As bolsas globais assumem um tom mais prudente nesta quinta-feira (16), reagindo de maneira cautelosa à bateria de dados econômicos divulgados nesta madrugada na China. A postura não muito entusiasmada de autoridades europeias também contribui para esfriar os ânimos dos investidores, colocando o Ibovespa em baixa nesta manhã.
Por volta de 16h00, o índice brasileiro recuava 1,50%, aos 100.265,54 pontos, acompanhando de perto os mercados externos: na Europa, as principais praças caíram em bloco; nos EUA, o Dow Jones (-0,93%), o S&P 500 (-0,75%) e o Nasdaq (-1,05%) também têm um dia ruim.
No câmbio, o dia é marcado por volatilidade: o dólar à vista flutua entre altas e baixas — no momento, a moeda americana opera em queda de 1,20%, a R$ 5,3211. A divisa tem se mantido na faixa entre R$ 5,30 e R$ 5,40 desde o começo de julho.
Há diversos focos de tensão no radar dos investidores, tanto no Brasil quanto no exterior. Lá fora, a China divulgou um crescimento de 3,2% no PIB do segundo trimestre, dado que superou as expectativas dos analistas. Contudo, a recuperação econômica do gigante asiático ainda não convence o mercado.
E isso porque as vendas no varejo da China recuaram 1,8% em junho, contrariando as projeções de crescimento do indicador no mês passado. Assim, a leitura é a de que, por mais que o PIB tenha se recuperado, a demanda e a confiança dos consumidores do país ainda estão abaladas pelo coronavírus — um sinal pouco animador.
A Europa também traz um noticiário misto nesta quinta-feira: o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros da região inalteradas, mas novamente indicou disposição em "usar instrumentos" para dar suporte à economia.
Por outro lado, a presidente da instituição, Christine Lagarde, disse que as perspectivas para a recuperação econômica da zona do euro ainda são incertas — ela vê um cenário de queda na inflação adiante, o que, de certa maneira, converge com o dado mostrado pela China mais cedo.
Por fim, nos EUA, os novos pedidos de seguro-desemprego na semana totalizaram 1,3 milhão, ficando ligeiramente acima das estimativas dos analistas, de 1,25 milhão — um resultado que ofusca a alta de 7,5% nas vendas no varejo do país em maio.
Vale lembrar que todos esses focos de incerteza surgem num contexto de avanço da Covid-19 no mundo, especialmente nos EUA — o que eleva a preocupação quanto a um eventual retrocesso nos esforços para a reabertura da economia americana. Assim, os investidores optam por assumir uma postura mais cautelosa hoje.
Tensões domésticas
Por aqui, há um importante fator de instabilidade política: o presidente Jair Bolsonaro assinou o novo marco do saneamento, mas vetou o trecho que garantia a renovação dos contratos das empresas estaduais do setor por mais 30 anos — um item que foi negociado diretamente com as lideranças da Câmara e do Senado e que viabilizou a aprovação do texto no Congresso.
Ou seja: abriu-se um novo ponto de atrito entre o governo e os parlamentares — e, para os investidores, isso é sinônimo de risco ao avanço nas pautas econômicas e nos esforços para o ajuste fiscal.
Juros instáveis
As curvas de juros futuros abriram em alta nesta quinta-feira, viraram para queda e, agora, voltam a ensaiar uma abertura. O mercado, contudo, continua apostando em mais um corte na Selic na próxima reunião do Copom, em agosto:
- Janeiro/2021: inalterado em 2,05%;
- Janeiro/2022: de 3,03% para 3,01%;
- Janeiro/2023: de 4,13% para 4,12%;
- Janeiro/2025: de 5,60% para 5,61%.
Top 5
Veja abaixo os cinco papéis de melhor desempenho do Ibovespa nesta quinta-feira:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
COGN3 | Cogna ON | 9,14 | +4,46% |
BPAC11 | BTG Pactual units | 87,61 | +4,32% |
TIMP3 | Tim ON | 15,58 | +2,77% |
VIVT4 | Telefônica Brasil ON | 49,63 | +2,50% |
CVCB3 | CVC ON | 22,09 | +1,80% |
Confira também as cinco maiores baixas do índice:
CÓDIGO | NOME | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
EMBR3 | Embraer ON | 8,29 | -5,80% |
GOLL4 | Gol PN | 21,22 | -3,33% |
BEEF3 | Minerva ON | 13,76 | -3,23% |
JBSS3 | JBS ON | 21,50 | -2,93% |
GGBR4 | Gerdau PN | 16,07 | -2,90% |