CCJ: derrota do governo ou invenção da mídia vermelha?
Confusão de ontem não foi apenas na comissão da Câmara, mas também nos bastidores do governo sobre uma difícil articulação política

Quando um mesmo fato tem várias explicações é indicação de que ninguém sabe direito o que está acontecendo. A frase é de um amigo de mercado e cabe bem para o que aconteceu, ontem, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara do Deputados e adicionou mais uma semana ou duas na tramitação da reforma da Previdência.
A sessão começou com o já habitual tumulto da oposição e seus infinitos requerimentos e questões de ordem. Ainda assim, o presidente da CCJ, Felipe Francischini, vinha conseguindo derrubar os requerimentos e mesmo com uma multidão na mesa, manteve a votação de uma inversão de pauta que poderia resultar na votação do parecer do relator, Marcelo Freitas, até então integralmente favorável à constitucionalidade do texto enviado pelo Executivo.
No meio da confusão, Francischini diz que tinha um “importante anúncio” para fazer. A pedido do relator e de líderes partidários a sessão seria suspensa e alterações poderiam ser feitas no parecer.
Desse ponto em diante começou outro tipo de confusão, de versões sobre o que teria ocorrido. A oposição comemorou, a “base” tentou dizer que não foi derrota, mas sim uma forma de atender aos preceitos de diálogo da Casa.
Ao longo da tarde, reuniões de líderes com o secretário da Previdência, Rogério Marinho, e diferentes manifestações sobre os pontos que poderiam ser modificados sem grande prejuízo à reforma desenhada pela equipe econômica.
Uma das versões é que o necessário e temido “centrão” colocou as garras de fora. Sabendo que o governo sozinho não tem votos suficientes, resolveu fazer uma demonstração de força: ou muda o texto ou perde já na largada.
De outro lado surge a história de que Rodrigo Maia resolveu voltar a articular, costurou acordo na noite anterior para a votação. Assim, o governo ficaria devendo o favor.
No entanto, essa história teria sido vista pelo Palácio do Planalto, mais especificamente por Onyx Lorenzoni, como uma armadilha. Maia, sabendo da falta de votos, empurrava o governo para mais uma desgastante sessão na CCJ.
Temendo a derrota, o governo chama seu líder na Câmara, major Vitor Hugo, e manda parar a sessão. Atuando com prudência, quer tempo para ver o que fazer e como negociar o que seria a etapa “mais simples” da reforma, que é atestar tecnicamente sua constitucionalidade.
Parte dessa versão, de um acordo fechado que desandou ao longo da manhã, acabou sendo referendada pelo próprio major, que usou o “Twitter” rebater reportagem dizendo o seguinte:
O acordo q teria sido fechado na noite anterior, citado na matéria, não se sustentou iniciada a votação. PP e PR apresentaram questões pontuais à Ref q poderiam levar à reprovação do parecer. Eu, o relator e o Pres CCJ, p prudência, após falar c o Planalto, concordamos em adiar. pic.twitter.com/nqDJyDNp54
— Vitor Hugo (@MajorVitorHugo) April 17, 2019
Antes, o líder já tinha recorrido ao “Twitter” para dizer que: “Não votar hoje não foi uma vitória deles. Vencemos a discussão e vamos votar com consenso na direita pro bem do País”.
Vitor Hugo seguiu na rede social, falando para não se enganar com o discurso da esquerda (não que não tenha razão) e que a esquerda também era responsável pelos 14 milhões de desempregados.
Para terminar, culpa a “imprensa vermelha” pela guerra de versões e pede para as pessoas se informem diretamente.
A imprensa vermelha cria uma cortina de fumaça sobre a realidade, embora saiba bem o que está ocorrendo. Queima reputações; desfigura as ações do governo; cria intrigas; reverbera futilidades... não caia nessa armadilha. Procure se informar diretamente. Jair se elegeu assim.
— Vitor Hugo (@MajorVitorHugo) April 17, 2019
Também nas redes, apoiadores querem pressionar os deputados do centrão, enquanto outros pedem para que o governo se ocupe, mesmo, de derrotar a oposição.
A impressão que fica é de que governo segue desarticulado, mesmo com o recente esforço do presidente Jair Bolsonaro de receber líderes partidários para conversar.
Parece que conversar não ajudou muito e seguimos no conhecido impasse entre velha e nova política, mesmo que os termos tenham sido abolidos do discurso oficial em nome do “politicamente correto” na versão prática do termo.
