Empresários querem um acordo ‘gradual’ de livre-comércio
Na lista dos empresários está ainda a continuidade do apoio dos americanos para a entrada do Brasil na OCDE e o avanço de uma agenda bilateral em mecanismos como o fórum de CEOs dos dois países
A agenda do secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, no Brasil nesta semana será dividida entre a pauta com o governo brasileiro e os encontros com a comunidade empresarial. Nos dois grupos, um assunto virá à tona: a possibilidade de negociação de um acordo de livre-comércio com o Brasil. Na primeira parada, em São Paulo, Ross será confrontado com o pedido dos empresários pelo avanço em uma negociação "gradual".
O acordo é listado em primeiro lugar entre as propostas que a Amcham (Câmara Americana de Comércio) pretende entregar a Ross no documento "Brasil-EUA: 10 Propostas para uma Parceria Mais Ambiciosa". Mas a aposta dos empresários é em um avanço realista, com discussões sobre temas que não envolvam tarifas e, portanto, não precisem ser combinados entre todo o Mercosul. Negociar sem debater temas tarifários também é uma forma de abrir portas com o governo Donald Trump, que nos últimos dois anos já se retirou ou renegociou acordos de livre-comércio, como o TPP e o Nafta.
"Qualquer negociação de livre-comércio é um exercício de médio e longo prazos. Nós temos exemplos de sucesso como o acordo com Chile, que tratou de inúmeros temas menos a questão das tarifas. Isso foi um passo muito importante e que serve de inspiração para que possamos fazer a mesma coisa com os EUA", afirma Deborah Vieitas, presidente da Amcham, em entrevista ao "Estado". A Amcham estima que um acordo de livre-comércio com os EUA contribuiria para um aumento em até 1,3% do PIB do País em 2030.
O ideal, diz ela, seria começar a negociação de medidas para reduzir burocracia, custo e prazo no comércio bilateral. "De qualquer forma são medidas que fariam parte no caso de uma assinatura de um acordo de livre-comércio. Significa que se avança onde é menos sensível, aplaina o terreno para uma próxima etapa", afirma.
Ross participará do evento de cem anos da Amcham, que representa mais de 5 mil empresas brasileiras e americanas. A viagem do secretário é considerada um passo natural após a visita do presidente Jair Bolsonaro a Donald Trump, em março, quando os países concordaram em reduzir barreiras de comércio e investimentos - o que foi chamado de "parceria para a prosperidade" na declaração conjunta.
Entre os outros nove itens da lista de propostas que a comunidade empresarial apresentará a Ross, há dois considerados de fácil execução no curto prazo: um acordo para evitar a bitributação e a participação do Brasil no programa Global Entry, para facilitar a entrada de empresários nos EUA. No caso do programa de entrada "pré-aprovada", Receita e Polícia Federal precisam concordar com a troca de dados com os EUA.
Na lista dos empresários está ainda a continuidade do apoio dos americanos para a entrada do Brasil na OCDE e o avanço de uma agenda bilateral em mecanismos como o fórum de CEOs dos dois países, que foi reativado neste ano. Outro ponto do documento é a facilitação de comércio - como o reconhecimento mútuo de exportadores para agilizar trâmite. O governo brasileiro esperava que fosse possível avançar no reconhecimento mútuo, que deve facilitar as operações aduaneiras, a tempo da visita de Bolsonaro a Washington, em março, mas acabou frustrado.
A Amcham também pede cooperação regulatória para aproximar exigências dos dois países e conversão do projeto piloto de análise acelerada de patentes em um acordo permanente.
Otimismo
O bom humor entre os dois governos, na avaliação da presidente da Amcham, pode gerar resultados concretos. "Os sinais que temos recebido e interesse que temos constatado nos faz acreditar que dessa vez temos, sim, oportunidade de fazer diferente. A própria negociação de um acordo comercial pode começar no curto prazo. O sucesso do acordo Mercosul-União Europeia pode ser chamado de estimulante para essa discussão. A vinda do secretário é uma demonstração de que nós podemos seguir em frente nesse projeto de melhorar e ampliar a relação com os EUA", afirma Deborah.
Ross terá reuniões com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
Apesar de sanções, o rublo está no seu maior patamar em sete anos — mas isso não é uma boa notícia para Putin
Moeda russa se valorizou quase 250% desde março; entenda o que isso representa para a economia do país
Petróleo em queda: por que a recessão econômica e a tentativa de corte de impostos nos EUA derrubam o preço da commodity hoje?
O petróleo segue no centro das atenções dos mercados globais, com uma rodada de perdas intensas nesta quarta (22). E, desta vez, o risco de uma desaceleração econômica global — e a consequente queda na demanda pela commodity — pesam sobre o sentimento dos investidores. De acordo com a sinalização das gigantes do mercado, como […]
Pivô das sanções da guerra na Ucrânia, sistema de transferências Swift pode deixar de existir em cinco anos, diz CEO da Mastercard
Michael Miebach afirmou que o Swift deve evoluir ao passo das criptomoedas; vários países, inclusive Brasil, correm para regularizar bitcoin
China volta a assustar com o fantasma da intervenção estatal. Oportunidade ou risco para as ações brasileiras?
Paciência e pragmatismo são duas das características marcantes quando se olha os principais movimentos chineses na história mais recente
Ecos chineses: como ataques regulatórios afetam o mercado global
Movimento não é surpresa para quem acompanha o gigante asiático há algum tempo, mas será que país ainda é um investimento de longo prazo interessante?
China acusa EUA de violar leis de mercado ao proibir investimentos em empresas do país
Pequim informou que tomará as “medidas necessárias para salvaguardar os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”
China diz que autoridades locais discutiram com EUA comércio bilateral
Principal autoridade comercial chinês ligou para sua contraparte norte-americana para discutir as relações entre os países
Wall Street pisa no acelerador, mas Ibovespa tem alta limitada pelo setor de commodities; dólar cai
Dados mistos da economia americana seguem atunuando um risco da disparada da inflação e deixa o mercado no caminho da recuperação
Tráfego marítimo volta ao normal no Canal de Suez
O acidente provocou a paralisação da hidrovia e trouxe dificuldades para as linhas de abastecimento global nos últimos 12 dias. A liberação do Ever Given aconteceu apenas em 29 de março, quando uma maré alta de primavera ajudou a soltar o navio.
Porta-contêineres Ever Given é desencalhado do Canal de Suez
Incidente interrompeu o fluxo em uma das principais rotas comerciais do mundo, provocando aumento no preço do petróleo
Leia Também
-
Vendas financiadas de carros, motos e veículos pesados no Brasil já passam de 1 milhão em 2024 — e ainda estamos no começo do ano
-
China fica para trás e perde posição de maior exportador para os EUA — e um fenômeno explica isso
-
Tudo indica um cenário favorável para mais bull market nos mercados internacionais
Mais lidas
-
1
O carro elétrico não é essa coisa toda — e os investidores já começam a desconfiar de uma bolha financeira e ambiental
-
2
Ações da Casas Bahia (BHIA3) disparam 10% e registram maior alta do Ibovespa; 'bancão' americano aumentou participação na varejista
-
3
Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha