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Commodities em alta levam o Ibovespa acima dos 120 mil pontos pela primeira vez desde fevereiro; dólar recua

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Enquanto o cenário brasileiro ameaça afundar com o peso das incertezas políticas e problemas fiscais, as empresas do setor de commodities correm ao resgate do Ibovespa para salvar o dia, tal qual as meninas superpoderosas. Peço perdão ao leitor por reciclar a mesma piada feita ontem, mas é que não existe forma melhor de explicar a importância dessas empresas  para o bom desempenho da bolsa brasileira. 

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Frigoríficos, siderúrgicas, mineradoras e petroleiras surfam uma onda tão boa que nem mesmo a tensão absurda que toma conta do cenário político-fiscal é capaz de minar o desempenho dessas companhias, já que o grande peso que representam para a bolsa acaba ganhando o cabo de guerra. 

Essa situação tem se tornado frequente e hoje foi mais um desses dias. Com as commodities em alta e Brasília arrastando os seus problemas mais uma vez, o Ibovespa registrou a terceira alta consecutiva e retomou o tão sonhado patamar dos 120 mil pontos pela primeira vez desde fevereiro.

Em dia de vencimento de opções, o que movimentou os negócios, o principal índice da B3 avançou 0,84%, aos 120.294 pontos, e, na máxima, chegou a flertar com os 121 mil. O que impediu uma alta mais expressiva foi o clima em Nova York - as bolsas acabaram fechando mistas com a pressão inflacionária voltando a falar mais alto. 

O dólar à vista chegou a ter uma alta pontual pela manhã, mas o sentido que prevaleceu foi o de queda. Com o mercado internacional favorecendo uma busca por risco, a moeda americana foi penalizada e terminou o dia com um recuo de 0,82%, aos R$ 5,6705. 

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Com os ventos soprando a favor dos mercados emergentes, o mercado de juros também tirou o dia para dar uma “acomodada”, ainda que os Treasuries tenham voltado a apresentar alta nos Estados Unidos. Ontem os principais contratos apresentaram um avanço significativo, um dos gatilhos para um ajuste técnico nesta tarde. Confira as taxas de fechamento:

Enquanto uns salvam o dia...

O setor de commodities segue garantindo um fôlego extra para o Ibovespa. Dentro do vasto universo que forma o segmento, as ações das siderúrgicas merecem um destaque especial. 

Com o mundo desenvolvido indicando que o fim da crise está próximo, os governos começam a aquecer os seus motores e planejar injeções trilionárias em infraestrutura. É só olhar para a China e para os Estados Unidos, as duas principais potências mundiais, que já anunciaram planos nesse sentido para recuperar os seus mercados de trabalho. 

Além disso, o minério de ferro segue em uma escalada forte desde o início da pandemia. E, com as projeções de obras para os próximos anos e o déficit de oferta, a situação não deve ser revertida tão cedo. As siderúrgicas ainda possuem um ponto extra: expectativas positivas para o reajuste do aço no mercado doméstico. 

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As commodities metálicas brilham mais forte, mas não são as únicas estrelas do setor. O petróleo voltou a ter um dia de avanço expressivo no mercado internacional, subindo cerca de 5% e mais uma vez puxando as ações de Petrobras e PetroRio. Os gatilhos para a valorização nesta quarta-feira foram a queda dos estoques nos Estados Unidos e a melhora das projeções  de demanda global feitas pela Opep. 

Os frigoríficos também tiveram espaço para brilhar. Além do câmbio forte, a queda do preço do boi gordo favoreceu o setor.

Fora do setor de commodities, a CVC se destacou em alta após a notícia de que o governo brasileiro caminha na aquisição de novas doses de vacinas. Confira as maiores altas do dia:

CÓDIGONOMEVALORVARIAÇÃO
MRFG3Marfrig ONR$ 18,855,54%
CVCB3CVC ONR$ 21,435,36%
USIM5Usiminas PNAR$ 20,814,21%
BEEF3Minerva ONR$ 11,023,86%
VALE3Vale ONR$ 107,003,30%

Confira também as maiores quedas:

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CÓDIGONOME VALORVARIAÇÃO
COGN3Cogna ONR$ 4,13-4,62%
SULA11SulAmérica unitR$ 32,60-3,44%
IGTA3Iguatemi ONR$ 36,82-3,18%
LAME4Lojas Americanas ONR$ 23,31-3,16%
ENEV33Eneva ONR$ 16,31-2,80%

...Outros azedam os negócios

A preocupação com o cenário político-fiscal segue longe de ser dissipada. Em Brasília, as preocupações se acumulam e não caminham.

O mercado monitora o andamento da CPI da Covid, que deve “apurar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio para os pacientes internados” nos primeiros meses de 2021. Isso sem tirar os olhos do Orçamento de 2021, que ainda não foi sancionado e da tentativa do governo de burlar o teto de gastos com uma nova PEC. 

A ideia principal seria acomodar as emendas parlamentares presentes no Orçamento, mas o projeto não pegou bem, e o governo já vem repensando a medida. O texto principal ainda precisa da sanção presidencial para ser aprovado - outro impasse. Enquanto a equipe econômica afirma que Bolsonaro deve retirar alguns pontos por abrirem espaço para pedaladas fiscais, o Congresso pressiona pela aprovação do Orçamento integralmente.

Tá quente ou tá frio?

O mercado americano está indeciso. Se uma hora os investidores aceitam o discurso do Federal Reserve de que a inflação deve ser passageira, na outra os olhares são de desconfiança. 

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Impulsionadas pela alta do petróleo, as bolsas americanas abriram o dia no azul e chegaram a repercutir de forma positiva os discursos de Jerome Powell, presidente do Fed, e da chefe do Banco Central Europeu, Christine Lagarde. As duas autoridades monetárias voltaram a defender a permanência dos estímulos fiscais. Powell chegou a afirmar que antes de uma alta dos juros, deve ser feita uma redução na compra de ativos. 

A divulgação do Livro Bege do Federal Reserve, com as principais perspectivas econômicas para a economia americana, no entanto, azedou o humor em Nova York. Isso porque o documento reforçou que os preços e a inflação devem seguir pressionados no curto prazo.

O otimismo com os bons resultados dos bancões americanos acabou indo por água abaixo, e os principais índices recuaram das máximas históricas. O Dow Jones foi a única exceção, subindo 0,16%. Já o S&P 500 e o Nasdaq recuaram respectivamente 0,41% e 0,99%. 

As bolsas asiáticas fecharam em alta durante a madrugada e as bolsas europeias seguiram o mesmo compasso, ainda repercutindo o outro lado da inflação americana - aquele que prevaleceu ontem nos mercados. 

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*Colaboraram Marcio Lórega, analista-técnico da Ativa Investimentos e Rodrigo Barreto, analista da Necton Investimentos.

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