No dia em que o governo comemorou seus 100 dias, Onyx falou em humildade para reconhecer erros e paciência, pois não há fórmula no “Google” para governar sem “toma lá, dá cá”.
Segundo o ministro, Executivo e Legislativo precisam se reinventar, pois a sociedade mandou um sinal claro de que não quer mais o “toma lá, dá cá” ao eleger “o mais improvável dos candidatos”, o que “mais compreendeu o recado das ruas”.
O ministro está correto. No entanto, o tempo do mercado e da economia é diferente do tempo da política. E fazer política é negociar, barganhar e isso não necessariamente é corrupção ou “toma lá, dá cá”.
Por mais que estejamos em uma difícil curva de aprendizado, que tem potencial de relegar um novo sistema de negociação política, o custo dessa demora de ação ou choque de acomodação, como diz Paulo Guedes, vai criando mais um período de fraco desempenho econômico e a associação imediata acaba no colo do presidente e não do Congresso.
Isso não é culpa da imprensa seja ela vermelha ou de qualquer outra cor, pois a população tem na figura do presidente a causa e a solução de todos seus problemas.
Votação da reforma tributária na CCJ do Senado é adiada e fica para 16 de março; entenda
Nos bastidores, aliados veem movimentação de Pacheco em prol de reeleição no comando do Congresso em fevereiro do ano que vem
Votação da reforma administrativa é adiada para próxima terça-feira na CCJ
Não foram aceitos dispositivos que permitiriam ao governo extinguir autarquias, como o Ibama e o INSS, por exemplo, por decreto
Reforma administrativa vai hoje à CCJ, afirma Lira
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) prevê a reestruturação do chamado RH do Estado
CCJ adia votação da PEC de fundos para março após relator retirar mudança no teto
Votação da medida na comissão foi adiada para 4 de março; relator havia proposto que, por um ano, as despesas a serem desvinculadas de fundos obrigatórios não se sujeitariam à regra do teto
CCJ do Senado aprova projeto da prisão após 2ª instância por 22 votos contra 1
Tema ganhou força no Congresso com a decisão do STF de exigir a tramitação completa de um processo judicial para que um condenado seja preso
PECs só serão votadas no próximo ano, diz Simone Tebet
Inicialmente, o governo esperava votar pelo menos a PEC emergencial neste ano. A proposta, porém, enfrenta resistência entre os parlamentares
Propostas do pacote econômico serão votadas na CCJ em fevereiro, diz presidente da comissão no Senado
Inicialmente, o governo esperava votar pelo menos a PEC emergencial neste ano. A proposta, porém, enfrenta resistência entre os parlamentares
Aquele 1% dos gringos…
Se você acompanha o Seu Dinheiro deve ter percebido que uma sequência de ofertas de ações está rolando na bolsa neste ano. O volume de captações caminha para um recorde. Mas o Vinícius Pinheiro reparou que há uma peculiaridade nessa questão: a maioria das empresas que pegou dinheiro na bolsa em 2019 já estava listada. […]
Simone Tebet abre sessão para votação do parecer da reforma da Previdência
Novo parecer de Jereissati deve ser aprovado com folga na CCJ. São necessários pelo menos 14 dos 27 votos – maioria simples – e o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), estima ter pelo menos 19 votos favoráveis ao texto
Votação da reforma na CCJ e no plenário do Senado é adiada para semana que vem
Em uma reunião realizada nesta manhã com líderes até mesmo da oposição e a presidente da CCJ, Simone Tebet (MDB-MS), ficou acertado que a pauta será votada pelo colegiado na próxima terça-feira (1º de outubro) e pelo plenário da Casa, na quarta-feira
Leia Também
-
Previdência privada vs. Tesouro RendA+: qual dos dois escolher para poupar para a aposentadoria?
-
O que você precisa saber antes de investir em um fundo de previdência
-
“Alguém vai ter que pagar essa conta”: crise previdenciária pode deixar milhões vulneráveis no mundo todo — mas Brasil pode ter uma solução, destaca PhD pelo MIT
Mais lidas
-
1
O dia do acerto de contas chegou? A previsão do FMI para a China coloca a segundo maior economia do mundo em xeque
-
2
Como pode isso? Lotofácil tem 3 ganhadores, mas faz 4 milionários; Mega-Sena acumula e prêmio dispara
-
3
Devant, gestora do fundo imobiliário DEVA11, entra na Justiça para suspender waiver para títulos da Gramado Parks que deram calote em FIIs