Recheada de dados econômicos importantes, a semana que chega ao fim foi um grande balde de água fria para os investidores. A maior parte dos números divulgados frustraram as expectativas do mercado e isso, claro, reflete no humor do Ibovespa.
Pela manhã, foi a vez do mercado de trabalho americano decepcionar os investidores. O relatório de emprego dos Estados Unidos, o payroll, veio bem abaixo das expectativas. O país criou 235 mil postos de trabalho em agosto, mas a mediana das expectativas era de 750 mil. Além disso, o PMI composto caiu a 55,1.
A frustração com os números deixam os próximos passos do Federal Reserve bem mais difíceis de prever. Assim, as bolsas americanas operam mistas, sem muita força para voltar às máximas. No Brasil, o Ibovespa até tentou recuperar parte das perdas recentes, muito influenciado pela alta do minério de ferro, que voltou a subir após quatro dias de queda, mas não sustentou o ritmo.
Além de Nova York não ajudar, a proximidade do feriado de 7 de setembro traz cautela aos negócios locais, principalmente após o presidente Jair Bolsonaro voltar a adotar um tom bélico para falar sobre as manifestações na próxima terça-feira (07). Por volta das 15h40, o principal índice da bolsa operava em queda de 0,51%, aos 116.083 pontos. O dólar à vista tem dia de grande instabilidade e sobe 0,07%, a R$ 5,1865. O mercado de juros também opera pressionado:
- Janeiro/22: de 6,85% para 6,88%
- Janeiro/23: de 8,67% para 8,73%
- Janeiro/25: de 9,77% para 9,87%
- Janeiro/27: de 9,93% para 10,31%
No Velho Continente, o dia também foi de cautela, com as principais bolsas fechando o dia no vermelho. Além do impacto negativo dos números americanos, números divulgados mais cedo mostram que o setor de serviços europeu também perde força, ainda que siga em crescimento. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do bloco caiu para 59 em agosto. Já o PMI composto caiu para 59, enquanto o PMI de serviços recuou para 60,8.
Ameaças indigestas
O feriado de 7 de setembro se aproxima e com ele o temor de que a crise institucional que reina em Brasília ganhe novos capítulos.
Hoje, o presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer ameaças que não são bem recebidas pelo mercado e flertam com uma ruptura institucional. Em uma tentativa de ganhar mais apoio para os atos do dia da Independência, o presidente disse que não irá sair das linhas da Constituição, mas que "duas pessoas precisam entender o seu lugar", sem citar os desafetos Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
Desvio de rota
Para Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco digital Modalmais, o número abaixo do esperado do payroll mostra "evidente impacto da variante delta no ritmo de criação de vagas". Com a queda dos pedidos de auxílio-desemprego, o economista começa a ver uma queda na probabilidade de redução de estímulos monetários no curto prazo.
Sobe e desce do Ibovespa
Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
YDUQ3 | Yduqs ON | R$ 24,90 | 1,63% |
RADL3 | Raia Drogasil ON | R$ 25,85 | 1,61% |
BBSE3 | BB Seguridade ON | R$ 18,94 | 1,34% |
AMER3 | Americanas S.A | R$ 41,84 | 1,26% |
FLRY3 | Fleury ON | R$ 23,66 | 1,24% |
Confira também as maiores quedas:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
EMBR3 | Embraer ON | R$ 21,77 | -4,43% |
PRIO3 | PetroRio ON | R$ 17,98 | -4,21% |
EQTL3 | Equatorial ON | R$ 25,00 | -3,92% |
CVCB3 | CVC ON | R$ 19,62 | -3,59% |
RAIL3 | Rumo ON | R$ 18,36 | -3,42% |