Quando Alan Chusid se juntou ao time de sócios fundadores da Neon Pagamentos, pouco ou nada se falava sobre bancos digitais no país. Mas depois que esse mercado evoluiu a ponto de varejistas e até serviços de entrega oferecerem uma conta no celular, ele percebeu que era hora de inovar “da tela para dentro”.
Foi assim que nasceu a Spin Pay, uma empresa de tecnologia financeira (fintech) de pagamentos instantâneos. Estive com Chusid no escritório da startup, que fica no Cubo, o espaço de startups mantido pelo Itaú e pelo fundo Redpoint eVentures.
Chusid, que tem apenas 28 anos, permanece como sócio da Neon, mas decidiu criar uma nova empresa com a proposta de resolver uma equação que ainda trava boa parte das operações no mundo digital: como fazer o dinheiro circular.
- VÍDEO: O Fausto Botelho gravou um vídeo para você, leitor do Seu Dinheiro, em que ele explica sobre nosso maior projeto, que pode ser também o maior de sua vida.
A plataforma será lançada agora em outubro e deve começar com pelo menos 35 parceiros conectados, entre varejistas de vários setores, e 9 instituições financeiras. Chusid disse, porém, que ainda não poderia revelar os nomes.
Todos de olho
A tecnologia de pagamentos instantâneos que a Spin Pay pretende viabilizar ainda engatinha no Brasil, mas está no centro das atenções do Banco Central e também das instituições financeiras.
É provável que você já tenha se deparado com a possibilidade de pagar uma conta por QR Code, aquele código que pode ser lido pela maioria dos telefones celulares. Já são várias as iniciativas do tipo, como o Mercado Pago, do Mercado Livre, e a fintech Pic Pay, ligada ao Banco Original.
Agora os bancões entraram nessa disputa. O Santander reformulou recentemente o seu aplicativo de cartões Way para permitir pagamentos instantâneos. O Itaú Unibanco também chegará em breve à arena com o lançamento do Iti, uma carteira digital que permitirá a transferência entre contas e outros serviços.
Na ponta digital
A Spin Pay não pretende competir com nenhuma dessas iniciativas. A startup vai atuar como uma rede que para permitir a transferência do dinheiro de uma ponta a outra, de forma instantânea e a qualquer dia e hora, mas apenas em operações online.
A opção não foi ao acaso, já que o varejo digital cresce a uma taxa oito vezes maior do que as operações no mundo físico. O problema é que boa parte das compras virtuais ainda esbarra na dificuldade de pagamento.
Nas compras feitas nas lojas físicas, esse também é um problema, mas que não impede o cliente de efetuar a compra. Já nos meios online quem não tem cartão de crédito encontra bem mais dificuldade e muitas vezes deixa de consumir, segundo Chusid.
Para viabilizar a venda de produtos e serviços online para a parcela dos clientes que não tem ou não pode pagar no cartão, os lojistas precisam se valer de outros meios, como os boletos bancários, que têm custos altos e levam mais tempo para serem liquidados.
É esse gargalo que a Spin Pay espera resolver. Ao contrário dos sistemas das fintechs e dos bancões, a empresa permitirá o pagamento instantâneo entre contas de diferentes instituições, algo que não é possível nas plataformas que existem hoje.
Nesse sentido, Chusid diz que a proposta de regulação do BC – que pretende interligar as diferentes redes – ajuda, mas que o sistema da Spin não depende dela para entrar no ar.
A receita da Spin Pay virá de um percentual cobrado do vendedor sobre cada transação realizada. "Teremos o menor custo entre todas as opções para o recebedor", afirma Chusid.
Entre os investidores da Spin Pay estão o fundo de capital de risco Canary, além de pessoas físicas como José Monforte, presidente do conselho da Eletrobras, Cassio Casseb, ex-presidente do Banco do Brasil e do Pão de Açúcar, e Alexandre Barros, ex-diretor do Itaú Unibanco.