O volume de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) distribuídos em 2019 pelas empresas abertas em bolsa foi o maior dos últimos dez anos, mostra levantamento da Economatica. O setor que mais distribuiu proventos foi o de bancos, liderado pelo Itaú Unibanco.
O levantamento considerou 234 companhias que tinham histórico de pagamento de proventos na base de dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) desde 2010. No ano passado, elas pagaram, no total, R$ 119,2 bilhões em dividendos e JCP a seus acionistas, o maior volume nominal (sem ajuste pela inflação) de todo o período.
Trata-se de um volume 13% maior do que o de 2018. Nos últimos quatro anos, o volume distribuído veio crescendo continuamente, saltando de R$ 67,16 bilhões em 2016 para R$ 119,2 bilhões em 2019, alta de 77,6%. O menor volume nominal da série histórica foi visto em 2010, quando foram distribuídos R$ 59,6 bilhões em proventos.
Os setores que mais pagaram
A Economatica também fez um recorte dos últimos dois anos, no qual figuram 291 empresas. Dentro desse universo, os setores que mais distribuíram dividendos e JCP no ano passado foram, nesta ordem: Bancos (22 empresas e R$ 60,4 bilhões), Petróleo e Gás (8 empresas e R$ 15,1 bilhões), Energia Elétrica (34 empresas e R$ 13 bilhões), Alimentos e Bebidas (10 empresas e R$ 10,3 bilhões) e Serviços Financeiros e Seguros (8 empresas e R$ 9,7 bilhões).
As empresas que mais distribuíram dividendos e JCP em 2019
As 25 empresas que mais distribuíram proventos no ano passado pagaram quase 80% de todo o volume distribuído no ano, R$ 111,4 bilhões.
Isso deve se repetir em 2020?
Segundo a Economatica, considerando-se que os dividendos distribuídos em 2019 são, em sua grande maioria, referentes aos lucros das empresas no em 2018, é de se esperar que em 2020 o volume de proventos distribuídos seja ainda maior que o do ano passado, uma vez que a distribuição se dará com base nos lucros auferidos pelas empresas em 2019.
"O lucro das 25 maiores empresas distribuidoras de dividendos no ano de 2019 é 13,7% superior ao do ano de 2018, o que em teoria representaria um crescimento nos mesmos patamares de dividendos, caso as empresas não mudem a sua política de distribuição de dividendos no ano de 2020 com relação ao ano de 2019."
O problema é que, conforme foi mostrado nesta outra reportagem, a crise desencadeada pela pandemia do coronavírus deve mudar este cenário. Isso porque as companhias têm feito alterações nas suas políticas de distribuição de proventos neste ano, na tentativa de preservar caixa para atravessar esse período difícil.
Os bancos, que costumavam distribuir mais de 60% dos seus lucros, terão que distribuir apenas 25%, por determinação do Banco Central. Os bancos lucraram R$ 91 bilhões em 2019 e o mercado esperava cerca de R$ 74 bilhões em proventos, mas agora o esperado são R$ 18 bilhões.
Além do segmento bancário, pelo menos seis das 25 principais pagadoras de dividendos do país também já afirmaram que devem reduzir os desembolsos ao mínimo ou, na melhor das hipóteses, postergar os pagamentos para o fim do ano.