"Uma potência comercial", "Meta trimestral atingida com sólida gestão de custos".
Esses são apenas dois dos relatórios que analisam o desempenho do Grupo Notre Dame Intermédica (GNDI3) no terceiro trimestre e que foram divulgados nesta terça-feira (17). Mas você talvez não adivinhasse que a visão do mercado para a companhia é positiva se olhasse o desempenho das ações do grupo no pregão de hoje.
Após divulgar o seu balanço na noite de ontem (16), os papéis da Intermédica reagem negativamente desde o início da sessão, chegando a cair mais de 4%. O desempenho das ações está longe de refletir a visão do mercado sobre a operadora de saúde.
Vamos aos números: com uma operação verticalizada (ou seja, priorizando uma rede de hospitais, clínicas e centros de diagnóstico próprios) a Notredame teve um aumento de 97,8% no lucro líquido, que foi a R$ 197,2 milhões.
A crise do coronavírus deveria significar uma queda no número de beneficiários – já que o cancelamento de planos individuais e empresariais se acelerou. No entanto, a estratégia agressiva de expansão dos últimos anos, e que continuou durante a pandemia, fez com que a receita ganhasse impulso, subindo mais de 24%, a R$ 2,6 bilhões, e o desempenho operacional, medido pelo Ebitda, aumentasse mais de 50%.
O período foi de consolidações importantes de aquisições realizadas em 2020. Só neste ano foram 12 companhias adquiridas, somando mais de 1 milhão de vidas à carteira de clientes da operadora e adentrando novos cluesters importantes de atuação, como Minas Gerais e Paraná. No segundo semestre, as aquisições representam mais de 600 mil novos beneficiários.
A companhia também apresentou uma melhora em suas despesas financeiras líquidas, que diminuíram 37%. Mas então, o que justifica a queda das ações observada hoje?
Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, vê o movimento de queda hoje como um episódio do clássico 'sobe no boato e realiza no fato'. A economista Paloma Brum, da Toro Investimentos, também tem uma visão semelhante. O movimento de queda estaria mais ligado a uma correção das altas dos últimos dias do que um reflexo do desempenho da companhia no trimestre. Até ontem, a Notredame acumulava uma alta de mais de 12% no mês.
Motivos para sorrir
Em relatório assinado pelo analista Maurício Cepeda, do Credit Suisse, o banco suíço destacou o esforço comercial que fizeram a companhia crescer para além das aquisições, de forma orgânica e superando os desafios impostos pela crise do coronavírus e reforçou que a intensa verticalização da operação permite um crescimento acelerado no futuro.
Outra linha do balanço destacado pelos analistas foi a do crescimento do tíquete médio. O valor cresceu 3,8% do que no mesmo período do ano passado, mesmo após a aquisição da Clinipam, uma empresa com um tíquete médio mais baixo do que a média praticada pelo GNDI.
Com visão semelhante, o Bank of America classificou o balanço como 'sólido e acima das expectativas', também destacando a força da verticalização e da sinergia de suas aquisições, em relatório assinado por Roberto Otero. O processo de verticalização recebeu um empurrãozinho da retomada dos procedimentos eletivos, crescimento da telemedicina e na expansão do número de leitos hospitalares.
O analista do BofA também destacou a posição líquida de caixa da companhia, de R$ 104 milhões, o que deve ajudar a Intermédica a financiar futuras aquisições sem preocupações com alavancagem. Segundo a companhia, ainda há fusões e aquisições pendentes de aprovação regulatória.
O Bank of America mantém sua posição neutra para os papéis, com um preço alvo de R$ 74, já que os analistas do banco acreditam que os fundamentos de longo-prazo positivos já estão incorporados ao valor. O Credit Suisse também mantém uma recomendação neutra, com o preço alvo de R$ 76.
Outra ação de destaque do setor de saúde hoje é a da Qualicorp. Mas no sentido positivo. As ações da operadora avançam após os resultados do terceiro trimestre e o anúncio de duas aquisições. Você pode conferir os detalhes aqui.