A Gol anunciou nesta terça-feira (11) que fechou contratos de venda e arrendamento de 11 aeronaves Boeing 737 Next Generation (NG) com a Carlyle Aviation. A empresa pretende substituir o modelo por aeronaves Boeing 737 Max-8 nos próximos anos.
Esse tipo de contrato é conhecido no segmento como "sale and leaseback". Na prática, a Gol vende a aeronave para outra empresa, se desfazendo do ativo, mas ela passa a pagar um "aluguel" pelo uso da aeronave em determinado período de tempo.
Desde 2005, quando a Gol comprou 80 aeronaves da família 737 da Boeing, a companhia está vendendo suas aeronaves a outras empresas e usando os recursos para reduzir seu endividamento.
A Gol diz que a venda dessas 11 aeronaves reduzirá a dívida líquida da empresa em cerca de R$ 500 milhões: uma redução de R$ 130 milhões na dívida de arrendamento financeiro e um aumento de R$ 370 milhões na liquidez de caixa.
A companhia planeja usar cerca de R$ 330 milhões desses recursos para resgatar o montante disponível de suas "Senior Notes" de 8,875%, com vencimento em 2022.
"A GOL acelerou seu plano de renovação e modernização de frota tendo em vista as condições favoráveis do mercado para transações de aeronaves Boeing 737 NGs", disse Richard Lark, vice-presidente financeiro da Gol, em comunicado.
A empresa diz que a receita de gerenciamento de ativos e a redução na despesa de juros contribuirão com mais de R$ 420 milhões no lucro da companhia em 2020, e melhorará os indicadores creditícios da Gol, reduzindo a relação dívida líquida/Ebitda em 0,2 vez e melhorando a relação Ebitda/despesa de juros líquidos em 0,5 vez.
No últimos 12 meses, as ações PN da Gol (GOLL4) passaram por uma valorização de 36%. Nesta terça-feira, os papéis subiam 2,61%, por volta das 11h30. Acompanhe nossa cobertura de mercados.
Renovação da frota
A Gol esclareceu que a venda dos 11 aviões não vai alterar a capacidade operacional da empresa. Os aviões serão entregues ao comprador no momento em que a Gol receber os novos modelos do 737 Max-8.
Os aviões 737-Max são a evolução do 737 Next Generation, aeronave usada pela Gol atualmente. Os Max estão temporariamente proibidos de operar em todo o mundo.
A suspensão ocorreu após dois acidentes em 2018 e 2019 envolvendo o novo modelo da Boeing — um na Etiópia e outro que caiu na Indonésia. Mais de 300 pessoas morreram e a Boeing enfrenta uma severa crise deste então.
O número de pedidos de aeronaves 737 caiu 90% durante o ano passado e as entregas das encomendas já feitas estão suspensas, impactando diretamente os planos de expansão de frotas de companhias aéreas que dependiam do modelo.
A Gol negou, em janeiro, que a demora na retomada de operação do 737 Max represente um revés para os negócios da companhia. "A Gol tem flexibilidade no seu plano de frota para acomodar a nova data que a Boeing indica", disse a empresa ao Broadcast, do Grupo Estado. A fabricante americana diz que deve retomar as atividades do modelo em meados de 2020.
A companhia aérea brasileira mantém sua aposta no modelo. Ela estima que, até 2025, cerca de 50% da frota da Gol será composta de Boeing 737 Max. Segundo a empresa, a transição de frota deve aumentar a produtividade em mais de 20% e reduzir o consumo de combustível em aproximadamente 15%.
A companhia espera criar mais de R$ 4 bilhões em valor para os acionistas nesse processo de transformação de frota — R$ 2 bilhões de valor patrimonial em aeronaves e R$ 2 bilhões em crescimento da receita operacional. Segundo a companhia, esse ganho virá da "maior produtividade da receita e menor consumo de combustível".
Segundo Celso Ferrer, vice-presidente de operações da Gol, a empresa pode operar a um custo menor do que outras companhias aéreas "menos eficientes"— a venda desses 11 NGs reforça a flexibilidade do plano de frota da companhia, ainda segundo o vice-presidente de operações.