outros ativos, além das despesas extraordinárias que teve que assumir por conta da pandemia e com o IPO.
Estes fatores pesaram no Ebitda, mas ele subiu 21% e totalizou R$ 69 milhões. Sem eles, o Ebitda ajustado cresceu 175%, de acordo com a companhia.
Já no quarto trimestre, o Ebitda caiu 77,7%, para R$ 12 milhões. Ajustado, ele recuou 45,3%, para R$ 12,5 milhões. Além dos fatores anteriores, a Mosaico registrou, nos últimos três meses do ano passado, aceleração das despesas com marketing institucional (branding).
“É importante ressaltar que há um descasamento temporal entre as despesas com branding e seus efeitos positivos, isto é, aumento de recorrência de tráfego e reconhecimento da marca, que se traduzem em aumento de receita”, diz trecho do balanço.
Tanto a margem total quanto a ajustada recuaram no trimestre, em 81,4 pontos percentuais (p.p.), para 17%, e 24,1 p.p., a 17,7%, respectivamente. Em 2020, a margem caiu 20,2 p.p., para 29,7%, mas a ajustada subiu 7,9 p.p., para 30,9%.
Levando tudo isto em consideração, a Mosaico encerrou 2020 com lucro líquido de R$ 60,4 milhões, queda de 5,5%, mas alta de 38,3% em termos ajustados. No quarto trimestre, o lucro somou R$ 26,5 milhões, recuo de 57,2%. Considerando os ajustes, a baixa foi de 36,4%.