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Bitcoin tem dinheiro de máfia?

Ontem, eu estava vestindo uma camiseta que claramente entregava meu envolvimento com cripto.

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Se fosse em 2018, provavelmente ninguém ligaria, mas dado o atual hype do bitcoin, impulsionado pelo investimento recente de US$ 1,5 bilhão da Tesla, alguém puxou assunto no elevador e o diálogo que se seguiu foi mais ou menos este:

Estranho 1 : Esse negócio de bitcoin tá subindo?

Eu: Sim, não para de subir.

Estranho 2: Eu não invisto naquilo que não entendo.

Eu: Você está certo, não deve investir naquilo que não entende.

Estranho 2: Esse negócio tem dinheiro de máfia.

Eu: Cara, você tem que escolher: ou não entende, ou é dinheiro de máfia, as duas coisas não dá.

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E saí do elevador com dois pensamentos: cada um compra bitcoin no preço que merece e “have fun staying poor”.

Para os que não entenderam a referência, essas são duas frases muito comuns que os investidores de cripto (principalmente de bitcoin) falam para os que ainda não investem.

A primeira delas deixa implícito que todos vão ter bitcoin um dia e que aqueles que demorarem muito apenas irão pagar mais caro.

A segunda é um clássico dos bitcoiners para os que tiram sarro do ativo e, em tradução livre, significa “divirta-se continuando pobre”; ou seja, o interlocutor vai rir bastante da brincadeira, mas vai manter-se pobre, ou, pelo menos, não ficará tão rico quanto o investidor de cripto.

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Confesso que, toda vez que saio de casa com esse tipo de camiseta, espero encontrar um sinal de topo, como o motorista do Uber me dando dicas de investimento em cripto.

No entanto, quando ouço o que aquele estranho disse, penso que quem está levando o preço do bitcoin para outros patamares são os investidores institucionais.

Claro que, como analista, não posso me dar ao luxo de me apegar a casos anedóticos e basear minhas teses de investimento neles.

Por outro lado, as buscas no Google pelo termo “buy bitcoin” continuam longe do pico anterior.

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Figura 1. Buscas pelo termo “buy bitcoin” atingiram apenas metade do patamar de 2017  (Fonte: Google Trends)

Isso aponta para o mesmo episódio do estranho 2 no elevador: o bitcoin ainda é visto por boa parte das pessoas como “dinheiro da máfia”, mesmo que isso não tenha nenhum embasamento técnico.

Além disso, o suprimento de bitcoin que não se move há mais de dois anos continua acima dos 46%, o que, no passado mais recente, indicou um meio de ciclo, como você pode ver na imagem abaixo.

Figura 2. Percentual de bitcoins que não se movem há mais de dois anos (Fonte: Glassnode)

Outro dado que indica a entrada de investidores institucionais é a saída de bitcoins das exchanges, movimento que, desde abril de 2020, segue a mesma tendência de queda.

Figura 3. Balanço de bitcoin nas principais exchanges do mercado (Fonte: Glassnode)

Os investidores com mais dinheiro não querem manter a custódia dos seus ativos em exchanges, diferentemente do varejo, que topa esse risco.

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Por isso, acredito que toda essa saída de saldo das exchanges deve-se à nova realidade, de ativo macroeconômico, na qual o bitcoin se encontra.

Sigo achando que quem entrar hoje estará chegando cedo na festa, não apenas para este ciclo, mas para o ciclo maior que pode levar o mercado cripto a atingir US$ 100 trilhões.

E para os estranhos que não acreditam nessa possibilidade, só tenho uma coisa a dizer: “Have fun staying poor”.

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