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Detalhes da ata do Fed estressam os mercados e Ibovespa fecha em queda; dólar e juros disparam

Às vezes o que comanda o mercado financeiro, tão cheio de números, são algumas palavras. 

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Depois de alguns dias de marasmo, basicamente acompanhando o movimento das commodities, o mercado teve novos elementos para digerir nesta quarta-feira (19). O principal deles foi a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, divulgada nesta tarde. 

À primeira vista, o documento não trouxe novidades. Os dirigentes voltaram a afirmar que o impacto nos preços é oriundo de pressões temporárias e que o cenário ainda demanda uma política monetária acomodatícia, ainda que os estímulos monetários e fiscais venham fazendo a economia crescer. 

Mas o mercado estava preparado para analisar com lupa cada pedacinho do comunicado e acabou notando algumas pequenas mudanças que, no final, acabam fazendo toda a diferença. 

A primeira delas é que alguns dirigentes da instituição parecem achar que é hora de começar a rever a política de compras de ativos - um movimento que, assim como um possível aumento na taxa de juros antes de 2023, já vem sendo adiantado e especulado pelo mercado diante dos índices de atividade melhores do que o esperado. 

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Esse trecho deu uma azedada nos mercados. A bolsa americana aprofundou a queda, o dólar se fortaleceu frente às outras moedas e o juros futuros disparou. Mas a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, aponta que não é só isso.

A indicação para a rediscussão do ritmo de compra de ativos ainda é muito abstrata e, além disso, a manutenção de estímulos monetários e fiscais devem seguir pressionando a inflação. Ainda que o Fed tenha indicado mais uma vez que irá aceitar um aumento de preços acima de 2% “por algum tempo”, a economista acredita que os preços devem seguir subindo e pressionando a decisão de não aumentar os juros americanos antes de 2023. 

O saldo foi negativo, mas as perdas moderaram no fim da tarde. O Nasdaq - que recuou forte pela manhã - fechou em leve queda de 0,03%, o S&P 500 caiu 0,29% e o Dow Jones recuou 0,48%. 

Na bolsa brasileira, o analista de investimentos do Pagbank Marcio Lórega, aponta também para o desempenho negativo do setor de commodities - o minério de ferro voltou a cair na China e o petróleo recuou 4% nesta tarde, puxando junto Vale, Bradespar (com grande participação na mineradora), as siderúrgicas e as petroleiras, empresas de grande peso no índice. 

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O Ibovespa chegou a cair mais de 1%, mas também aparou a queda e fechou com um recuo modesto de 0,28%, aos 122.636 pontos. Estressado como reação à ata do Federal Reserve, o dólar à vista voltou para a casa dos R$ 5,30 ao subir 1,17%, a R$ 5,3158. 

Nos Estados Unidos, o retorno dos títulos do Tesouro Americano renovaram seguidas vezes suas máximas, um movimento que também afetou o mercado de juros brasileiro. A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 atingiu o maior patamar desde março de 2020, auge da crise do coronavírus. 

Se as taxas de juros subirem nos países desenvolvidos, os emergentes - como o Brasil - precisam acompanhar o movimento de forma a manter suas economias atrativas para o investidor. Eu conto mais sobre o impacto da alta da inflação e dos juros nos EUA nesta matéria. 

Confira as taxas de fechamento do dia:

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Bitcoin em queda livre

O que acontece com o bitcoin? Os repórteres Victor Aguiar e Renan Sousa conversaram com André Franco, analista de criptomoedas da Empiricus, sobre as perspectivas para as moedas digitais após o tombo do principal ativo digital - um movimento sentido até pelo Nasdaq na manhã de hoje. Confira:

Briga de cachorro grande

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prometeu e de fato entregou. A Casa discute hoje a Medida Provisória que abre caminho para a privatização da Eletrobras. Confira aqui o que está em jogo com essa Medida provisória e quanto a estatal pode vir a valer.

As ações da Eletrobras (ELET3 e ELET6) acompanham os movimentos da MP, com o mercado apostando cada vez mais fichas na aprovação da medida. Só em 2021, a valorização dos papéis gira em torno dos 20%, subindo dos R$ 32 para o patamar dos R$ 40 só com a reação aos acenos do governo.

A oposição já anunciou que irá tentar barrar a MP e recorreu ao STF. Para alguns dos deputados, a medida é inconstitucional e irá pesar no bolso dos contribuintes. 

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Mas o mercado está otimista e, com isso, todo o setor de energia elétrica tirou uma casquinha desse sucesso todo. 

Outro setor que teve razões para comemorar hoje foram os frigoríficos. A Argentina bloqueou as exportações de carne bovina do País por 30 dias. A analista Paloma Brum, da Toro Investimentos, destaca que as empresas podem acabar se beneficiando deste cenário já que a demanda internacional deve ser redirecionada para o Brasil, competidor direto da carne argentina. Confira as maiores altas do dia:

CÓDIGONOMEULT VAR
BRFS3BRF ON    22,436,51%
CMIG4Cemig PN      13,244,83%
ELET3Eletrobras ON       42,504,17%
MRFG3Marfrig ON       19,034,16%
SANB11Santander Brasil units        41,083,48%

Na ponta contrária, as empresas com exposição ao minério de ferro recuaram forte, depois de praticamente carregar nas costas o Ibovespa nos últimos meses. A cotação da commodity e do aço caíram forte na China. 

Segundo a analista da Toro o movimento é um reflexo de um alívio do receio com relação à possíveis restrições adicionais a siderúrgicas no país, o que poderia levar a um corte na produção. Também existe uma expectativa de desaceleração das atividades de construção no gigante asiático, com a proximidade da estação de chuvas, o que afeta a demanda. 

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CÓDIGONOMEULT VAR
CSNA3CSN ON     47,27-3,94%
CYRE3Cyrela ON       23,19-3,66%
HGTX3Cia Hering ON       28,57-3,22%
EMBR3Embraer ON       15,91-3,11%
LAME4Lojas Americanas PN        18,97-2,82%

Pazuello na CPI

O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, começou a dar o seu depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira. Sua fala era uma das mais esperadas desde a criação da Comissão, porque, durante sua gestão, a crise do coronavírus se agravou em Manaus, com problemas na distribuição de oxigênio e superlotação dos hospitais. 

Como tem sido comum ao longo da CPI, o depoimento seguiu no radar, mas acaba não refletindo no saldo final das negociações.

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