A indisponibilidade de produtos nas gôndolas e prateleiras dos estabelecimentos comerciais pode acarretar grandes prejuízos para as partes envolvidas nessa cadeia logística. Porém, o que caracteriza a indisponibilidade? Trata-se da falta da mercadoria no momento em que a venda seria realizada. O consumidor quer adquirir um item, mas não encontra o que deseja.
Há vários motivos pelos quais um produto pode estar indisponível na gôndola em um ponto de venda (PDV). Pode ser um desajuste na relação entre indústria, distribuidores e varejo. Ou problemas de reposição, que deixam o estabelecimento sem estoque.
Pode ser ainda insuficiência de mão de obra para reabastecer o PDV. Há até a possibilidade de o produto estar fora de lugar. O desafio está em como identificar, e antecipar, as causas da indisponibilidade.
Para que não se torne um problema crônico, se faz necessário acompanhar de perto todas as etapas do processo, desde a produção até o consumo final, e identificar onde está ocorrendo a quebra. Só assim é possível evitá-la.
É preciso investigar se há o devido cuidado em todas as operações, se há verificação constante nos estoques. As prateleiras devem ser sempre reabastecidas com eficiência. A mercadoria existente na loja não pode ficar longe da vista do comprador.
Além disso, o fluxo de produtos deve ser organizado. O lojista deve entender a dinâmica de compra do consumidor: quais produtos têm maior giro? Quais têm menor saída? O fator sazonalidade influencia? O que os novos comportamentos dos clientes finais dizem? As respostas vão garantir a disponibilidade deles.
É essencial buscar estratégias para ter uma cadeia de suprimentos eficiente, funcional e contar com equipes e parceiros competentes para garantir o sucesso das operações.
O prejuízo sempre é compartilhado entre a indústria e o varejo. Segundo pesquisa da Neogrid, quando o consumidor não encontra determinado produto, quase um terço (32%) opta por comprar algo similar de outra marca.
Nesse caso, quem perde é o fabricante, pois permite que o seu cliente conheça um produto concorrente. Como diz o ditado: “Quem não dá assistência abre espaço para a concorrência”.
O prejuízo pode ser também do varejista, uma vez que pouco mais de um quinto dos consumidores (21%) opta por comprar o mesmo produto em outra loja. Mais da metade dos clientes finais, portanto, troca de loja ou de produto quando não encontra o que deseja onde deseja.
Alguns se mantêm fiéis à marca, adquirindo um artigo do mesmo fabricante (17%), mas outros 19% deixam de comprar, de acordo com a pesquisa da Neogrid.
Então, quem mais sofre com a indisponibilidade? Todas as partes são afetadas nessa cadeia: o lojista perde oportunidades de venda e a indústria vê a cobertura de mercado diminuir. E perde o cliente, claro, que fica insatisfeito com sua experiência de compra.
Com a pandemia da Covid-19, houve mudanças na forma como o consumidor faz suas compras. Com as medidas de segurança de isolamento e distanciamento social, ocorreu provavelmente um adiantamento de transformações que levariam mais tempo para serem adotadas pela população. As pessoas, por exemplo, optaram muitas vezes pelas compras online, sem sair de casa.
Segundo a Nielsen, houve aumento de 41% nas vendas no e-commerce. Outro dado que mostra essa mesma tendência é que, em 2020, 13 milhões de brasileiros fizeram sua primeira compra pela internet.
Nesse contexto, as empresas devem refletir se estão utilizando toda a tecnologia disponível de forma adequada para aumentar os próprios resultados. Elas devem também pesquisar se há softwares mais modernos e inteligentes que possam ajudar na logística e calcular fluxo, quantidades e quais iniciativas poderiam aumentar seus lucros.
O mundo vive um momento instável e de incertezas. A pandemia teve um impacto geral negativo sobre os negócios de 70% das empresas brasileiras, segundo o IBGE, o que reforça que fabricantes e lojistas precisam investir em novas e mais modernas ferramentas para se manterem da melhor forma no mercado.
Ninguém quer perder receita por erros evitáveis ou por não apresentar uma alternativa de compra aos seus clientes. Afinal, se o consumidor final não comprou, ninguém vendeu. Só houve uma transferência de produtos entre empresas.
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