Anfitrião de um almoço que reuniu a cúpula dos Três Poderes neste sábado, 16, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que seu objetivo do encontro foi "dialogar e ouvir o governo". Segundo o parlamentar, "há um intuito de todos de construir uma nova agenda e de aprovar a reforma da Previdência". Maia avalia que a base aliada de Bolsonaro na Casa deverá estar formada em até três semanas, prazo suficiente para que seja analisada a reforma da Previdência.
"A base aliada do governo ainda está na fase de construção e precisamos aprender como fazer isso neste novo momento", disse Maia. "Um governo com vontade de fazer um novo tipo de governo leva mais tempo para organizar mesmo. Acho que base aliada já deverá estar organizada em duas ou três semanas", afirmou. Participaram do churrasco oferecido por Maia o presidente da República, Jair Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, além de 15 ministros do governo.
Maia prevê que a proposta esteja pronta para votação em dois meses. "Acho que poderemos ter o texto da reforma pronto para votar em plenário em maio", afirmou Maia." Este encontro é um sinal importante, estamos construindo um pacto para governar o Brasil."
Questionado sobre o nome do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) como relator do PEC da Previdência, Maia disse preferi-lo como líder. "O deputado Aguinaldo Ribeiro é sempre um bom nome para qualquer posição, prefiro ele na posição de líder", disse. Ribeiro é cotado para assumir a liderança da Maioria na Câmara.
"Não podemos achar que uma agenda tão importante para o Brasil é também uma agenda de mais de 300 deputados. É uma construção", concluiu Maia.
Respeito entre poderes
Maia também defendeu que um Poder respeite as decisões de outro Poder, mesmo quando não agrade. "Se o Supremo, por exemplo, tomar uma decisão que me desagrade, eu tenho que respeitar a decisão", afirmou.
A declaração de Maia se dá após o Supremo ser alvo de novos ataques nas redes sociais e de críticas de procuradores da Lava Jato. O motivo foi a decisão que definiu a Justiça Eleitoral como foro competente para julgar crimes como corrupção e lavagem de dinheiro quando associados ao caixa 2.
Neste sábado, integrantes do partido de Bolsonaro, o PSL, inflaram essa reação. A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) chegou a ir para a porta do STF, com um alto-falante, ameaçar os ministros de impeachment.
Questionado sobre o fato de Bolsonaro ter compartilhado um vídeo do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), com críticas à decisão, Maia disse não ter falado com o presidente sobre o assunto, mas pregou "liberdade de expressão".
"Toda crítica precisa ser respeitada num País que quer ser democrático, garantindo a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. Mas a crítica não pode passar para uma agressão. Principalmente em relação a um poder que tem como função resguardar a Constituição", disse. "Não pode atacar e desrespeitar os ministros do Supremo."
Presente ao encontro na casa de Maia, o presidente da Corte, Dias Toffoli, não tratou de nenhum episódio específico, segundo Maia.
*Com Estadão Conteúdo.