Há cerca de um mês, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade não mudaria o “plano de voo” a cada novo dado da economia brasileira. Mas, veja só, a realidade obrigou a instituição a recalcular a rota: há pouco, o Copom elevou a Selic em 1,50 ponto percentual, ao patamar de 7,75% ao ano; o colegiado vinha subindo a taxa básica de juros em 1 ponto por reunião.
Esse é o maior nível para a Selic desde setembro de 2017. A decisão foi unânime e marca a sexta alta consecutiva na taxa, que estava em 2% ao ano em janeiro — ainda há uma última reunião do Copom prevista para 2021, no dia 8 de dezembro, e a expectativa é a de que os juros continuem subindo.
Por um lado, é preciso dar crédito a Campos Neto: de fato, o plano de voo do BC não foi alterado por alguma decepção com os indicadores macroeconômicos. O que aconteceu foi que as perspectivas fiscais do país pioraram muito nos últimos dias, dada a perspectiva do rompimento do teto de gastos pelo governo federal.
Com a potencial mudança na metodologia de cálculo do teto de gastos a partir da PEC dos Precatórios — uma espécie de manobra que abala a credibilidade fiscal do país —, grande parte dos agentes do mercado financeiro passou a rever suas projeções para a economia nacional, colocando na conta um risco inflacionário maior e uma possível desaceleração econômica.
Nesse contexto, as curvas de juros futuros passaram por um movimento de forte abertura e o dólar ultrapassou os R$ 5,60 nos últimos dias; e é nesse contexto que o BC se viu obrigado a atuar de maneira mais intensa, de modo a ancorar as expectativas do mercado em relação à trajetória dos juros.
Essa aceleração no ritmo de alta da Selic, no entanto, era esperada por boa parte do mercado; nos últimos dias, grandes bancos e casas de análise passaram a apostar numa elevação de 1,50 ponto na reunião desta quarta, refletindo a deterioração nas expectativas fiscais do país — o cumprimento das projeções, assim, deve ser bem recebido pelo mercado na sessão desta quinta (28).
Veja os principais pontos da decisão do Copom, que já deu uma palinha do que esperar para a sua próxima reunião, em dezembro.
FECHAMENTO DOS MERCADOS
Cautela com novo ‘plano de voo’ do Copom contamina bolsa, e Ibovespa recua 0,05%; dólar também fecha em queda, a R$ 5,55. Impulsionado pelos balanços divulgados tanto aqui quanto no exterior, o índice bem que tentou se desvencilhar do cenário temeroso, mas não teve jeito.
FORTE COMO SEMPRE
Na Weg, a história se repete: o terceiro trimestre superou (mais uma vez) as expectativas. A companhia (WEGE3) mostrou um crescimento de quase 30% na receita líquida; o bom desempenho do mercado doméstico deu força aos resultados.
UM PÉ LÁ, OUTRO CÁ
Agora é oficial: Nubank pede registro para IPO duplo nos Estados Unidos e no Brasil com oferta de BDRs na B3. O banco digital optou por listar seus papéis em uma bolsa americana, mas fará, simultaneamente, uma oferta de recibos de ações por aqui.
QUEM QUER DINHEIRO?
Gerdau (GGBR4) anuncia R$ 2,7 bilhões em dividendos e JCP, e ainda dá tempo de garantir o dinheiro na conta. O pagamento dos proventos, que também inclui os acionistas da Metalúrgica Gerdau (GOAU4), tomará como base a posição acionária em 5 de novembro.
INTERNET MÓVEL
Oi (OIBR3) fica de fora do leilão do 5G, que atrai 15 grupos; confira os interessados. Mesmo sem a Oi, as gigantes Vivo, TIM e Claro devem ter concorrência. A abertura dos envelopes com as ofertas será em 4 de novembro.