O presidente Jair Bolsonaro teve apenas um compromisso oficial em sua agenda neste domingo (9): uma reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ainda durante da manhã. Passado o encontro, o presidente foi ao Twitter — mas não fez menções ao que foi conversado com um dos líderes da articulação política do governo.
Na rede social, Bolsonaro optou por falar novamente de um assunto que trouxe turbulência ao cenário político nesta semana: o pedido de liberação de créditos suplementares ao governo, no valor de R$ 248,9 bilhões — a verba ainda precisa do sinal verde do Congresso.
A Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Congresso votaria essa solicitação do governo na última quarta-feira (5), mas a sessão do colegiado foi suspensa após deputados da oposição obstruírem o diálogo. E Bolsonaro não mediu palavras para criticar a atuação da ala contrária a sua gestão nessas discussões.
- A oposição está trabalhando para inviabilizar o pagamento de beneficiários do Bolsa Família, idosos com deficiência, Plano Safra e PRONAF. Para alcançar seus objetivos vale até prejudicar os mais pobres. Na imagem, o Vice-líder do PT: pic.twitter.com/ViLPePDffs
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) June 9, 2019
Sem esse crédito extra, o governo corre o risco de ficar sem dinheiro para pagar benefícios previdenciários e assistenciais, entre outras despesas. O prazo limite para a concessão do crédito termina no próximo sábado (15).
Caso a verba não seja liberada, a gestão Bolsonaro poderá optar por duas direções: ou esses benefícios deixam de ser pagos, ou o governo realiza os desembolsos e quebra a chamada "regra de ouro" das finanças públicas — e, com isso, poderá ficar sujeito a um processo de impeachment por irresponsabilidade fiscal.
Uma nova sessão da CMO para votar a concessão dos créditos solicitados pelo governo está marcada para a próxima terça-feira (11). E o tema pode trazer instabilidade aos mercados financeiros do Brasil.
Na última quarta-feira, os agentes financeiros reagiram mal à suspensão da sessão da CMO — a leitura foi a de que as dificuldades enfrentadas pelo governo para a aprovação dessa verba eram um prenúncio de que a tramitação da reforma da Previdência poderia passar por transtornos semelhantes no Congresso.
Com essa percepção, o Ibovespa terminou o pregão daquele dia em queda de 1,42%, aos 95.998,75 pontos — nas sessões seguintes, contudo, o índice se recuperou, chegando aos 97.821,26 pontos no fechamento de sexta-feira (7).