O Ibovespa conseguiu superar o seu topo histórico na sessão desta terça-feira (29) e, ainda pela manhã, chegou a dar pinta de que ia ter uma sessão daquelas.
Mas o gás não foi suficiente para que o principal índice acionário da B3 renovasse, também, o seu maior patamar de fechamento — e, ao longo do dia, os investidores tiraram o pé de um ímpeto comprador.
O impulso inicial que o índice ganhou com uma ajudinha do exterior o levou a marcar a máxima de 0,6% por volta das 10h40, cotado aos 119.860 pontos — patamar que é, agora, a máxima histórica intradiária do Ibovespa.
Depois da aprovação do pacote fiscal de US$ 900 bilhões, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos avalizou o aumento do auxílio individual dado aos americanos que recebem menos de US$ 75 mil por ano, de US$ 600 para US$ 2 mil, em meio à pressão do presidente americano Donald Trump.
A medida ainda precisava ser aprovada no Senado e, se passasse, elevaria o valor total do pacote de ajuda para US$ 1,3 trilhão. No entanto, a casa vetou a aprovação rápida da proposta de ampliação da ajuda individual, o que pesou sobre as bolsas do país.
Depois da nova máxima "intraday", o Ibovespa perdeu o gás com um pouco de realização de lucros da parte dos investidores, pressionado por quedas de pesos-pesados como bancos, Petrobras e Vale.
O ambiente externo havia se tornado menos favorável, com as bolsas de Nova York dando uma pausa em seu rali e fechando em quedas de ao menos 0,2%. Ontem, o S&P 500, índice das 500 maiores empresas que o Ibovespa acompanha de perto, havia fechado em nova máxima histórica.
No fim da sessão, o Ibovespa marcou alta de 0,2%, aos 119.409,15 pontos — a pouco mais de 100 pontos da máxima histórica de fechamento, de 119.527,63 pontos, obtida em 23 de janeiro.
Quem sobe, quem desce
Entre os destaques corporativos do Ibovespa, as ações de CSN dispararam quase 5%. Outra siderúrgica, Usiminas também subiu.
Ações da PetroRio fecharam entre as principais altas com o avanço do petróleo do tipo Brent no mercado internacional. Os papéis da Petrobras registraram leves ganhos.
Já a CCR celebrou um aditivo de contrato de concessão do aeroporto de Confins (MG) por meio do qual poderá receber até R$ 352 milhões, o que animou os investidores e impulsionou os papéis da empresa de concessão, que subiu 2,3% hoje.
Veja as principais altas do dia:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
CSNA3 | CSN ON | 32,64 | 5,15% |
USIM5 | Usiminas PNA | 15,08 | 4,29% |
GNDI3 | Intermédica ON | 79,97 | 2,53% |
HAPV3 | Hapvida ON | 15,54 | 2,51% |
PRIO3 | PetroRio ON | 68,16 | 2,43% |
Enquanto isso, ações de administradoras de shoppings ficaram entre as principais quedas do dia. Veja as maiores baixas:
CÓDIGO | EMPRESA | PREÇO (R$) | VARIAÇÃO |
MULT3 | Multiplan ON | 23,35 | -2,19% |
SBSP3 | Sabesp ON | 44,74 | -2,12% |
BTOW3 | B2W ON | 75,89 | -1,49% |
BRML3 | BR Malls ON | 10,10 | -1,46% |
IGTA3 | Iguatemi ON | 37,04 | -1,44% |
Dólar e juros caem
Os investidores monitoraram a agenda econômica doméstica ao longo do dia, que trouxe dados importantes para detalhar o estado da inflação e da atividade econômica, impactando o mercado de juros.
Primeiro, a divulgação do IGP-M, índice conhecido como a inflação do aluguel, que subiu 0,96% em dezembro, fechando o ano com a maior variação anual desde 2002.
No entanto, o desempenho mensal desse IGP foi menor do que o esperado pelo mercado, sob o impacto da desaceleração dos preços do atacado e deflação das matérias-primas brutas.
Deste modo, o mercado de juros futuros apontou um alívio em taxas curtas e longas, apesar de alta nas de curtíssimo prazo (janeiro/2021). As quedas mais intensas foram observadas nos juros para contratos de prazo maior.
Confira as taxas de fechamento dos principais vencimentos:
- Janeiro/2021: de 1,900% para 1,916%
- Janeiro/2022: de 2,91% para 2,88%
- Janeiro/2023: de 4,29% para 4,23%
- Janeiro/2025: de 5,79% para 5,67%
Do lado da atividade econômica, a taxa de desemprego até outubro ficou em 14,3%, abaixo do piso das expectativas dos analistas, o que sugere uma recuperação do mercado de trabalho.
Depois de subir fortemente na sessão de ontem mesmo após intervenção do Banco Central, o dólar caiu 1,1% hoje, aos R$ 5,1829.
Mais cedo, o BC ofereceu US$ 800 milhões em swaps cambiais (operação de venda de dólar no mercado futuro).
O movimento do dólar diante do real brasileiro hoje esteve em linha com o que se viu em relação a moedas emergentes — a divisa também caiu frente ao peso mexicano, rublo russo e o rand sul-africano.