Nunca se falou tanto em saúde. Também pudera, 2020 vai entrar para os livros de história como o ano tomado por uma pandemia sem precedentes.
Da noite para o dia a evolução de pesquisas científicas em busca de uma vacina ou tratamento passaram a fazer preço no mercado e cada passo do setor é acompanhado de perto pelos investidores.
Enquanto lá fora o destaque é a busca por uma cura, como ficam as empresas locais do setor de saúde?
No auge da crise do coronavírus, com o isolamento social como regra, hospitais, laboratórios e farmácias sofreram um forte baque. Com menos gente na rua, os procedimentos eletivos ou estéticos ficaram para depois e aquela voltinha na farmácia para comprar um creme hidratante ou anti-gripal definitivamente saiu da rotina. Ao mesmo tempo, a queda no número de procedimentos foi benéfico para as operadoras.
Mas, passado o momento tão crítico, o que podemos esperar? Bom, para os analistas do Bradesco BBI é hora de um merecido respiro depois de um ano tão cheio de altos e baixos.
No relatório assinado pelo analista Fred Mendes, a instituição declara que o terceiro trimestre de 2020 deve ser marcado não só pela recuperação pós-crise, mas também por um crescimento de receita no setor de saúde, colocando o segmento no caminho da recuperação plena nos próximos trimestres.
Para o banco, as empresas têm apresentado sinais de recuperação mais rápido do que o inicialmente esperado.
Os prestadores de serviço, como os laboratórios e centros de diagnóstico, que foi o sub-segmento mais afetado, devem voltar a ver um crescimento no número de exames realizados - incluindo os testes de detecção da covid-19. Esses testes, aliás, devem ter um impacto significativo na receita, sendo um dos motores para a alta.
Confira quais devem ser os destaques de cada setor, segundo o Bradesco BBI.
Operadoras - Crescendo a base
Se você acompanha um pouco mais de perto o setor de saúde, sabe que as operadoras verticalizadas (aquelas que priorizam hospitais, clínicas e centros de diagnóstico próprios) estão em uma verdadeira corrida expansionista. Esse modelo de negócios é representado pela Hapvida (HAPV3) e pela Notre Dame Intermédica (GNDI3).
Essas empresas andam investindo pesado em aquisições e buscam se consolidar também em novos territórios. Só ontem, o GNDI anunciou duas novas compras. Embora o crescimento inorgânico deve impactar positivamente o número de vidas cobertos por essas operadoras, o crescimento orgânico também deve ser um dos destaques.
Para o Bradesco BBI, essa deve ser uma das linhas de destaque do Grupo Notre Dame Intermédica. A companhia deve somar mais de 40 mil vidas orgânicamente e 41 mil inorgânicamente com a contabilização dos números do Grupo Santa Mônica.
No caso da Hapvida, a expectativa é que a base cresça em 10 mil usuários orgânicamente. As sinergias com o Grupo São Francisco também devem ajudar a potencializar o crescimento.
Enquanto as empresas verticalizadas se destacam pelo crescimento de suas bases, a Qualicorp (QUAL3) deve continuar aumentando a sua receita em um nível superior ao visto nos trimestres passado.
"Nós reiteremos nossa preferência por GNDI e QUAL durante a crise da covid-19" - Bradesco BBI
Projeções:
GNDI:
- Receita líquida: R$ 2,6 bilhões
- EBITDA ajustado: R$ 429 milhões
- Lucro líquido: R$ 169 milhões
Hapvida:
- Receita líquida: R$ 2,1 bilhões
- EBITDA ajustado: R$ 478 milhões
- Lucro líquido: R$ 192 milhões
Qualicorp:
- Receita líquida: R$ 520,7 milhões
- EBITDA ajustado: R$ 261,9 milhões
- Lucro líquido: R$ 129,6 milhões
Laboratórios - Hora da virada
Depois de uma queda expressiva na realização de procedimentos eletivos, os volumes de exames realizados voltaram a crescer mais rápido do que o esperado em setembro e já deve impactar positivamente o balanço de Fleury (FLRY3) e Hermes Pardini (PARD3). Os níveis atuais já são semelhantes ao mesmo período do ano passado e podem surpreender.
O impacto dos testes para o novo coronavírus na receita também deve ser positivo. O banco espera que a receita líquida do Pardini cresça 30% e que a do Fleury avance 10%.
O bom momento deve pressionar os resultados do quarto trimestre, indicando que o ponto de virada, depois de meses complicados, já está entre nós.
Para Mendes, as ações do Grupo Pardini são mais atrativas no momento, devido ao seu alto índice de desconto. O Bradesco BBI estima um potencial de alta de 38% para as ações, hoje cotadas a R$ 23.
Projeções
Hermes Pardini:
- Receita líquida: R$ 450,6 milhões
- EBITDA ajustado: R$ 117,6 milhões
- Lucro líquido: R$ 68,8 milhões
Fleury:
- Receita líquida: R$ 833,7 milhões
- EBITDA: R278 milhões
- Lucro líquido: R$ 109,2 milhões
Farmácias - Ruas cheias e e-commerce em alta
Com as ruas cheias novamente, o fluxo de pessoas nas drogarias volta a crescer. Assim, a receita proveniente de remédios não-prescritos e perfumaria volta a crescer, impulsionando o resultado das farmácias e drogarias. No entanto, o analista do Bradesco BBI acredita que estamos apenas no começo dessa recuperação, que tem certo respaldo no crescimento também do e-commerce.
Os impactos negativos ainda serão sentidos no terceiro trimestre, já que as lojas de shopping passaram um período significativo fechadas e a venda de anti-gripais - muito comum durante o inverno -, foi amplamente impactada pela pandemia do coronavírus.
A venda de vitaminas e genéricos também foi amplamente afetada. A expectativa agora é que a estabilização da situação pandêmica no país faça com que a receita provinda de remédios prescritos cresça a 17% do total para a Panvel (PNVL3) e 7% para a Raia Drogasil (RADL).
No geral, a expectativa de crescimento da receita é de 14% para a Raia Drogasil e 6% para a Panvel.
Projeções
RaiaDrogasil:
- Receita líquida: R$ 5,4 bilhões
- EBITDA ajustado: R$ 396 milhões
- Lucro líquido: R$ 178 milhões
Dimed:
- Receita líquida: R$ 758 bilhões
- EBITDA ajustado: R$ 34 milhões
- Lucro líquido: R$ 18 milhões
O que comprar?
Confira as principais recomendações do Bradesco BBI para o setor de saúde.