O clima na Câmara dos Deputados azedou. Pelo menos é o que parece sentir mais da metade dos recém-empossados (55%). Eles afirmaram que a relação entre a Casa e o Planalto é ruim ou péssima, em pesquisa da XP Investimentos.
Os resultados da pesquisa surgem num momento em que o executivo começa a articular com siglas partidárias pela reforma da Previdência, após passar as primeiras semanas negando a "velha política". A estratégia adotada num primeiro momento tem custado caro para a popularidade do Planalto na Câmara.
Para se ter uma ideia, em fevereiro, esse número, de deputados que achavam a relação com o Planalto boa ou ruim, era de 12%. Movimento inverso teve a avaliação de bom ou ótimo: hoje 16% têm essa opinião, era 57% nas primeiras semanas do ano legislativo.
Previdência segue vista como necessária
Segundo a XP, a mudança na percepção dos deputados sobre o governo não alterou a relação dos legisladores com a reforma da Previdência: 76% dos consultados dizem ser necessário reformar o sistema de aposentadorias – eram 77% em fevereiro.
Pela primeira vez, os deputados foram consultados sobre os efeitos da reforma: 68% dizem que sua aprovação melhora a perspectiva de crescimento do país.
Mas o próprio Congresso tem reclamado que a Previdência é a única pauta do governo e isso estaria gerando um desgaste dos congressistas com suas bases. Para acalmar os ânimos, presidente Jair Bolsonaro anunciou que iria ao Nordeste divulgar o 13.º do Bolsa Família e demostrar preocupação com outras frentes, mais populares.
Sem oposição, avaliação melhora
Quando a pesquisa da XP considerou apenas deputados que não podem ser classificados como de oposição, o relacionamento foi avaliado como ruim ou péssimo por 44%. Avaliação positiva é de 23%.
Individualmente, avaliação também melhor: 34% dizem que o contato pessoal com o Planalto é ótimo ou bom, enquanto 30% avaliam essa relação direta como ruim ou péssima.
Ainda assim, os números são piores que os de fevereiro, quando 47% tinham avaliação positiva e 19%, negativa.
Entre os consultados, 37% dizem que as demandas encaminhadas ao governo são mal ou muito mal atendidas, contra 23% que se veem bem ou muito bem atendidos pelos órgãos do Executivo. Sem levar em conta os deputados de oposição, os números são 30% (bem ou muito bem) e 33% (mal ou muito mal).
A pesquisa ouviu 201 deputados, entre os dias 26 de março e 4 de abril.