O ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou mais uma vez para a possibilidade de a Petrobras ser privatizada no futuro. Em seminário sobre gás natural, ao lado do presidente da petroleira estatal, Roberto Castello Branco, o ministro afirmou que está avançada a venda dos controles da Eletrobras e dos Correios. Em seguida, se virou para o presidente da Petrobras e afirmou: "Não duvido que vamos privatizar coisas maiores, viu Castello?".
"Acho que lá na frente você (Castello Branco) pode fazer uma coisa surpreendente", acrescentou. O argumento de Guedes é que, assim como acontece com a Petrobras, a União também tem que rever suas contas.
"Temos um balanço da União. O combate à inflação ficou centrado no Banco Central. Temos que reconstruir uma Europa todo ano sem sair da pobreza, porque é um dinheiro estéril", disse. Segundo o ministro, as privatizações vão se acelerar agora.
Em sua opinião, as estatais foram importantes no passado, para que fosse construída a infraestrutura necessária à economia. Hoje, segundo Guedes, as estatais já não têm capacidade de investimento.
O ministro da Economia participou de seminário promovido pelo Instituto Brasileiro, do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP).
Tudo brincadeira
Mais tarde, Guedes voltou a falar sobre o tema e ressaltou que, por enquanto, a ideia é apenas uma "brincadeira e especulação", mas que Bolsonaro, há dois dias, cobrou mais vendas de estatais por parte do secretário especial de desestatização, Salim Mattar.
"Eu fiz uma brincadeira com o Castello pelo seguinte, o presidente está cada vez mais sintonizado nessa agenda de privatização. Na minha frente, há dois dias, ele falou para ele (Mattar): você devia estar vendendo uma por semana, você tá dormindo, o que você tá fazendo no governo?", reproduziu a conversa. "Por que você não fechou a Valec? A EPL? e os Correios? Quando vai vender?", completou o ministro.
Apesar de falar em tom de brincadeira, Guedes afirmou que, na sua avaliação - o que ele falava desde a campanha eleitoral - "é de que devia privatizar tudo". Segundo ele, as estatais esgotaram um ciclo de financiamento e foram perdendo a capacidade de investir, "e foram ficando para trás", avaliou.
"No caso da Petrobras ela quase quebrou. A Eletrobras quase quebrou. Elas foram destruídas pelos governos anteriores. Agora elas estão em recuperação, mas a Petrobras não tem como fazer frente aos investimentos de US$ 600 bilhões, US$ 700 bilhões para extrair do pré-sal", explicou.
Ele deu como exemplo também o caso da Eletrobras, que não tem capacidade de investimento. "Ela tem que fazer R$ 14 bilhões por ano, mas tem capacidade para fazer R$ 3 bilhões ou R$ 4 bilhões apenas", concluiu.
*Com Estadão Conteúdo.