Em plena pandemia, a indústria de fundos vive um "boom", induzido por fatores que envolvem desde o baixo custo de oportunidade até o aumento de reservas de investidores.
O cenário favoreceu profissionais que, em meio a questões pessoais, deixaram tesourarias e assets para empreender mesmo diante da piora nas projeções de PIB e confiança dos empresários, além de turbulências políticas.
Somente neste ano até março, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) já registrou 27 novas gestoras, ou quase a metade do resultado de um 2020 bastante profícuo, com 59 novas casas.
"O Brasil está passando por uma revolução na área de investimentos em que as pessoas buscam assets independentes, bancos digitais, e que entendemos como um caminho sem volta", diz Roberto Reis, ex-Bram, sócio e CIO da Meraki Capital Asset Management. A asset nasceu com R$ 1,3 bilhão sob gestão.
Crescimento acelera desde 2017
As gestoras independentes crescem de forma acelerada desde 2017. Em três anos, o ranking da Anbima ganhou cem novos nomes, o mesmo número de assets que surgiram em cinco anos, entre 2011 e 2016.
Segundo o diretor da associação, Pedro Rudge, a quantidade de investidores em busca de novas de estratégias e diversificação de investimentos, em meio a juros baixos, favorece a expansão.
No meio da pandemia, a migração para plataformas ganhou um impulso, em meio à familiarização com aplicativos e bancos digitais forçada pela exigência do isolamento social contra a covid-19.
As restrições, aliás, impediram gastos na mesma proporção que a de costume pela parcela mais endinheirada da sociedade como, por exemplo, serviços.
A sobra de dinheiro foi, então, desviada para investimentos, como sugere a captação líquida da indústria de fundos crescente nos primeiros meses deste ano depois do resultado do ano passado, quando a Anbima registrou o terceiro maior saldo líquido (captações menos resgates) da série histórica, iniciada em 2002.