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Maia adota tom de conciliação em meio às tensões entre Bolsonaro e o presidente da França

Rodrigo Maia

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), disse nesta segunda-feira, 26, para uma plateia de empresários franceses "que muitas das instituições brasileiras foram criadas com base no modelo francês".

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A declaração de Maia foi feita durante almoço oferecido pela Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB), em São Paulo, no momento em que os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e da França, Emmanuel Macron, batem boca em torno do incêndio que consome parte da Floresta Amazônica.

No início de sua fala, Maia arrancou gargalhadas dos presentes ao agradecer o convite da CCFB e dizer "só não sei se dei sorte na data". Maia disse que Brasil e França são tradicionais parceiros econômicos e que a França é o 21º principal cliente externo.

Em Brasília, antes de embarcar para a capital paulista, o deputado falou com os jornalistas e tentou minimizar uma possível crise entre o Brasil e países da União Europeia e seus impactos sobre o acordo comercial entre Mercosul e o bloco europeu.

Segundo Maia, Macron teria ficado isolado no bate-boca com o presidente brasileiro, graças aos demais líderes do G7, que reunidos no último sábado na França teriam colocado um freio na discussão.

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Grandes parceiros

Maia também afirmou que a União Europeia é o maior investidor estrangeiro no Mercosul e que está certo de que este "mal-estar momentâneo será superado".

De acordo com ele, se o Brasil quiser trilhar o caminho do desenvolvimento precisará cultivar a cooperação com os europeus. O parlamentar voltou a frisar que a Câmara resolveu criar a Comissão para Mudanças Climáticas.

Maia enfatizou e defendeu a importância do Acordo de Paris para a preservação do meio ambiente. "Buscaremos ser mais ativos na diplomacia parlamentar. O Brasil não pode ser refém do radicalismo ideológico", alfinetou o presidente da Câmara, para quem "não podemos tratar parceiros internacionais como ameaça".

O presidente da Câmara disse que o Brasil não pode regredir para o modelo de desenvolvimento econômico dos anos 1960 e que o meio ambiente não pode ser devastado sob a justificativa do desenvolvimento regional da Amazônia.

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"O capital em defesa do meio ambiente de respeito e credibilidade será defendido", disse o presidente da Câmara. No momento, os dois países que mais contribuem financeiramente para o Fundo da Amazônia - Noruega e Alemanha - suspenderam suas doações por entenderem que o governo brasileiro não tem se empenhado para defender a floresta amazônica.

"Não há nenhum interesse do Brasil em atacar o acordo de Paris, que nos beneficia", disse o deputado sob aplausos dos empresários franceses.

O erro de Bolsonaro

Maia também apontou que a narrativa mal construída de Bolsonaro acaba gerando uma sinalização ruim. De acordo com Maia, nem é a intenção do presidente criar os mal-entendidos e que isso fica claro em conversas que mantém com o mandatário, como ocorreu no último sábado.

O curioso, de acordo com o presidente da Câmara, é que desmatamentos ocorrem, normalmente, quando a economia está em crescimento. "Desmatamento ocorre com economia em alta. Então, não é com economia parada", avaliou.

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Maia disse ainda para os empresários franceses que mantenham a confiança na ratificação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

Por outro lado, Maia também não poupou os europeus de críticas. Para ele, diversos países que se sentem ameaçados pelo agronegócio brasileiro usam argumentos ambientais para rebater a eficiência do setor. "Como nação que concentra a Amazônia, temos responsabilidade de protegê-la. Temos o dever de agir de modo responsável e sustentável em relação da Amazônia", disse.

*Com Estadão Conteúdo.

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