A Polícia Federal (PF) cumpre mandado de busca na manhã desta terça-feira (26) no Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio, Wilson Witzel. A operação também tem como alvo o escritório de advocacia da primeira-dama Helena Witzel.
A ação faz parte da Operação Placebo, desencadeada para apurar indícios de desvios de recursos públicos destinados ao atendimento do estado de emergência de saúde pública do coronavírus no Estado do Rio de Janeiro.
Agentes cumprem 12 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Rio. As ordens foram expedidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Agentes cumprem 12 mandados de busca e apreensão em endereços de São Paulo e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, os agentes vasculham a sede da Organização Social IABAS, que celebrou contrato de R$ 850 milhões com o governo do Rio para implantação de hospitais de campanha no Estado.
As ordens foram expedidas pelo Superior Tribunal de Justiça - em razão das menções a Witzel, que tem foro privilegiado. Em nota, a Polícia federal informou que foram compartilhadas com a Procuradoria-Geral da República, dentro da investigação em curso no STJ.
Carla Zambelli
Nesta segunda-feira, em entrevista à Rádio Gaúcha, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), aliada de Bolsonaro, falou de um suposto represamento de operações contra governadores, que passariam a ser deflagradas a partir de agora.
"A gente já teve algumas operações da PF que estavam na agulha para sair, mas não saíam. A gente deve ter nos próximos meses o que a gente vai chamar de 'covidão' ou não sei qual vai ser o nome que eles vão dar. Mas já tem alguns governadores sendo investigados pela PF".
Quando um jornalista, de longe, questionou hoje Bolsonaro se Zambelli tinha informações sobre as investigações da PF, ele respondeu: "Pergunta para ela, pergunta para ela".
Witzel é desafeto de Bolsonaro, que recentemente mudou a cúpula da Polícia Federal, gesto que motivou a saída do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo.
Para o governador do Rio de Janeiro, a operação comprova a interferência do presidente Jair Bolsonaro no órgão. "A interferência anunciada pelo presidente da República está devidamente oficializada", disse, em nota.
Em entrevista exclusiva ao Estadão no final de abril, no dia da demissão do ex-ministro Sergio Moro, Witzel já havia comentado que, enquanto desafeto de Bolsonaro, "não se sente seguro" com possíveis interferências do presidente na PF.
*Com Estadão Conteúdo