A LG Informática confirmou nesta terça-feira (6) ter enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedido de interrupção por 60 dias do prazo de análise de registro de sua oferta de ações (IPO, na sigla em inglês).
A empresa pretendia captar perto de R$ 900 milhões, considerando o preço de R$ 17,50, o meio da faixa de R$ 15,00 a R$ 20,00 por ação prevista.
Segundo fontes anteciparam ao Broadcast, o adiamento do IPO foi decidido por conta das condições do mercado, que se tornaram adversas desde meados de fevereiro. O Itaú BBA, UBS-BB e BTG Pactual atuam na operação.
O agravamento da pandemia e a lentidão da vacinação, além da instabilidade na política e macroeconômica, deixaram investidores mais seletivos.
Fontes disseram que, nas últimas semanas, alguns potenciais investidores foram sondados sobre eventual interesse na aquisição das ações em patamar ainda inferior ao piso.
A LG Informática, que não tem relação com a companhia sul-coreana, é uma empresa de Goiás que desenvolve soluções de tecnologia para gestão de recursos humanos nas empresas.
Mercado não está para peixe
A LG Informática se juntou a outras companhias que desistiram de listar suas ações na bolsa neste ano, como a plataforma de varejo de insumos agrícolas Agrogalaxy e o e-commerce de vinhos Wine.
Para Igor Cavaca, analista da corretora Warren, os mercados passam por uma incerteza maior do que a constatada no início de 2021 por conta da piora da pandemia de covid-19. "Mas vejo esse movimento como uma tendência de curto prazo", diz.
Em geral, uma empresa desiste de abrir capital quando entende que a oferta pode não ter o sucesso esperado em um primeiro momento. "Seria um peso forte para a imagem [ter um IPO sem demanda]", diz o analista. "A desistência é mais uma medida de proteção".
No ano passado, a B3 registrou o maior número de IPOs desde 2007, chegando a 28 estreias de ações de empresas - foram captados R$ 117 bilhões com esse tipo de oferta.
* Com informações da Estadão Conteúdo