O Itaú Unibanco alcançou um novo patamar quando se fala em lucro de bancos. O resultado da maior instituição financeira privada do país bateu nos R$ 7,034 bilhões no segundo trimestre. Trata-se de uma alta de 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
O número impressiona, mas já era esperado pelos analistas. A projeção média para o lucro do banco era de R$ 7,038 bilhões, de acordo com dados da Bloomberg.
O Itaú também manteve por mais um trimestre a posição de mais rentável entre os gigantes do varejo bancário. O retorno sobre o patrimônio foi de 23,5%, bem acima dos 21,6% obtido no segundo trimestre do ano passado. Se considerarmos apenas as operações do banco no Brasil, a rentabilidade sobe para impressionantes 24,6%.
Mas como o lucro veio apenas dentro do previsto, é possível que a reação dos investidores na bolsa amanhã não seja boa. A seguir eu conto por quê.
Crédito ainda lento
Apesar do lucrão, o crédito segue em um ritmo mais lento que o esperado no Itaú. O banco encerrou junho com R$ 659,7 bilhões em financiamentos, o que representa um avanço de 2% no trimestre e de 5,9% em 12 meses. Ou seja, segue abaixo da projeção de crescimento feita pela instituição para este ano, que varia de 8% a 11%.
As linhas voltadas a pessoas físicas e micro, pequenas e médias empresas continuam puxando o crescimento do Itaú, enquanto que as companhias de maior porte seguem com o pé no freio ou recorrendo a outras opções, como captações no mercado de capitais.
A margem financeira com clientes, que inclui a receita do banco com a concessão de crédito, aumentou 5,8% em relação ao segundo trimestre do ano passado e 6,7% no semestre. Em ambos os casos, também em um ritmo inferior à expectativa de um avanço entre 9% e 12%. De todo modo, o banco manteve todas as projeções para o ano.
Assim como aconteceu com Bradesco e Santander, foi a tesouraria do Itaú que ajudou a engordar as margens, com um resultado de R$ 1,6 bilhão – alta de 17,2% na comparação com o mesmo período de 2018.
Mais provisões
Também chamou a minha atenção o aumento de 12,3% nas despesas para cobrir os custos com crédito, como as provisões para calotes. O banco creditou esse avanço à alta na concessão de crédito para pessoas físicas no período.
A boa notícia é que os índices de inadimplência se mantêm sob controle e encerram junho em 2,9%, uma queda de 0,1 ponto percentual no trimestre e um avanço também 0,1 ponto se comparado com o índice de 12 meses atrás.
Ajudinha da XP
Assim como os concorrentes, o Itaú também vem encontrando dificuldades para ampliar as receitas com tarifas. Os ganhos com prestação de serviços e o resultado com Seguros atingiu R$ 10,7 bilhões, uma alta de 3,5% na comparação com o segundo trimestre do ano passado.
No acumulado do semestre, o avanço nas receitas com serviços foi de 2,3%, mais próximo do piso da projeção do banco para o ano, que varia de entre 2% e 5%.
A compra da participação de 49,9% na XP Investimentos já rende frutos para o maior banco privado brasileiro. Entre os fatores que contribuíram positivamente com as receitas, o Itaú destacou a assessoria econômico-financeira e corretagem, com o impacto do investimento na corretora.
Vai ter PDV
Do lado das despesas, o crescimento foi de 3,3% e atingiu para R$ 12,7 bilhões. A expectativa do banco é de um aumento de 3% a 6% nos gastos neste ano.
Junto com o balanço, o Itaú anunciou o lançamento de um programa de desligamento voluntário (PDV) para todas as empresas controladas pelo banco.
Quem aderir ao programa pode optar por dois pacotes de benefícios:
- pagamento de 0,5 salário por ano trabalhado (limitado a 6 salários) e manutenção do plano de saúde por 60 meses;
- pagamento de 0,5 salário por ano trabalhado (limitado a 10 salários) e manutenção do plano de saúde por 24 meses.