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Temor fiscal e commodities pesam e Ibovespa opera em queda firme, destoando do otimismo em NY

Touro e Urso, símbolos da bolsa, brigam no mercado financeiro em queda

É possível farejar no ar pelo menos meia dúzia de incertezas que fazem o investidor ficar de cabelo em pé. No começo da manhã até pareceu que o Ibovespa iria aceitar um empurrãozinho do otimismo que reina em Nova York, mas ele foi insuficiente para manter a bolsa brasileira no azul nesta terça-feira (19).

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Após abrir o dia em alta, o principal índice da bolsa brasileira operava em queda de 0,85%, aos 120.213 pontos, por volta das 16h45.

O dólar, que chegou a cair 1,76% na mínima do dia também deixou de acompanhar o clima lá fora e agora sobe com o peso da cautela doméstica. No mesmo horário, a divisa sobe 0,80%, aos R$ 5,3471.

Um assunto que volta e meia reaparece para assombrar os investidores é uma preocupação maior com a situação fiscal do país.

A "euforia" com o início da vacinação havia deixado esse ponto um pouco de lado, mas hoje a cautela fala mais alto, com os investidores pesando com as declarações recentes dos candidatos à presidência da Câmara e os elementos que podem impedir que de fato exista uma vacinação em larga escala.

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Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, e Luciano França, gestor de fundos da Avantgarde Asset Management, indicam que a queda do setor de commodities é outro fator que pressiona o Ibovespa nesta manhã.

Na sessão de ontem, empresas como CSN, Vale e Gerdau se destacaram, impulsionados pelo desempenho positivo da economia chinesa , mas hoje operam em queda firme. No momento, quatro das maiores quedas do índice são de companhias do setor.

Resgatando velhos medos

O que azedou o humor dos investidores na parte da manhã foi a corrida presidencial para o comando da Câmara dos Deputados.

Camila Abdelmalack aponta que o mercado está de olho como cada um dos canditados — Baleia Rossi (oposição com o apoio de Maia) e Arthur Lira (candidato do governo) — acham sobre medidas que podem pressionar a condução fiscal do país. E os dois abriram a possibilidade de que uma extensão do auxilio emergencial seja pautada.

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Esse é um medo que os investidores haviam deixado de lado com o início da vacinação no país, mas a nuvem de incertezas que cerca todo o processo levanta dúvidas sobre a capacidade do país em lidar com a crise sem a necessidade de aumentar o rombo nas contas públicas.

Sol com nuvens

O entusiasmo com o início da vacinação no Brasil e o clima positivo das bolsas internacionais é eclipsado por inúmeras incertezas que rondam o próprio processo de vacinação.

A primeira delas é sobre os meios para facilitar a vacinação em larga escala. O ministério da Saúde ainda não apresentou um cronograma detalhado e teve problemas logísticos de distribuição das doses logo no primeiro dia de vacinação. Segundo analistas do mercado, o ritmo de vacinação é essencial para manter o otimismo.

Ainda falando de vacina, o presidente Jair Bolsonaro e o governador João Doria seguem se estranhando em rede nacional. A condução caótica da pandemia por parte do governo federal começa a se refletir na popularidade do presidente. A sua reprovação subiu de 35% para 40% de acordo com a nova pesquisa XP/Ipespe. Já o percentual dos que veem a gestão Bolsonaro como ótima ou boa caiu de 38% para 32%.

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O mercado teme que essa queda significativa faça o presidente flertar mais uma vez com medidas populistas que podem pressionar ainda mais o teto de gastos e a saúde fiscal do país.

Temos também problemas com insumos para a fabricação das doses já autorizadas pela Anvisa. Os impasses diplomáticos entre Brasil e China, uma das características do governo Bolsonaro, é uma das razões para o problema. Segundo informações da CNN Brasil, o governo brasileiro agora tenta uma reaproximação para garantir a fabricação das doses.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, colocou na agenda uma audiência com o embaixador da China, Yang Wanming, para tentar resolver a questão.

Atrasos na vacinação — seja por erro logístico, atritos políticos ou falta de insumo — é sinônimo de um adiamento da tão sonhada retomada econômica.

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Washington nos holofotes

É possível que você ainda ouvirá falar muito de Janet Yellen, ex-presidente do Federal Reserve, pelos próximos quatro anos. Hoje é ela que sustenta as expectativas positivas do mercado internacional. Yellen foi indicada por Biden para assumir o Tesouro americano e discursou hoje na Câmara dos Representantes.

Assim como era esperado pelo mercado, a futura secretária do Tesouro confirmou as expectativas e defendeu o pacote de US$ 1,9 trilhão proposto por Biden, disse que os EUA não irão desvalorizar o dólar para ganhar vantagem competitiva e defendeu reverter os benefícios fiscais concedidos por Trump.

As bolsas americanas chegaram a perder um pouco da força ao longo da manhã, mas a fala de Yellen fez os investidores recuperarem o fôlego, com destaque para o Nasdaq, que sobe mais de 1%. Na Europa, a maioria das bolsas fecharam no vermelho, refletindo uma preocupação com a questão do coronavírus.

Sobe e desce

As ações ligadas ao setor de commodities brilharam na sessão de ontem. Mas hoje a história é outra. Além das empresas refletirem um recuo do minério de ferro, existe um movimento natural de realização de lucros.

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A PetroRio também aparece entre os destaques negativos. A companhia, que teve uma valorização muito expressiva nos últimos meses, anunciou um follow on. É recorrente que os investidores busquem puxar para baixo a cotação antes da oferta. Confira as principais quedas desta terça-feira:

CÓDIGONOMEVARIAÇÃO
CSNA3CSN ON-4,77%
USIM5Usiminas PNA-4,38%
HAPV3Hapvida ON-3,35%
GOAU4Metalúrgica Gerdau PN-2,94%
GGBR4 Gerdau PN -2,87%

O BTG Pactual segue em alta após confirmar uma nova oferta de ações na semana passada. Já a Suzano surfa tanto a onda da valorização do dólar (que beneficia exportadoras) como também o aumento dos preços da celulose. Confira as maiores altas do dia:

CÓDIGONOMEVARIAÇÃO
TOTS3 Totvs ON3,47%
BPAC11 BTG Pactual units 3,33%
SUZB3 Suzano ON 3,29%
HYPE3Hypera ON2,60%
PCAR3Pão de Açúcar ON2,13%
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