O Ibovespa conseguiu escapar da avalanche da guerra comercial e subiu 1,29% na semana
Apesar de a guerra comercial ter trazido enorme tensão aos mercados globais no início da semana, essa bola de neve foi perdendo força ao longo dos dias. E, por aqui, o noticiário local contribuiu para dar velocidade ao Ibovespa
No início da semana, parecia que o Ibovespa e as bolsas globais seriam soterradas: a guerra comercial trouxe forte instabilidade às sólidas cadeias de montanhas dos mercados financeiros. E, na segunda-feira (9), quando a China tirou uma carta da manga na disputa com os EUA, os deslizamentos foram massivos.
O primeiro pregão desta semana terminou com o Ibovespa registrando baixa de 2,51% — em Nova York, o Dow Jones despencou 2,90%, o S&P 500 recuou 2,98% e o Nasdaq desabou 3,47%. E, naquela segunda-feira, parecia que muito mais neve ainda encobriria os mercados nos próximos dias.
Só que, ao contrário do que se imaginava, os picos nevados das bolsas globais se estabilizaram ao longo da semana. A guerra comercial continuou no radar, sem qualquer sinal de avanço nas negociações. Mas, pelo menos, os conflitos não saíram do controle: o clima permaneceu estável — ruim, mas estável.
A estabilização nas tensões abriu espaço para que as bolsas globais recuperassem parte do terreno perdido. Nos Estados Unidos, os índices acionários ainda fecharam a semana no campo negativo, mas com perdas bem menores que as verificadas na segunda-feira; já o Ibovespa...
Bom, o Ibovespa teve leve baixa de 0,11%, aos 103.996,16 pontos, e, com isso, terminou a semana com ganho acumulado de 1,29% — escapando ileso da avalanche.
O segredo estava nos esquis usados pela bolsa brasileira: o índice aproveitou o noticiário doméstico mais favorável para ganhar velocidade num momento em que os demais mercados globais ainda sofriam para ganhar tração.
Bola de neve
Voltemos ao início da semana: lá na segunda-feira, a moeda da China passou por uma forte desvalorização: o dólar passou a valer mais de 7 yuans, uma barreira que não era rompida há mais de 10 anos. E, com a quebra dessa marca psicológica, uma reação em cadeia foi desencadeada nos mercados.
A lógica dos agentes financeiros era simples: com o yuan mais fraco, as exportações da China ganhariam competitividade. E, como é sabido que o regime de câmbio do gigante asiático não é livre — o Banco do Povo da China (PBoc) fixa diariamente uma cotação de referência para a moeda —, cresceu o temor de que Pequim usaria o câmbio como arma na guerra comercial com os EUA.
Afinal, como a China não importa tantos produtos americanos, o governo do país asiático tem um poder de fogo menor no front das sobretaxas. No entanto, a desvalorização da moeda poderia ser uma arma para dar o troco em Washington — só que as consequências desse mecanismo assombraram os mercados.
Uma guerra cambial entre EUA e China poderia trazer desequilíbrios às relações comerciais em escala mundial, além de potencialmente gerar uma desaceleração ainda maior da economia internacional — isso sem falar nas possíveis reações do presidente americano, Donald Trump.
Assim, sem saber os próximos capítulos da guerra comercial, os agentes financeiros assumiram uma posição amplamente defensiva, que provocou a queda forte das bolsas mundiais na segunda-feira. Só que, nos dias seguintes, a temida escalada nos atritos não se concretizou — ao menos, não como nos piores cenários imaginados.
O PBoC continuou estabelecendo cotações mais fracas para o yuan em relação ao dólar em todos os dias da semana, mas essa desvalorização tem ocorrido num ritmo bastante lento, o que foi interpretado como um sinal de que Pequim não deseja embarcar numa guerra cambial neste momento.
