Os mercados domésticos vêm sofrendo pressões de todos os lados, que parecem só crescer ou se alternar. Do risco político ao fiscal, da variante delta ao Afeganistão, das incertezas quanto ao fim dos estímulos nos Estados Unidos à inflação local e a consequente alta na taxa Selic.
Vemos pressão na bolsa com a queda sobretudo das ações mais sensíveis à alta da Selic, como as das empresas de tecnologia; nos juros, com o aumento do risco-país e da inflação, o que já pesa no custo dos financiamentos; e também no câmbio, que embora até tivesse razões para se apreciar, continua fraco, com todos os riscos locais.
As reportagens que se destacaram na última semana são exemplares desta pressão que o investidor brasileiro vem sofrendo.
Tem gestora que ganhando dinheiro com aposta na queda de ações; orientações para quem quer comprar imóvel financiado e ainda aproveitar taxas amigáveis; análise das ações tech massacradas na bolsa; e até gestor dizendo que a bolsa brasileira está barata - mas não atrativa.
A panela de pressão pode até não explodir - por sinal, se usada corretamente, a chance de isso acontecer é bem baixa -, mas certamente faz o investidor passar um calor.
A notícia boa é que, apesar de tudo, no fim da semana os mercados tiveram um alívio vindo do exterior, o que deu espaço para o Ibovespa fechar a semana no azul e voltar a ficar positivo no ano.
Veja a seguir as principais reportagens do Seu Dinheiro na semana:
1. O show de Powell
Nesta semana, os mercados globais praticamente giraram em torno da fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole. A expectativa era de que o chefe do banco central americano desse alguma previsão de quando as medidas de estímulo monetário vão começar a ser retiradas.
O discurso só aconteceu na sexta-feira, e Powell indicou que a retirada dos estímulos deve começar ainda em 2021, mas sem alta de juros, e os mercados reagiram com otimismo. No Brasil, o Ibovespa terminou o dia em alta de 1,65%, acumulando ganho de 2,22% na semana, indo a 120.677 pontos. Veja aqui o balanço dos mercados na sexta e na semana.
2. IRB ainda está caro
A gestora carioca Squadra, que detectou as inconsistências no balanço do IRB e apostou na queda das ações da resseguradora, mantém a sua posição vendida e acredita que os papéis podem cair ainda mais. A casa também lucrou recentemente com a queda das ações da Cogna e da sua subsidiária Vasta, e fala sobre todos esses trades em carta publicada na última semana.
3. Vai financiar imóvel? Melhor correr…
O atual ciclo de alta da taxa Selic já começou a pesar nos juros do financiamento imobiliário. Mas as taxas das linhas de crédito para comprar a casa própria ainda estão historicamente baixas. Para quem quer comprar imóvel financiado com juros ainda amigáveis, a hora é agora, antes que as taxas acabem subindo ainda mais.
Conheça, nesta matéria, os quatro tipos de financiamento imobiliário disponíveis hoje no Brasil e para quem se destina cada um deles. Confira também as taxas praticadas pelos principais bancos.
4. O massacre da tech aberta
Abrir capital na bolsa é se expor, para o bem ou para o mal. No caso das ações de tecnologia que fizeram IPO recentemente, essa exposição veio acompanhada, na maioria dos casos, de um verdadeiro banho de sangue na bolsa. Após um namoro inicial com os investidores, muitas das ações dessas empresas começaram a amargar perdas vertiginosas. Afinal, o que se passa? Era uma bolha? O Victor Aguiar respondeu aqui.
5. Está barato, mas não o bastante
A bolsa brasileira está barata. Muitos analistas e gestores concordam com essa afirmação, como também é o caso de Marco Aurélio Freire, sócio-gestor da Kinea. Mas, para ele, as ações brasileiras ainda teriam que se desvalorizar mais para ficarem realmente atrativas. O problema são justamente os juros: o aumento do custo de oportunidade tornou mais difícil, para o investimento em renda variável, bater a renda fixa.
O Vinícius Pinheiro conversou com o gestor para saber em quais empresas ele está apostando nesse cenário mais espinhoso. Recomendo a leitura!