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Como ficam as ações dos países emergentes com a recuperação nos EUA?

EUA

O primeiro trimestre de 2021 foi caracterizado pelo desempenho inferior das ações de países emergentes em relação a mercados desenvolvidos, como o dos EUA. 

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O movimento se assemelha ao que vínhamos observando desde o final do último grande ciclo de commodities, que fez presença da década de 90 até o início do século XXI. Desde a crise de 2008, mais especificamente, vemos uma performance de emergentes bastante fraca.

2021, por sua vez, começou com um surto de otimismo, ainda na esteira da eleição de Joe Biden, com perfil mais multilateral para o comércio global, e das expectativas para a retomada da economia global. Contudo, a fria realidade da pandemia acalmou o espírito dos investidores.

Para piorar ainda mais, os EUA pressionaram com a combinação de entrega competente de vacinas e uma expansão fiscal e monetária sem precedentes. Assim, o entendimento passou a ser o de que os EUA poderiam alcançar um rápido retorno à tendência de crescimento, desencadeando uma alta dos yields e um fortalecimento do dólar.

Em última instância, a subida das taxas de juros de mercado acontece, portanto, por conta da expectativa de retomada das economias e forte crescimento em 2021 e 2022, sem que as condições financeiras sejam excessivamente apertadas. 

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Em outras palavras, uma economia forte significa lucros se expandindo. Como, no final do dia, as ações acompanham mesmo os lucros, há um fluxo de recursos para os EUA em detrimento do movimento verificado no final do ano passado.

Com isso, ao final do trimestre, parecia que a tão esperada recuperação dos emergentes havia entrado em espera novamente, até que os mercados começassem a normalizar suas posições nos EUA.

Muito por conta disso, os mercados menos caros foram os de pior desempenho no trimestre, já que os investidores continuaram a se concentrar nos motivos que tornaram esses mercados baratos - fluxo de recursos para os EUA.

Não foi a vez da reversão à média

Turquia e Brasil, antes promessas, tiveram um período complicado, muito por conta da pandemia e das problemáticas econômico-fiscais. A África do Sul e o Chile, por outro lado, foram exceções positivas, em grande parte se beneficiando do aumento dos preços dos minérios e, no caso do Chile, de um trabalho eficiente na distribuição de vacinas.

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De qualquer forma, todos os mercados já caros dos países desenvolvidos, como o dos EUA, tiveram desempenho superior.

Fica a lição: no curto a médio prazo, o momentum é uma força mais poderosa do que a reversão à média.

Ainda que os mercados emergentes estejam descontados e mereçam atenção, as condições imediatas impediram a formação de um fluxo de recursos contundentes para os mesmos.

A consequência?

Bem...

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Razão de preços sobre lucro (P/L ou P/E em inglês) combinada (média do P/E 10, P/E final e P/E projetado para frente) apresentou uma leitura atual de 33 vezes, versus o patamar de 34,8 vezes registrado em julho de 1999. Por sinal, em março de 2020, no pior momento da crise dos mercados financeiros devido a pandemia, o indicador apontou para 17,3 vezes.

Se mantivermos o lado dos lucros estáveis, tudo o que precisamos é de mais 5% para tirar o máximo de todos os tempos. Porém, estamos entrando em mais uma temporada de resultados que tem tudo para surpreender positivamente as expectativas e revisar para cima as projeções de lucros, corrigindo um pouco o indicador.

Ainda assim, mesmo que não haja um sell-off dos ativos de risco dos EUA, dificilmente veremos um movimento de repúdios aos mercados emergentes como vimos no primeiro trimestre. Isso se deve à provável alta mais gradual dos yields estadunidenses a partir de agora.

Veja, mesmo os economistas mais pessimistas sobre o processo de alta dos juros não esperam uma escalada além do nível de 2,25% nos juros de 10 anos do tesouro americano; isto é, um provável nível alvo para essa referência seria a faixa de 50 pontos base entre 1,75% e 2,25%.

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Dessa forma, o espaço para subidas adicionais seria mais limitado, não havendo maiores problemas para as ações de emergentes. Como disse, os movimentos serão graduais agora.

Os EUA ainda têm muito estímulo monetário e fiscal, condição que deverá se manter pelos próximos anos. Com taxas de juros tão baixas pelo menos até 2023, dificilmente veríamos um movimento profundo de venda.

A perpetuação da condição de menos atratividade de emergentes, porém, deverá ser alterada.

O que fazer?

Com isso, os investidores deverão dar atenção aos mercados baratos com boas perspectivas de crescimento. 

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Além disso, assumindo que os recentes aumentos nos preços das commodities podem ser sustentados, mercados como o latino-americano podem surpreender positivamente. Até mesmo porque, se o desempenho acima da média das teses de valor poderá continuar a ser verificado, uma alternativa natural seriam os baratos mercados emergentes.

Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.

Foi com pensamento estratégicos como esse que Felipe Miranda, estrategista-chefe da Empiricus, estruturou sua série best-seller em sua casa de análise: "Palavra do Estrategista".

A ideia aqui é a de compartilhar as melhores oportunidades em diferentes mercados, emergente e desenvolvido, para os mais variados tipos de investidores. Convido a todos que se interessaram pelo tema a checarem com mais profundidade nos escritos de Miranda.

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