Além disso, dados mais fortes que o esperado da balança comercial chinesa em julho — portanto, antes da desvalorização do yuan — ajudaram a melhorar o humor dos mercados e reduzir parcialmente a aversão ao risco. Assim, apesar de a tensão comercial continuar elevada, o cenário não está tão ruim quanto o imaginado.
Nesse contexto, o Dow Jones encerrou a semana com baixa acumulada de 0,74%, o S&P 500 recuou 0,45% e o Nasdaq teve baixa de 0,56%.
Ganhando velocidade
Com o clima não tão fechado no exterior, os agentes financeiros domésticos conseguiram repercutir com mais calma os desdobramentos do cenário local. E, por aqui, o tempo estava ótimo nesta semana.
Em Brasília, a tramitação da reforma da Previdência voltou a andar: o texto foi aprovado em segundo turno pela Câmara dos Deputados, e todos os destaques — isto é, os pedidos de alteração da proposta — foram rejeitados. Com isso, a Previdência chegou ao Senado mantendo uma potência fiscal acima de R$ 900 bilhões em 10 anos.
Em linhas gerais, os mercados já precificaram a aprovação da reforma da Previdência. No entanto, a rapidez na conclusão da etapa da Câmara e a manutenção das economias totais, sem desidratação do texto, trouxeram ainda mais alívio aos agentes financeiros domésticos.
A rapidez na tramitação, afinal, leva a crer que as próximas pautas econômicas defendidas pelo governo — em especial, a reforma tributária — poderão começar a ser discutidas em breve. E esses são considerados os próximos drivers locais com potencial para direcionar o Ibovespa daqui para frente.
Balanços e mais balanços
Por aqui, a semana também foi marcada pelos inúmeros balanços trimestrais — diversas empresas que fazem parte do Ibovespa reportaram seus números nos últimos dias. E, em sua maior parte, os resultados foram bem recebidos pelo mercado.
Nesta sexta-feira, por exemplo, B2W ON (BTOW3) disparou 17,75% — a empresa reportou crescimento no prejuízo, mas a evolução mostrada nos indicadores operacionais e a geração de caixa agradaram em cheio.
Também hoje, Lojas Americanas PN (LAME4) e BRF ON (BRFS3), outras empresas que divulgaram seus números trimestrais recentemente, subiram 6,61% e 5,07%, respectivamente.
Ainda no front corporativo, é impossível não citar Qualicorp ON (QUAL3), que foi às alturas e fechou em alta de 36,64%. No entanto, essa forte reação não se deve ao balanço da empresa: os ganhos de hoje ocorrem após a Rede D'Or comprar 10% das ações da companhia — a fatia era detida pelo presidente da Qualicorp, José Seripieri.
E o dólar?
O dólar à vista é mais sensível ao cenário externo: assim, apesar do noticiário favorável no front doméstico, a moeda americana acompanhou a tensão no exterior e fechou a semana com alta acumulada de 1,26% — nesta sexta-feira, os ganhos foram de 0,33%, a R$ 3,9405.
Os atritos crescentes entre EUA e China aumentaram a aversão ao risco e, no mercado de câmbio, isso é sinônimo de venda de moedas de países emergentes, consideradas mais arriscadas, e compra de dólares, um porto seguro para os investidores.
Assim, houve um movimento global de enfraquecimento das divisas emergentes, como o peso mexicano, o rublo russo, o peso chileno, o rand sul-africano, o peso colombiano e o dólar neozelandês — e o real, assim foi junto dos pares globais.
Juros se ajustam
Apesar da alta no dólar à vista, a curva de juros fechou a sexta-feira praticamente estável tanto na ponta curta quanto na longa — vale lembrar que os DIs recuaram nos últimos três dias.
Na ponta curta, as curvas com vencimento em janeiro de 2020 recuaram de 5,47% para 5,45%, e as para janeiro de 2021 ficaram inalteradas em 5,39%. No vértice longo, os DIs para janeiro de 2023 subiram de 6,34% para 6,35%, e os com vencimento em janeiro de 2025 foram de 6,83% para 6,85%.
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