Enquanto lida com as feridas ainda abertas das tragédias de Brumadinho e Mariana e com os efeitos do coronavírus na produção, a Vale começa a consolidar o caminho da volta à lucratividade.
A mineradora registrou lucro líquido de US$ 995 milhões no segundo trimestre deste ano, revertendo o prejuízo do mesmo período de 2019.
O resultado poderia ser ainda melhor se não fosse afetado por uma baixa contábil (impairment) em ativos de níquel de US$ 314 milhões e provisões adicionais de US$ 566 milhões para despesas com a Fundação Renova, criada para gerir os programas de reparação dos impactadas do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG).
Dividendos de volta
Para os acionistas, uma notícia tão ou mais importante que a retomada do lucro: a Vale anunciou que vai retomar o pagamento de dividendos. A decisão foi tomada após a empresa avaliar que o momento mais crítico da pandemia da covid-19 foi ultrapassado.
A mineradora pretende pagar os juros sobre o capital próprio de R$ 1,41 por ação aprovados em 19 de dezembro de 2019 no dia 7 de agosto e fazer o pagamento dos dividendos mínimos relacionados ao resultado do primeiro semestre em setembro.
De volta ao resultado do segundo trimestre, a Vale registrou um Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 3,586 bilhões. Esse número desconta as despesas relacionadas a Brumadinho e à covid-19.
Trata-se de uma queda de 23% em relação ao mesmo período do ano passado, mas uma alta de 18% na comparação com os três primeiros meses do ano.
A receita líquida recuou 18% em relação ao segundo trimestre de 2019 e somou R$ 7,518 bilhões, mas avançou 8% na comparação com o período de janeiro a março.
A Vale se beneficiou do aumento de preços no segundo trimestre, além dos maiores volumes de venda de finos de minério de ferro, após um trimestre de volume de produção mais forte e o efeito positivo da desvalorização do real frente ao dólar.