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Ibovespa segue Nova York e sobe com retomada de negociações por pacote de estímulos nos EUA; dólar recua

EUA

O Ibovespa continuou a subir nesta quinta-feira (19), marcando a 10ª alta em 13 sessões realizadas em novembro e alcançando ganhos de 13% no mês.

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Parece bom — e é mesmo. Mas, olhando o quadro completo, não custa lembrar que o principal índice acionário da B3 ainda acumula queda de 8% em 2020, enquanto os índices americanos renovaram as suas máximas históricas, o que indica a continuidade de vestígios dos impactos da crise econômica do coronavírus por aqui.

A entrada de fluxo de investidores estrangeiros tem sido de grande importância em novembro para ajudar o Ibovespa alçar voos maiores, retomando os maiores patamares vistos desde fevereiro — ou, em termos da realidade pandêmica, níveis pré-covid-19.

"Após a perspectiva de uma vacina aparecer, os estrangeiros voltaram para os emergentes", diz Leonardo Peggau, sócio e superintendente de operações da BlueTrade. "Eles devem continuar aumentando as suas posições, e o movimento pode se prolongar a depender da política fiscal do governo."

Só no mês, os gringos ingressaram com aproximadamente R$ 25 bilhões na B3, resultado de R$ 204,4 bilhões em compras e R$ 179,7 bilhões em vendas — impactando tanto as ações defasadas consideradas "pechinchas" quanto o dólar, que prosseguiu em sua trajetória de queda recente.

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A sessão, no entanto, foi repleta de volatilidade, com as bolsas americanas oscilando entre ganhos e perdas — até, finalmente, se estabelecerem em campo positivo.

Para tanto, foram guiadas pela notícia de que o líder da maioria do Senado, Mitch McConnell, concordou em retomar as negociações pelo pacote de ajuda econômica a fim de aliviar as consequência do coronavírus — o que anima as perspectiva de uma retomada econômica mais rápida.

A informação foi dada pelo senador democrata Chuck Schumer durante coletiva de imprensa em Nova York.

"Ontem à noite, eles concordaram em se sentar e as equipes vão sentar-se hoje ou amanhã para tentar começar a ver se podemos conseguir um projeto de lei de alívio da Covid realmente bom", disse Schumer, sobre a disposição dos republicanos em negociar um acordo de alívio econômico, segundo a CNBC.

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“Então, houve um pequeno avanço no fato de o pessoal de McConnell finalmente se sentar e conversar conosco.”

No cenário macro dos Estados Unidos, a economia dá sinais de lenta recuperação. O número de pedidos de auxílio-desemprego do país subiu inesperadamente na semana passada, para 742 mil — a expectativa de analistas era que ocorressem 710 mil solicitações —, o que pesa sobre a avaliação da recuperação do país.

No fim do dia, as bolsas americanas terminaram apontando para cima com a possibilidade de um acordo por estímulos. Tiveram desempenho positivo especialmente as ações de tecnologia, que têm operado sob pressão de venda generalizada dos investidores recentemente após as grandes altas no ano.

O S&P 500 terminou em alta de 0,4%; o Dow Jones, de 0,15%; e o Nasdaq, exibindo o ganho mais forte, de 0,9%.

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Por aqui, o Ibovespa fechou em alta de 0,52%, cotado aos 106.670 pontos.

Mais cedo, o índice havia passado pelo "cabo de guerra" entre ganhos de ações de bancos — como Banco do Brasil ON, Itaú PN, Bradesco PN e Santander units — e empresas de commodity — como Petrobras e Vale —, de um lado, e perdas firmes de papéis do setor de proteínas — Marfrig, BRF, Minerva — e de e-commerce — Magazine Luiza.

No âmbito político local, o atual prefeito e favorito para ser reconduzido ao cargo segundo pesquisas de intenção de voto, Bruno Covas, descartou a necessidade de um novo lockdown na cidade de São Paulo.

Destaques da bolsa

Sem dúvidas, o grande destaque positivo no dia no Ibovespa foram as ações da PetroRio ON, que saltaram fenomenais 30%.

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A empresa fechou a aquisição de fatias em dois campos de petróleo e deve expandir a produção em meio à perspectiva de retomada de valorização dos preços da commodity no exterior.

Perdedoras da crise, as ações Gol PN, Azul PN e CVC ON também avançaram, com a possibilidade de uma vacina contra o coronavírus mais próxima após os animados dados recentes de testes tanto da Moderna como da Pfizer.

Veja as maiores altas do Ibovespa:

CÓDIGOEMPRESAPREÇO (R$)VARIAÇÃO
PRIO3PetroRio ON           46,00 29,94%
GOLL4Gol PN           23,02 4,92%
AZUL4Azul PN           35,68 4,02%
CVCB3CVC ON           16,40 3,47%
CSNA3CSN ON           20,29 3,41%

Papéis do setor de proteínas caíram hoje, em meio à menor importação de carne suína da parte dos chineses. "Também há um movimento de realização de lucros e uma reação negativa à queda do dólar", diz Henrique Esteter, analista da Guide.

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Ações do setor de educação, que caíram ao menos 36% em 2020, recuaram forte hoje, ficando também entre as maiores quedas do Ibovespa no dia. As ações reagem a um cenário desafiador para o setor, em meio ao avanço da covid-19 e efeitos de inadimplência e evasão.

Confira as maiores quedas percentuais do índice:

CÓDIGOEMPRESAPREÇO (R$)VARIAÇÃO
COGN3Cogna ON             4,98 -2,92%
MRFG3Marfrig ON           14,45 -2,50%
BRFS3BRF ON           20,79 -2,49%
YDUQ3Yduqs ON           29,77 -2,39%
BEEF3Minerva ON             9,94 -2,07%

Dólar cai, juros têm leve alta

Nos mercados de câmbio e juros, movimentos divergentes: o dólar manteve a sua trajetória de enfraquecimento e os juros fecharam operando em leve avanço.

No fim da sessão, o dólar recuou 0,44%, para R$ 5,3141, com o mercado de câmbio se aliviando com a entrada de divisas estrangeiras, que aliviou a procura por dólar e foi o fator predominante sobre a moeda.

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Analistas veem o Brasil se aproveitar de um fenômeno de migração de recursos de economias desenvolvidas para os mercados emergentes, cujos preços de ativos se encontram defasados em razão da crise do coronavírus.

Os juros, no entanto, fecharam apontando para cima, embora com ajustes pequenos, após seguirem o recuo do dólar mais cedo. A alta das taxas continua a refletir o desconforto dos agentes financeiros em relação à situação da trajetória das contas públicas.

"O dólar se beneficiou de uma maior entrada de capital estrangeiro, enquanto os juros seguiram o CDS [indicador de risco-país] refletindo o risco fiscal", diz Camila Abdelmalack, economista da Veedha Investimentos.

A Fitch ontem pôs o rating de longo prazo do Brasil em BB-, com perspectiva negativa, o que eleva o risco fiscal.

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Isto significa que a agência de classificação de riscos tende mais a rebaixar do que elevar ou manter no atual patamar o rating do país, em razão do elevado nível do déficit fiscal e do consequente crescimento da dívida pública.

Veja as taxas dos principais vencimentos:

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