No dia da estreia das units (certificados de ações) na B3, o Banco Inter anunciou o plano de captar até R$ 1,272 bilhão com uma nova oferta na bolsa. Cada unit representa uma ação ordinária e duas preferenciais, cujo valor era de R$ 40,80 antes da abertura dos negócios de hoje.
A emissão será primária, ou seja, os recursos captados vão para o caixa do banco, que já conquistou mais de 2,5 milhões com sua conta digital gratuita.
O Banco Inter pretende usar o dinheiro captado dos investidores para ampliar as operações de crédito, investir em tecnologia e novos produtos e em aquisições estratégicas.
A oferta representa o último passo da reorganização anunciada pelo Banco Inter no começo do mês. Além da criação do programa de units, o banco aderiu ao Nível 2 de governança corporativa, o segundo mais rigoroso da bolsa, atrás apenas do Novo Mercado.
Em seu primeiro pregão na B3, as units do Banco Inter eram negociadas em alta de 4,80% por volta das 11h25. Confira também nossa cobertura completa de mercados.
O Banco Inter pretende emitir inicialmente 26 milhões de units - que representam 26 milhões milhões de ações ON e 52 milhões de PN. Dependendo da demanda, pode haver a emissão de um lote adicional de 5,2 milhões de papéis.
A oferta será realizada com esforços restritos de colocação. Por essa regra, o banco não precisa do registro prévio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas só pode vender as ações a até 50 investidores e que possuem pelo menos R$ 10 milhões para investir.
Quem já possui ações do Banco Inter também pode participar da oferta, desde que exerça o direito de prioridade entre os dias 19 e 25 de julho. Os acionistas controladores Rubens Menin e João Vitor Menin renunciaram ao direito de prioridade e terão sua participação no banco reduzida, caso a oferta seja concretizada.
A definição do preço por unit está prevista para o dia 29 de julho. Os bancos Bradesco BBI, Goldman Sachs, BTG Pactual, J.P. Morgan, Santander e Caixa são os coordenadores da oferta.
Vale a pena?
O Banco Inter estreou na bolsa em abril de 2018 ao realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Desde então, se tornou um dos maiores casos de sucesso da bolsa, com uma valorização de 350%. Só neste mês os papéis subiram quase 35%.
Embora eu seja um fã do banco e do trabalho de João Vitor Menin, acredito que tudo precisa dar muito certo para as ações justificarem novas altas como as que aconteceram no último ano.
As ações do Banco Inter hoje são negociadas a um múltiplo preço/lucro de 116 vezes! Esse indicador representa o número de anos que um investidor levaria para reaver o capital aplicado em uma ação. Ou seja, quanto mais alto o valor, mais cara é considerada a ação.
Para efeito de comparação, as ações do Itaú Unibanco são negociadas hoje a um P/L de 15,9 vezes, de acordo com dados da Economatica.
Embora a característica de tecnologia do negócio justifique um múltiplo mais alto para o Banco Inter, nos patamares atuais as chances de as ações continuarem subindo diminuem muito.
Sem falar que a arena dos bancos digitais promete uma concorrência cada vez maior, o que pode eventualmente frear o ritmo de expansão do Inter.