Quando eu estava na terceira série do ensino médio, o coordenador do curso deu um alerta aos alunos: em geral os estudantes agem como se o vestibular fosse o objetivo final, e quando passam têm aquela sensação de “ah! Nunca mais vou precisar estudar!”
Mas é depois do vestibular que a coisa começa a ficar séria. Na faculdade, é preciso estudar para valer, e não mais só para passar nas provas, mas para se formar um profissional.
Eu não sei se plantar expectativa é uma receita certa para colher decepções, como muitos dizem por aí. Mas uma coisa sim é certa: bater uma meta não necessariamente significa que os seus problemas vão se resolver da noite para o dia. A vida não é como um videogame ou um conto de fadas em que salvar a princesa garante um “felizes para sempre”.
Tem sido assim com a pandemia de covid-19. A descoberta da vacina, e mesmo a aprovação dos imunizantes e o início da vacinação, não fizeram o coronavírus desaparecer. Assim como o vestibular, tudo isso é apenas o início da solução.
Ainda tem muita água para rolar debaixo dessa ponte até nos formarmos com louvor, imunizados, livres de máscaras e de volta à vida normal. E até lá, o vírus continuará avançando tanto quanto conseguir, mais gente vai morrer e novos lockdowns serão necessários - como já está ocorrendo.
O mercado vive de expectativas e adianta nos preços dos ativos o que os investidores acreditam que vai acontecer no futuro. Mas muitas vezes, eles adiantam demais e até exageram. A bolsa brasileira começou o ano animadíssima com a vacinação no Brasil e no mundo, mas nesta semana parece ter caído na real.
A imunidade de rebanho muito provavelmente será atingida, mas não agora. E por aqui a coisa está mais feia que nos países desenvolvidos. Alegria de pobre dura pouco.
A imunização não está ocorrendo sem percalços, os hospitais estão cheios, mais medidas de distanciamento social estão sendo impostas e está cada vez mais improvável conseguirmos passar por tudo isso sem algum tipo de auxílio para a população outra vez. E não temos bolso fundo, como americanos e europeus.
Nesta semana, o Ibovespa acumulou queda, perdendo o patamar dos 120 mil pontos, e o dólar à vista fechou em alta. A Jasmine Olga conta como foi o dia nos mercados e o fechamento da semana.
MERCADOS
• Na briga de peixes cada vez mais graúdos das plataformas de investimento e bancos digitais, o BTG Pactual reforçou o caixa com uma captação de R$ 2,5 bilhões, por meio de uma nova oferta de ações.
EMPRESAS
• O IRB Brasil fechou novembro com um prejuízo de R$ 124,5 milhões, muito maior que os R$ 23,8 milhões apurados em outubro. A última linha foi afetada pela maior despesa financeira com ajustes sobre o estoque total das previsões de prêmio.
• Vem mais empresa para a bolsa. A novata da vez é a HBR Realty, uma companhia do ramo imobiliário que atua no segmento de desenvolvimento e administração de propriedades. Veja quanto a oferta pode movimentar e os planos da empresa.
• A Ambev fechou uma parceria para a compra de mil vans e caminhões elétricos com a Fábrica Nacional de Mobilidade (FNM), startup criada no ano passado. A empresa de bebidas quer reduzir em 25% a emissão de CO2 em toda sua cadeia em cinco anos.
• Já a Braskem assinou contrato de compra de energia renovável com a Casa dos Ventos, uma das maiores investidoras no desenvolvimento de projetos do segmento no Brasil. É o quarto contrato de compra de energia renovável competitiva assinado pela petroquímica.
ECONOMIA
• O governo do estado de São Paulo anunciou regras mais restritivas de distanciamento social, que valem a partir da próxima segunda-feira. Todo o estado vai entrar na fase vermelha do plano de flexibilização econômica aos finais de semana e feriados, entre outras medidas.
• Em meio ao lento avanço do processo de vacinação, o setor empresarial publicou dois manifestos em menos de uma semana cobrando do presidente Bolsonaro pressa na imunização e criticando a politização por causa das eleições de 2022.
• Bolsonaro disse que o governo buscará fazer a reforma tributária neste ano e negou que o objetivo da medida seja aumentar impostos. Segundo o presidente, é importante ter uma boa relação com o Congresso para que projetos de interesse do governo sejam pautados.
OPINIÃO
• Tempo é o recurso mais valioso e escasso do mundo. Cada pessoa tem uma quantidade limitada dele. Como você tem usado o seu para aumentar o seu patrimônio? Essa é a provocação do nosso colunista Bruno Marchesano no texto de hoje.