Dados do PMI Brasil divulgados nesta quarta-feira, 5, pela IHS Markit, destacam um mês de maio desafiador para os brasileiros prestadores de serviços, que reduziram a produção e o emprego.
Por todos os todos os cortes, o PMI brasileiro em maio caiu para próximo ou abaixo da graduação de neutralidade, de 50 pontos, refletindo o quadro recessivo da economia agregada.
De acordo com a internacional IHS Markit, o agravamento da situação se materializou pela desaceleração no crescimento das vendas e no aumento dos custos para se chegar aos produtos e serviços finais.
Questões políticas e desvalorização do real também compõem o cardápio das variáveis que contribuíram em maio para a queda do PMI.
O PMI Serviços caiu de 49,9 pontos em abril para 47,8 em maio e ficou abaixo da média dos últimos dois anos, embora apontasse para uma taxa moderada de contração.
"Empresas brasileiras de serviços viram demanda no exterior deteriorar pelo terceiro mês consecutivo, com a contração nas exportação se mostrando a mais acentuada desde outubro do ano passado", afirmam os técnicos da IHS Markit.
O indicador de produção industrial até conseguiu se segurar num patamar ligeiramente à taxa de neutralidade ao fechar em maio em 50,2 pontos.
Mas veio de uma graduação de 51,5 pontos em abril. Se não ficou no terreno negativo, o resultado foi de desaceleração. Com isso, o PMI Composto de maio caiu a 48,4 pontos da medida de 50,6 pontos.
Inflação
Em resposta a uma pesquisa feita em maio pela IHS Markit, empresários dos setores da indústria e dos serviços indicaram preços mais altos para materiais, alimentos, combustíveis e medicamentos. Quase 10% dos prestadores de serviços repassaram parte do aumento dos custos para os seus clientes.
No entanto, as empresas brasileiras de serviços continuaram otimistas em relação aos próximos 12 meses. Esse otimismo, de acordo com a IHS Markit, é sustentado por esperanças de melhores condições econômicas, reformas estruturais, maiores vendas online e novas parcerias.
"Houve uma melhora no sentimento geral a partir de abril, embora o nível de confiança ainda seja o segundo menor registrado no acumulado do ano."
Recuo pós-eleição
A economista-chefe da Markit, Pollyanna de Lima, apontou que a queda do PMI geral é principalmente justificada pelo recuo da recuperação do setor de serviços pós-eleição. Segundo ela, "a recuperação pós-eleição no setor de serviços diminuiu em maio, com consumidores e empresas cada vez mais cautelosos sobre seus gastos em meio a preocupações com impasses políticos e impactos sobre a economia em geral, bem como a moeda".
Segundo Pollyana, com relação à demanda por serviços, houve pelo menos um pequeno aumento, embora o crescimento tenha caído para a menor taxa de expansão dos últimos meses. "O resfriamento das vendas exerceu um impacto mais pronunciado, à medida que a atividade e os empregos foram reduzidos", explicou.
"Em abril, uma indústria manufatureira resiliente foi suficiente para manter a economia do setor privado dentro do território de crescimento", disse Pollyana, para quem as rachaduras apareceram só em maio.
De acordo com ela, a produção agregada caiu pela primeira vez desde setembro do ano passado, enquanto houve cortes consecutivos no emprego devido à capacidade ociosa e medidas de redução de custos.
"Quanto ao ambiente externo, as empresas enfrentaram mais dificuldades. Por um lado, a desvalorização cambial poderia ter apoiado as exportações, que se contraíram no nível composto pelo sexto mês consecutivo. Por outro lado, uma taxa de câmbio mais fraca elevou os custos das empresas e as empresas tentaram compensar isso cobrando mais por seus produtos", concluiu a economista da Markit.
*Com Estadão Conteúdo.