Nos debates intelectualmente mais acalorados sobre finanças, a discussão sempre toca na temática de eficiências dos mercados. A hipótese dos mercados eficientes foi criada por Eugene Fama, prêmio Nobel de economia, e sua proposta é a de que toda informação disponível no mercado seria incorporada automaticamente no preço dos ativos, impossibilitando grande arbitragens por distorções de mercado. Evidentemente, existe muita controvérsia sobre o tema em si.
Se por um lado é possível identificar alguns argumentos em prol da eficiência dos mercados, ao mesmo tempo também é plausíveis o desenvolvimento de ponderações contrárias ao ideário. Justamente por isso se trata de uma hipótese apenas, com bastante espaço para discussão. Vale dizer, contudo, que ao passo em que o tempo passa e a tecnologia se desenvolve, é salutar o entendimento que o acesso à informação se torna mais france e o diferencial informacional se torna mais difícil de ser obtido.
Se a escola do valor parte do pressuposto de se arbitrar justamente o diferencial entre valor intrínseco e valor de mercado, poderíamos apontar que caso a hipótese se confirme, ganhos via análise fundamentalista estariam com seus dias contados. No entanto, como se pode perceber, o próprio fato dos agentes conseguirem, com certa consistências, gerar alpha (diferencial a mais sobre o retorno de mercado) é um pilar de sustentação de que o mercado não é 100% eficiente. É bastante, mas não 100%. Existem falhas… espaços… margem para se conquistar o diferencial para com a média do mercado.
Muitas vezes, entretanto, tal ganho a mais frente o mercado é gerado por irresponsabilidade e por sorte. Veja, nada contra a sorte. Tenho total noção de que ela faz parte do processo. O segredo está em consistência - isso distinguiria sorte de competência. Por exemplo, muitas pessoas tem falado para arrojar os portfólio adicionando ativos de risco, como ações no presente momento. Acredito que seja um raciocínio incorreto e irresponsável, haja vista o momento de estresse incerteza pelo qual passamos no presente momento.
No gráfico abaixo, destacamos o processo natural de rebound dos mercados após baixas acentuadas. Note que, em mercados de baixa (bear markets) a trajetória natural é de queda acentuada, recuperação parcial e queda prolongada, testando o fundo anteriormente formado. Um falso bull market no interior de um grande bear market. Basicamente, de bear market rally ou rali de mercado de baixa. Vale perceber também que o fundo verdadeiro se faz bastante tempo depois do primeiro fundo, algumas vezes mais de meses depois. O jogo é longo, demora para se absorver tamanha percepção de que as coisas podem não ser tão fácil como poderíamos pressupor a priori.

Grosso modo, passamos por um momento bastante educacional. Separamos meninos de homem, crianças de adultos. O verdadeiro MBA completo, testando nossa capacidade de se viver sob estresse em condições completamente adversas como a que vivemos. Momentos inesperados e de alto impacto acabaram por nortear grande parte de nossas história, a qual só se faz óbvia depois de vivida. Baixo, deixo outro gráfico ilustrando onde potencialmente nos encontramos, no chamado bull trap. Provavelmente iremos estressar o mercado para baixo mais uma vez. Resta vez qual será gatilho definitivo dessa vez.

Ainda tem bastante água para rolar antes que as coisas se ajustem. Temos reduzido nossa exposição a ativos de risco e carregado posições bastante exacerbadas em proteções clássicas, como moeda forte e ouro dolarizado, além de possuir um caixa maior do que a média poderia indicar.
Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
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