As ações da AgroGalaxy (AGXY3) estrearam em forte queda na bolsa nesta segunda-feira (26). Os papéis da empresa fecharam com perda de 22,54%, a R$ 10,65, após uma precificação no piso da faixa indicativa de R$ 13,75 a R$ 16,50 na sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
A companhia, que atua na comercialização de insumos agrícolas, produção de sementes, originação, armazenamento e comercialização de grãos, já havia reduzido o tamanho do seu IPO.
Inicialmente, a AgroGalaxy pretendia levantar até R$ 1,2 bilhão por meio de uma oferta primária (em que os recursos vão para o caixa da empresa) e secundária (quando os acionistas vendem sua participação). Mas a companhia acabou reduzindo a oferta, que foi apenas primária e levantou só R$ 349,99 milhões.
Com os recursos, o plano da empresa é investir em capital de giro, reforçar a estrutura de capital, investir em crescimento orgânico e inorgânico, reforçar a digitalização e modernizar as unidades de produção.
O que pesa contra a AgroGalaxy
Max Bohm e Guilherme Ebaid, analistas da Empiricus, apontaram que não viam na AgroGalaxy vantagens competitivas "relevantes" e elencaram riscos que não valia a pena correr, na visão deles.
"Em primeiro lugar, achamos que a Agrogalaxy pode acabar sendo 'espremida' pelos fornecedores", disseram em relatório pré-IPO. "Com grandes players na ponta da cadeia, há a possibilidade de aumento de preços que a companhia não consiga repassar integralmente aos produtores".
Os analistas também viam risco na ponta vendedora. A Agrogalaxy tem um modelo de negócios em que financia os produtores que podem pagar através da produção de grãos. Com esse produto na mão, a empresa negocia e comercializa diretamente com as tradings, tendo contratos de fornecimento.
"Com os preços das commodities em alta, os produtores podem optar por não cumprir seus contratos com a companhia, que terá que comprar os grãos diretamente no mercado, pressionando o seu resultado".
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Futuro do agro e 'visão de dono'
Em evento na B3, que celebrou a entrada da empresa no mercado de capitais, Welles Pascoal, CEO do AgroGalaxy, disse que ficou "orgulhoso" com o trabalho feito durante o processo de busca por investidores.
"Quando os bancos nos colocaram em frente aos investidores, nós fizemos nosso papel de mostrar o que podemos fazer para o futuro do agronegócio e para os investidores", disse.
Pascoal pediu para que os funcionários da empresa mantivessem o "senso de dono". "A companhia tem que estar voltada para o agricultor, não para nós [de dentro da empresa]".
"Se fizermos isso, daremos o que ele precisa para produzir mais e melhor neste país, tornando o Brasil ainda mais competitivo lá fora".
O presidente do conselho de administração da AgroGalaxy e sócio fundador do Fundo Aqua Capital, que investiu na empresa, Sebastian Popik, disse que a missão da companhia é trazer produtividade para o produtor agrícola.
"Fazemos isso ofertando muito mais do que produtos, levamos serviços, crédito, soluções, tecnologias e carinho para apoiar o produtor nas decisões difíceis da lavoura", comentou.
Criada em 2018, a AgroGalaxy tem como bloco de controle veículos de investimento do Aqua Capital.
A companhia é composta pelas empresas Rural BR, Sementes Campeã, Agro100, AgroFerrari, Sementes Boa Nova, Grão de Ouro e Boa Vista, representando um total de 7,9 milhões de hectares de área plantada.
A AgroGalaxy busca ser a maior varejista agrícola do país. Hoje são 104 lojas, em nove estados brasileiros, atendendo ao menos 17 mil clientes, segundo divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2021.
A oferta teve coordenação dos bancos Itaú BBA (Coordenador Líder), JP Morgan, UBS BB, XP Investimentos e Banco ABC (Coordenadores da Oferta).